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Com nova política de compartilhamento de senhas, Netflix quer estancar a perda de assinantes
Em janeiro deste ano, a Netflix pegou seus assinantes de surpresa ao anunciar medidas para dificultar o compartilhamento de senhas --ou seja, pessoas que moram em casas diferentes, mas dividem a mesma conta. O motivo para a mudança de comportamento ficou mais claro na última terça (19): os adeptos dessa prática correspondem a quase metade dos usuários da plataforma.
Na carta que envia aos seus acionistas com o resultado de cada trimestre, a gigante do streaming estimou que pelo menos 100 milhões de domicílios no mundo todo acessam o serviço com senhas de terceiros.
Como atualmente a plataforma soma 221,6 milhões de assinantes, cerca de 45% deles emprestam suas contas para pessoas com quem não dividem uma casa --o que é proibido nos termos de serviço da Netflix.
A mensagem aos acionistas também informa que, nos Estados Unidos e no Canadá, cerca de 30 milhões de clientes (dos 74,5 milhões com assinaturas ativas) compartilham sua senha com alguém fora do lar --o que corresponde a 40% do total na região. Os índices são similares em outros continentes.
De acordo com a plataforma, as porcentagens de quem "empresta" a Netflix para amigos ou parentes têm sido as mesmas ao longo dos anos. Porém, conforme a base de assinantes cresce, o número dos "generosos" também aumenta. E, por consequência, o mercado de possíveis clientes diminui.
Em um momento no qual a Netflix perdeu 200 mil domicílios no primeiro trimestre de 2022 e prevê diminuir mais 2 milhões até junho, qualquer maneira de recuperar assinantes é válida --mesmo que isso signifique correr o risco de alienar alguns clientes.
Para virar o jogo, a plataforma falou abertamente sobre a possibilidade de monetizar o compartilhamento de senhas. Em três países da América Latina, isso já está sendo testado: o cliente que deseja "emprestar" sua conta para um amigo precisa pagar um adicional. No Chile, o valor é de 2.380 pesos (R$ 13,55). Na Costa Rica, US$ 2,99 (R$ 13,95). No Peru, 7,9 novos sóis (R$ 9,94).
"Essa é uma grande oportunidade [de crescer], pois essas casas já estão assistindo à Netflix e gostando do nosso serviço. Compartilhar nos ajudou a crescer e a atrair mais gente para usar a plataforma. E nós sempre tentamos deixar fácil dividir sua conta com alguém da mesma casa, com a criação de perfis diferentes e telas simultâneas", aponta a carta aos acionistas.
"Apesar de essas ferramentas serem muito populares, elas criaram confusão sobre quando e como a Netflix pode ser compartilhada com outras casas. Então, começamos a testar diferentes maneiras de permitir isso. Não vamos poder monetizar tudo agora, mas acreditamos ser uma oportunidade de curto a médio prazo de crescer."
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