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PATRÍCIA AIRES

Atriz mirim chorava de verdade com pai malvado em novela: 'Ameaçava me bater'

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Montagem com cenas em preto e branco de Patrícia Aires no primeiro capítulo da novela Meu Pedacinho de Chão (1971)

Patrícia Aires como Pituquinha no primeiro capítulo da novela Meu Pedacinho de Chão (1971)

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 6/5/2023 - 6h35

Aos oito anos, Patrícia Aires chamou a atenção do público como a menina Pituquinha na primeira versão de Meu Pedacinho de Chão (1971), que terminava na Globo há 51 anos. A novela de Benedito Ruy Barbosa foi a primeira exibida na faixa das seis, mas não deixou boas lembranças na atriz mirim.

A menina sentia medo do ator Castro Gonzaga (1918-2007), responsável por viver o pai da protagonista mirim na trama.

"Chorei muito na época porque o ator que fazia o Epaminondas tinha a voz muito grossa. As mãos dele eram grandes, e ele ameaçava me bater. Morria de medo e chorava de verdade, mesmo depois que a cena acabava. Todos me agradavam demais, mas eu ficava muito assustada!", revelou Patrícia em entrevista ao UOL em 2014.

"Naquele tempo não tinha muita criança na TV, aí eu apareci loirinha, fofa e foram vários convites. Mas eu tinha medo de tudo. Me assustei várias vezes durante as cenas", afirmou ela à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo.

Traumatizada, a atriz mirim pediu para deixar a carreira artística depois do final da novela e nunca mais voltou aos holofotes. Formou-se chef de cozinha e passou a trabalhar nutrição funcional.

Meu Pedacinho de Chão foi uma coprodução entre a Globo do Rio de Janeiro e a TV Cultura de São Paulo. O folhetim era exibido pelas duas emissoras simultaneamente.

Benedito Ruy Barbosa explicou que o objetivo da história era educar o morador do campo: "A proposta foi mostrar o problema do homem do campo, ensiná-lo sobre as doenças, levá-lo para uma sala de aula, dar-lhe melhores condições de higiene e, ao mesmo tempo, mostrar o interesse das classes patronais pelo camponês analfabeto, sem questionar nunca sua miséria e seus problemas".

"Como esse foi o período de desenvolvimento do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), eu tentei ajudar esse projeto de ensino no qual, na época, eu acreditava", completou o escritor. 

A novela teve um remake na Globo em 2014. O autor usou a segunda versão da história para dizer tudo aquilo que havia sido censurado em 1971.


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