COLUNA DE MÍDIA
Reprodução/Pixabay
Plataformas sociais não protegem crianças de predadores, aponta novo estudo
Um novo relatório da Thorn, organização sem fins lucrativos que desenvolve tecnologias para defender crianças de abuso sexual, identificou falhas preocupantes em plataformas como Facebook, YouTube, TikTok e Snapchat para manter as crianças seguras. Também apontou que jovens acham algo normal mandar fotos sensuais para outros.
"A pesquisa está sugerindo cada vez mais que compartilhar 'nudes' está se tornando um comportamento comum entre os jovens. O relatório SG-CSAM do Thorn de 2019 descobriu que aproximadamente 40% dos adolescentes acreditavam que era 'normal que pessoas da minha idade compartilhassem nus' e um estudo comparativo de 2020 sugere que esse comportamento está aumentando", afirmou a organização.
A pesquisa foi realizada com mil participantes com idades entre nove e 17 anos, e o relatório foi divulgado com exclusividade pela newsletter Platformer.
De acordo com as empresas de tecnologia que desenvolvem as plataformas sociais, as crianças não deveriam usar a maioria dos aplicativos sem a supervisão de um adulto antes de completarem 13 anos. Mas, na prática, a maioria utiliza esses apps sem a companhia de responsáveis. E, mesmo quando os jovens bloqueiam e denunciam agressores e predadores, a maioria diz que é contatada novamente pelos mesmos malfeitores, seja por meio de novas contas ou plataformas sociais separadas.
As crianças estão usando grandes plataformas muito antes de completarem 13 anos: 45% das crianças de nove a 12 anos dizem usar o Facebook diariamente; 40% usam Instagram; 40% usam o Snapchat; 41% usam TikTok; e 78% usam o YouTube.
As plataformas com o maior número de menores relatando riscos potenciais foram Snapchat (26%), Instagram (26%), YouTube (19%), TikTok (18%) e Messenger (18%). As plataformas em que a maioria dos menores disse ter uma interação sexual online foram Snapchat (16%), Instagram (16%), Messenger (11%) e Facebook (10%).
O levantamento foi feito nos Estados Unidos, com usuários norte-americanos, mas tudo indica que o comportamento ocorra globalmente, uma vez que as plataformas são as mesmas no mundo todo e os usuários mal intencionados estão em qualquer lugar --particularmente na internet, onde não há fronteiras e o anonimato digital se torna uma defesa para os bandidos.
Segundo uma jovem de 17 anos que participou da pesquisa, uma das razões para omitir o que acontece na internet é o desconhecimento dos pais sobre o ambiente online. "Eu confio nos meus pais, mas às vezes não confio neles dessa forma porque eles não têm muita experiência em mídia social e outras coisas. Eles sabem disso, mas não têm experiência pessoal."
Essa semana, 44 procuradores-gerais nos Estados escreveram uma carta ao CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, insistindo para que a empresa abandonasse seu plano de criar uma versão do Instagram para crianças menores de 13 anos.
Um dos grandes problemas apontados pela pesquisa é que, como essas plataformas não são pensadas para serem usadas por crianças menores de 13 anos, também não têm mecanismos de defesa eficientes para essa audiência.
"Embora os menores digam que estão confiantes em sua capacidade de usar as ferramentas de relatórios da plataforma para atender às suas preocupações, quando recebem uma série de opções comumente disponíveis nos menus de relatórios, muitos indicaram que nenhuma das opções se adequa à situação", afirma o relatório Thorn. "Quase um quarto disse que 'não acha que nenhuma dessas escolhas se encaixe na situação' de serem solicitados (nudes autogerados) por alguém que eles acreditam ser um adulto (23%) ou alguém que eles acreditam ter menos de 18 anos (24%)."
Em um momento em que cresce o escrutínio global sobre as empresas de tecnologia, o relatório deve aumentar a pressão de governos e órgãos reguladores. Além do risco regulatório e o dano às marcas, existe um risco financeiro para as plataformas. Nenhum anunciante quer ser percebido como apoiador da exploração infantil, mesmo que indiretamente.
Esse texto é argumentativo e não expressa necessariamente a opinião do Notícias da TV.
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