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MEU PEDACINHO DE CHÃO

Autor disfarçou remake na Globo para lavar alma: 'Dizer o que a censura não deixava'

REPRODUÇÃO/GSHOW

Benedito Ruy Barbosa com expressão séria e usando óculos de grau e uma camiseta branca

Benedito Ruy Barbosa em entrevista ao Gshow sobre a novela Meu Pedacinho de Chão (2014)

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 7/4/2023 - 6h30

Há nove anos, a segunda versão de Meu Pedacinho de Chão (2014) estreava na faixa das seis da Globo com ares de conto de fadas. Apesar de ter dado o mesmo nome da novela exibida em 1971, Benedito Ruy Barbosa deixou claro que a trama não seria um remake.

"Eu pensei em fazer um remake, mas, quando eu estava começando a trabalhar, pensei assim: é uma oportunidade de eu dizer as coisas que a Censura não deixava", explicou o autor.

"Pude começar a falar de política, de saúde, de educação. Essa novela não tem nada da outra, só os nomes dos personagens e das localidades", completou o novelista em entrevista ao Gshow na época do lançamento da trama.

Em depoimento ao site Memória Globo, Ruy Barbosa falou sobre as interferências da Censura na novela original: "Escrevi uma cena em que o personagem tocava violão e cantava as músicas caipiras num cenário que era uma venda de beira de estrada que ficava colada à escola".

"Nesse cenário, ele começava a ensinar os caboclos a cantar o Hino Nacional. Depois, o caboclo cantava na escola, com a bandeira do Brasil colocada sob a mesa. Defendia um tipo de nacionalismo diferente desse que anda por aí, uma coisa 'prepara o homem'."

A Censura cortou as cenas, porque disse que o Hino Nacional não podia ser cantado num ambiente daquele. E mandaram tirar a bandeira da mesa, porque a bandeira nacional é proibida em cenas que não fossem especiais. Isso me deixou indignado, foi a primeira vez... Eu briguei com a Censura e consegui liberar as cenas. Ficou lindo.

A primeira versão do folhetim teve uma espécie de continuação: Voltei pra Você (1983), novela na qual foi mostrada a fase adulta dos personagens Pituca (Cristina Mullins) e Serelepe (Paulo Castelli). Na história original, eles apareciam ainda na infância e eram vividos por Patrícia Aires e Ayres Pinto.

Já a versão de 2014 de Meu Pedacinho de Chão deixou para trás o realismo e entrou no clima de conto de fadas, usando o universo infantil para retratar a vida do homem do campo. A trama girava em torno das desavenças entre Epaminondas Napoleão (Osmar Prado), um homem avesso ao progresso, e Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi), adepto da modernidade.

Na época, Meu Pedacinho de Chão terminou com a pior audiência de último capítulo de uma novela das seis da história: 19,1 pontos. No entanto, a marca negativa foi superada por Nos Tempos do Imperador (2021), que chegou ao fim com apenas 17,6 pontos.


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