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DANIEL ORTIZ

Fazer novela de sucesso é vender um sonho, diz autor de Haja Coração

Estevam Avelar/TV Globo

Daniel Ortiz em gravação do casamento de Shirlei e Felipe, de Haja Coração, na sexta (4) - Estevam Avelar/TV Globo

Daniel Ortiz em gravação do casamento de Shirlei e Felipe, de Haja Coração, na sexta (4)

DANIEL CASTRO

Publicado em 7/11/2016 - 5h54
Atualizado em 7/11/2016 - 11h45

Quando Sassaricando foi ao ar, em 1987, Daniel Ortiz tinha apenas 15 anos. A novela de Silvio de Abreu o marcou tanto que, quase 30 anos depois, ele resolveu reescrevê-la, agora com o título de Haja Coração. "Fazer Sassaricando foi um sonho de infância, eu tenho ela gravada em fitas VHS, todos os capítulos", revela.

Com medo "triplicado" de decepcionar Abreu, seu mentor e diretor de teledramaturgia diária da Globo, Ortiz encerra sua segunda novela nesta terça-feira (8) com vários fios de cabelos a menos e alguns quilos a mais _e um grande sucesso no currículo. Haja Coração vai terminar com média de 27 pontos no Ibope da Grande São Paulo, empatada com a antecessora, Totalmente Demais, com a qual dividirá o título de maior audiência das 19h dos últimos quatro anos.

Parte desse sucesso se deve a um casal de conto de fadas, o da mocinha manca que perde o sapato e encontra o príncipe encantado, Shirlei (Sabrina Petraglia) e Felipe (Marcos Pitombo). Para Ortiz, Shirlipe, como o casal foi apelidado nas redes sociais, é a "cereja do bolo", porém o triângulo amoroso entre Tancinha (Mariana Ximenes), Apolo (Malvino Salvador) e Beto (João Baldasserini) também foi fundamental. "Eles carregaram a novela nas costas", diz.

Com esses personagens, Ortiz resgatou "o amor verdadeiro", em uma novela assumidamente popular, com um pé na fantasia. "Todo mundo quer agradar a crítica, quer receber elogios, mas a minha intenção é fazer algo para o público. Apostar em vender o sonho, na esperança. As pessoas me escrevem agradecendo por trazer o amor verdadeiro", conta na entrevista exclusiva a seguir.

Estevam avelar/tv globo

Tatá Werneck e Gabriel Godoy: casal Fedora e Leozinho foi pensado para o público infantil

Notícias da TV - Parte da crítica achou Haja Coração um tanto infantil. Você concorda?
Daniel Ortiz - A intenção da novela sempre foi atingir todos os públicos. A gente sempre soube que a Fedora [Tatá Werneck] ia ter um apelo muito grande com as crianças. E teve. A personagem da Tatá é uma unanimidade com as crianças. A novela tem um lado infantil como tem o lado adulto, o lado juvenil.

De repente a crítica vê num dia que era mais específico da Fedora. Mas acho que, no geral, é uma novela para a família. Tinha cenas para todos os públicos.

Com isso a novela conseguiu atingir uma meta alta [de audiência].
É, a novela não caiu [de audiência]. Teve aquelas oscilações normais, de um ponto pra cima, um pra baixo, mas ela não ficou em um mesmo patamar no tempo todo.

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Quem que, na sua opinião, arrasou na novela?
Ah, tanta gente foi bem nessa novela. Mas se eu tenho de destacar uma pessoa é a Mariana Ximenes. Porque ter a coragem de pegar uma Tancinha, um personagem cômico que a Claudia Raia fez maravilhosamente bem 30 anos atrás, sabendo das comparações [que seriam feitas], sabendo que a crítica já ia estar de olho nela no primeiro capítulo, e ela conseguir reinventar a Tancinha, ela conseguir fazer com que ela fosse outra Tancinha.

Mariana Ximenes é perfeccionista, ela estudou muito antes, cada nuance [da personagem], como ela ia falar, gesticular. E hoje, se alguém perguntar de Tancinha, vão lembrar das duas, vão ter como referência as duas Tancinhas.

E quem deixou a desejar?
Difícil, né? Essa foi uma novela que, praticamente, tudo funcionou. Todos os romances funcionaram. Ninguém deixou a desejar. [Essa] não é uma resposta política, não. O sucesso da novela é isso. Olha as torcidas que você tem hoje. Tem nome para todos os casais!

Eu li algumas críticas um tanto negativas para José Loreto e Malvino Salvador...
Não concordo. Se você perceber as nuances que Malvino deu para o Apolo... Acho que foi o melhor trabalho dele na TV. O Loreto é um excelente ator _ele pegou um vilão, e como um vilão não tem como o personagem ser querido. Mas acho que ele fez muito bem [o papel de Adônis].

artur meninea/Gshow

Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo: casal de conto de fadas foi unanimidade com o público

Você disse que todos os casais funcionaram muito bem, mas um casal especial, Shirlipe, funcionou mais?
A Shirlei e o Felipe foram a cereja do bolo. Foi um casal com uma história delicada, clássica. A gente teve a sutileza que a Sabrina [Petraglia] deu para a personagem e realmente fez muito sucesso. Eu acho que eles realmente surpreenderam muito na novela. Eu não acho que eles tenham ofuscado Tancinha, Apolo e Beto. A Sabrina é a grande revelação da novela, e o Marcos Pitombo foi ótimo como Felipe, fez com muita dignidade.

Eles não tiveram mais torcida, não renderam mais que os outros casais? Ou isso é uma impressão que as redes sociais passam?
Foram os queridinhos das redes sociais. Eles foram unanimidade. A Tancinha já tem uma torcida metade pelo Beto e metade pelo Apolo. Eles [Shirlei e Felipe] agradaram todos os públicos, uma história que todos gostavam de assistir. A Sabrina arrebentou e tem muita gente que comenta que ela é a Regina Duarte jovem, com aquele ar da Regina Duarte jovem.

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As redes sociais interferiram nos desdobramentos da trama?
As redes sociais foram fundamentais para o sucesso da novela. Eram torcidas para todos os casais. Mas as redes sociais não interferem, elas incentivam. Você percebe o que eles [internautas] gostam e não gostam.

Isso não acaba te influenciando?
Ah, quando você sente que alguma coisa tá funcionando, como no caso Shirlipe, você acaba dando maior destaque, né? Por exemplo, quando eu senti o sucesso todo percebi que esse casal precisa de um casamento de conto de fadas. E eles vão ter um no penúltimo capítulo.

Foram as redes sociais que te mostraram que Shirlipe era um caso a ser melhor explorado?
O casal Shirlipe começou lá pelo capítulo 30, mas eles só foram se reencontrar no capítulo 40, 44, alguma coisa assim. A novela já estava estabelecida. Quando fomos para o grupo de discussão, que foi no capítulo 31, o Felipe tinha aparecido só em uma cena, mas o público já gostava muito da Shirlei, era um personagem muito querido. A história até o capítulo 36 era ela e o Adonis, e eles já torciam muito pela Shirlei.

O Twitter é parte do nosso público, mas não é um retrato do público inteiro. É uma parte importante.

divulgação/tv globo

Malvino Salvador, Mariana Ximenes e João Baldasserini: com quem Tancinha vai ficar?

Qual foi a maior dificuldade para transpor um original dos anos 1980 para 2016?
Até que não foi tanta não, viu? A história de Sassaricando poderia acontecer hoje. Essa [Haja Coração] é uma novela de fantasia, até o sucesso do Shirlipe é um pouco de conto de fadas. É uma novela popular, com romances.

Não ficou um pouco anacrônico uma personagem como Tancinha numa época em que todo mundo tem acesso à informação pela tecnologia?
Tinha esse risco. A gente foi moldando a Tancinha de uma maneira que os erros [gramaticais] que ela fizesse fossem justificáveis e pudessem acontecer no dia a dia. Muita gente erra concordância. A Tancinha do original falava mais errado ainda. A gente foi provando com a Mariana, como o público sentia.

A Tancinha que a gente fez é mais moderna. Naquela época, nos anos 1980, as mulheres eram retratadas como donas de casa, e agora ela [Tancinha] tem uma profissão. Na atual versão, Tancinha foi atrás, ela tentou melhorar o português, ela fez curso de balé, montou uma cantina e vai terminar a novela com várias cantinas. Então, houve uma modernização da Tancinha. A gente deixou alguns errinhos [na personagem] como uma homenagem, para dar aquele toque saudosista.

Você faria alguma coisa diferente se pudesse recomeçar a novela?
Eu acho que não. Tudo se encaixa no final de uma maneira.

Você estreou com uma sinopse de outra autora, Andrea Maltarolli (1962-2009), e agora fez uma adaptação de Silvio de Abreu. Sua próxima novela será um argumento original seu?
Acho que sim. Fazer Sassaricando foi um sonho de infância, eu tenho ela gravada em fitas VHS, todos os capítulos. Quando acabou Alto Astral e surgiu a oportunidade de fazer outra novela, arrisquei e fiz esse palpite para o Silvio [de Abreu].

DIVULGAÇÃo

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Ao final de Alto Astral você disse ter medo de decepcionar Silvio de Abreu. E agora que você trabalhou sobre um texto dele?
O medo triplicou! (risos). Até perdi cabelo durante a novela, fazendo tratamento. Ter o privilégio de refazer uma novela do Silvio, dos anos 1980, um clássico, mexer na Tancinha, que é um xodó do Silvio, é muita responsabilidade. Eu só fui me tocar dessa responsabilidade quando comecei a escrever os capítulos.

Ele te devolvia os capítulos com alguma observação?
Ele leu o primeiro mês, me dava observações. Ele é muito fofo.

Na novela anterior você engordou. Nesta também?
Ah, engordei uns cinco quilos.

Existe uma fórmula para fazer novelas de sucesso às 19h?
É apostar na emoção, não ser muito pretensioso. Nas duas novelas eu entrei com o máximo de humildade possível: 'Vou fazer uma historinha bonita, com emoção, não querendo inventar a roda. Quero fazer algo para que o público se divirta, que se envolva, que se emocione'. Todo mundo quer agradar a crítica, quer receber elogios, mas a minha intenção é fazer algo para o público, uma novela popular. Apostar em vender o sonho, na esperança. As pessoas me escrevem agradecendo por trazer o amor verdadeiro de novela.

Por falar em amor verdadeiro, não está um pouco encaminhado para a Tancinha terminar com o Apolo?
Olha, não sei! (risos). Tudo pode acontecer. Eu mesmo já mudei de ideia, nas últimas semanas, umas duas três vezes. A gente fez dois finais bons.


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