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COLUNA DE MÍDIA

Cresce risco para crianças em redes sociais, e jovens acham normal mandar nudes

Reprodução/Pixabay

Crianças correm no campo em foto de banco de imagens

Plataformas sociais não protegem crianças de predadores, aponta novo estudo

GUILHERME RAVACHE

ravache@proton.me

Publicado em 13/5/2021 - 18h01

Um novo relatório da Thorn, organização sem fins lucrativos que desenvolve tecnologias para defender crianças de abuso sexual, identificou falhas preocupantes em plataformas como Facebook, YouTube, TikTok e Snapchat para manter as crianças seguras. Também apontou que jovens acham algo normal mandar fotos sensuais para outros.

"A pesquisa está sugerindo cada vez mais que compartilhar 'nudes' está se tornando um comportamento comum entre os jovens. O relatório SG-CSAM do Thorn de 2019 descobriu que aproximadamente 40% dos adolescentes acreditavam que era 'normal que pessoas da minha idade compartilhassem nus' e um estudo comparativo de 2020 sugere que esse comportamento está aumentando", afirmou a organização.

A pesquisa foi realizada com mil participantes com idades entre nove e 17 anos, e o relatório foi divulgado com exclusividade pela newsletter Platformer.

De acordo com as empresas de tecnologia que desenvolvem as plataformas sociais, as crianças não deveriam usar a maioria dos aplicativos sem a supervisão de um adulto antes de completarem 13 anos. Mas, na prática, a maioria utiliza esses apps sem a companhia de responsáveis. E, mesmo quando os jovens bloqueiam e denunciam agressores e predadores, a maioria diz que é contatada novamente pelos mesmos malfeitores, seja por meio de novas contas ou plataformas sociais separadas.

As crianças estão usando grandes plataformas muito antes de completarem 13 anos: 45% das crianças de nove a 12 anos dizem usar o Facebook diariamente; 40% usam Instagram; 40% usam o Snapchat; 41% usam TikTok; e 78% usam o YouTube.

As plataformas com o maior número de menores relatando riscos potenciais foram Snapchat (26%), Instagram (26%), YouTube (19%), TikTok (18%) e Messenger (18%). As plataformas em que a maioria dos menores disse ter uma interação sexual online foram Snapchat (16%), Instagram (16%), Messenger (11%) e Facebook (10%).

O levantamento foi feito nos Estados Unidos, com usuários norte-americanos, mas tudo indica que o comportamento ocorra globalmente, uma vez que as plataformas são as mesmas no mundo todo e os usuários mal intencionados estão em qualquer lugar --particularmente na internet, onde não há fronteiras e o anonimato digital se torna uma defesa para os bandidos.

Segundo uma jovem de 17 anos que participou da pesquisa, uma das razões para omitir o que acontece na internet é o desconhecimento dos pais sobre o ambiente online. "Eu confio nos meus pais, mas às vezes não confio neles dessa forma porque eles não têm muita experiência em mídia social e outras coisas. Eles sabem disso, mas não têm experiência pessoal."

Entre as conclusões da pesquisa, alguns destaques:

  • As crianças relatam ter interações sexuais online em altas taxas --tanto com seus colegas quanto com pessoas que acreditam ser os adultos: 25% das crianças de nove a 17 anos relataram ter tido uma interação sexualmente explícita com alguém que pensavam ter 18 anos ou mais, em comparação com 23% dos participantes que tiveram uma experiência semelhante com alguém que acreditavam ser menor de idade.
  • As crianças têm mais do que o dobro de probabilidade de usar ferramentas de bloqueio e denúncia de plataforma do que de contar aos pais e outros cuidadores sobre o que aconteceu: 83% das crianças de nove a 17 anos que relataram ter uma interação sexual online reagiram com denúncias, bloqueio, ou silenciaram o agressor, enquanto apenas 37% disseram ter contado a um dos pais, adulto de confiança ou colega.
  • A maioria das crianças que bloqueiam ou denunciam outros usuários afirma que esses mesmos os encontram rapidamente online: mais da metade das crianças que bloquearam alguém disseram que foram contatadas novamente pela mesma pessoa, seja por meio de uma nova conta ou de uma plataforma diferente. Isso era verdade tanto para as pessoas que as crianças conheciam na vida real (54%) quanto para as que conheceram apenas online (51%).
  • Crianças que se identificam como LGBTQ+ experimentam todos esses danos em taxas mais altas do que seus pares heterossexuais: 57% dos jovens que se identificam como LGBTQ+ disseram que tiveram experiências potencialmente prejudiciais online, em comparação com 46% dos jovens não LGBTQ +. Eles também tiveram interações sexuais online em taxas muito mais altas do que seus pares.

Essa semana, 44 procuradores-gerais nos Estados escreveram uma carta ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, insistindo para que a empresa abandonasse seu plano de criar uma versão do Instagram para crianças menores de 13 anos.

Um dos grandes problemas apontados pela pesquisa é que, como essas plataformas não são pensadas para serem usadas por crianças menores de 13 anos, também não têm mecanismos de defesa eficientes para essa audiência.

"Embora os menores digam que estão confiantes em sua capacidade de usar as ferramentas de relatórios da plataforma para atender às suas preocupações, quando recebem uma série de opções comumente disponíveis nos menus de relatórios, muitos indicaram que nenhuma das opções se adequa à situação", afirma o relatório Thorn. "Quase um quarto disse que 'não acha que nenhuma dessas escolhas se encaixe na situação' de serem solicitados (nudes autogerados) por alguém que eles acreditam ser um adulto (23%) ou alguém que eles acreditam ter menos de 18 anos (24%)."

Em um momento em que cresce o escrutínio global sobre as empresas de tecnologia, o relatório deve aumentar a pressão de governos e órgãos reguladores. Além do risco regulatório e o dano às marcas, existe um risco financeiro para as plataformas. Nenhum anunciante quer ser percebido como apoiador da exploração infantil, mesmo que indiretamente. 


Esse texto é argumentativo e não expressa necessariamente a opinião do Notícias da TV.


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