RAMIRO
Reprodução/TV Globo
O ator Amaury Lorenzo caiu nas graças do público na pele do Ramiro de Terra e Paixão
IGRAÍNNE MARQUES, do Rio de Janeiro
Publicado em 29/8/2023 - 6h35
Amaury Lorenzo, que tem feito sucesso na pele do Ramiro de Terra e Paixão, expõe o segredo para cair no gosto popular: seu amor pelo trabalho na arte da interpretação. O ator explica que se dedica ao máximo para que o público continue torcendo pela redenção do personagem e para que o romance entre ele e Kelvin (Diego Martins) enfim vingue na trama das nove.
"Eu faço gostoso o trabalho de interpretação de ator. É algo a que me dedico. Sou ator aqui [na Globo] por isso. Outras questões são consequências de todo o meu trabalho de ator, de todas as dificuldades que eu já passei, de todas as vezes em que eu tive que caminhar duas ou três horas para chegar a um teatro, porque eu não tinha condições financeiras para chegar [de outro modo]. Então eu faço gostoso o trabalho da atuação que é meu ganha pão", avalia.
O ator lembra que, todos os dias, recebe mensagens nas redes sociais ou é parado na rua para ser parabenizado pelo trabalho. "O que o público mais sugere é que eu tenho que dar o primeiro passo, dar um 'sacode' no Kelvinho. [Ramiro] Tem que pegar ele, jogar para cima, para baixo. O ponto é que eu torço para que esse casal aconteça, de alguma maneira", reforça.
Cheio dos bordões, o papel de Lorenzo na trama ganhou um respiro por causa do envolvimento do personagem com Kelvin, na opinião do ator. Segundo ele, se Ramiro fosse apenas um assassino, o público pediria para que o autor da trama, Walcyr Carrasco, o matasse.
Ele é assassino, mas é um assassino que mata para botar comida na mesa. Ele precisa sobreviver. É um Brasil profundo. Ele não tem escolaridade, não conhece outra realidade. Ele vai lá e executa a troco de dinheiro. Mas, com a relação com o Kelvin, vai percebendo que isso não é o sentido total da vida. Acho que é com isso que o público se identifica, porque começa a ver uma redenção nesse personagem.
Lorenzo compara a índole de Ramiro --que já matou muita gente na novela-- com um relacionamento. Para ele, é necessário equilibrar, inovar, justamente para que a história fuja do óbvio. E isso foi feito transformando o personagem em um matador apaixonado.
"Quando o público espera que ele seja apenas um assassino, eu puxo o tapete: 'Olha esse cara carente, precisando de afeto'. E isso, para mim, é muito grande, dilata. Parece que você amplia o trabalho e fica mais rico. É como um relacionamento. Você tem que viajar, fazer amor gostoso na cama, depois na praia, tem que diversificar. Então o personagem precisa ser diversificado."
Apesar da torcida do público, Ramiro e Kelvin ainda não se envolveram. A expectativa, no entanto, é para que a emoção vá além do beijo e siga para a cama, como acontece com casais héteros na teledramaturgia. Lorenzo lembra que é necessário abordar o tema com responsabilidade e que, dentro do que consegue, ele e Diego Martins vêm tentando furar a bolha.
O Ramiro, a gente ainda não consegue definir, mas sabe que ele tem um interesse vivo e sexual. E isso assusta. A gente está no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Isso é importante, a gente tem consciência disso. E de repente são personagens tão queridos. O que está havendo? A minha resposta é amor. Inevitavelmente, a gente discute isso antes de fazer as cenas. Todo o cuidado é necessário.
"Diego e eu vamos tentando furar a bolha. Mas existe um tempo na sociedade, e nós não vamos ser ingênuos. O que posso dizer de mim, enquanto ator, é que sempre que eu percebo a possibilidade de avançar um pouco com relação a isso, eu vou avançando", conta.
Terra e Paixão é escrita por Walcyr Carrasco e Thelma Guedes e ambientada na fictícia cidade de Nova Primavera, em Mato Grosso do Sul. A trama ficará no ar até janeiro do ano que vem, quando deve ser substituída pelo remake de Renascer (1993).
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