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A LUA ME DISSE

Com índia maltratada e denúncia de racismo, novela da Globo virou caso de Justiça

Reprodução/TV Globo

Índia (Bumba) vestida de empregada, enquanto Adail (Bia Nunnes) e Adalgisa (Stella Miranda) riem

A personagem Índia (Bumba) era frequentemente maltratada por Adail (Bia Nunnes) e Adalgisa (Stella Miranda)

REDAÇÃO

Publicado em 19/4/2020 - 5h51

A Lua Me Disse, novela que estreava há exatos 15 anos na Globo, foi criada por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa para ser uma comédia romântica com ares de chanchada, mas alguns detalhes da trama não foram engraçados para parte do público. Uma personagem indígena era constantemente maltratada e humilhada em suas cenas, o que gerou para a Globo denúncias de racismo e um problema com a Justiça.

A personagem era simplesmente chamada de Índia, interpretada pela atriz paraense Bumba. Empregada na casa de Ademilde (Arlete Salles), era constantemente alvo de desprezo e ofensas, tratada como um ser inferior e incapaz pelas irmãs maldosas Adail (Bia Nunnes) e Adalgisa (Stella Miranda).

Para grupos defensores da causa indígena, a representação da personagem reforçava estereótipos negativos e ultrapassados em relação a essa população.

"Ela é tratada de forma exótica, como se fosse um bicho. Ela é muito maltratada. E isso acaba sendo multiplicado, pois a TV tem uma grande capacidade de difundir imagens sintéticas nas mentes das pessoas. Esse não é o papel da televisão", disse à Folha de S.Paulo em julho de 2005 o antropólogo Aloir Pacini, da Universidade Federal de Mato Grosso.

Por considerar que a novela desrespeitava a causa indígena, um grupo de entidades defensoras dos direitos dos índios enviou, também em julho de 2005, uma nota de repúdio ao Congresso Nacional, à Rede Globo e à Secretaria Nacional da Identidade e da Diversidade Cultural.

No fim daquele mês, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro recomendou à Globo que não fossem mais exibidas cenas em que a personagem Índia aparecesse em situações constrangedoras ou degradantes.

Racismo e homofobia

Além dos defensores dos índios, militantes do movimento negro e das causas LGBTQ+ também boicotaram a novela por enxergarem racismo e homofobia em alguns diálogos.

As personagens Latoya (Zezeh Barbosa) e Whitney (Mary Sheila) tinham mania de grandeza e rejeitavam suas origens, inclusive o fato de serem negras. Parte dos telespectadores acusou essa trama de estímulo ao preconceito.

O autor Miguel Falabella também foi criticado pelas falas homofóbicas direcionadas a personagens da novela, como a expressão "baitola", e também por reforçar estereótipos em relação aos gays.

De acordo com o UOL, em julho de 2005 uma ONG chamada Grupo Gay da Bahia ameaçou processar Falabella pelo desserviço e o premiou com um troféu Pau de Sebo, entregue a pessoas consideradas opositoras do movimento homossexual.


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