Reação à vista
Divulgação/ABTA
Oscar Simões, presidente-executivo da ABTA, durante apresentação de pesquisa, ontem (21)
DANIEL CASTRO
Publicado em 22/6/2016 - 6h56
"Nós acreditamos que o fundo do poço está próximo". A frase, de Oscar Simões, presidente-executivo da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), parece apocalíptica, mas, na verdade, ela tem um tom otimista. Após um ano e meio perdendo assinantes, a TV paga vislumbra um momento em que a sangria vai parar. "Acreditamos que em julho já vai haver uma estabilização. Não é nada espetacular, mas vai permitir uma retomada assim que as condições econômicas do país permitirem, corrige Simões.
É nesse clima que a ABTA realiza na semana que vem, em São Paulo, sua 24ª feira e congressos, naquele que é o maior evento de televisão do país. O mercado, que previa fechar 2014 com 20 milhões de assinantes, começou a perder clientes em novembro daquele ano. No último mês de abril, tinha 18,910 milhões de assinantes.
O setor se esforça para demonstrar que a situação não é tão crítica. Nos últimos 12 meses, retraiu 4,3%, menos do que a média da economia brasileira _o PIB caiu 5,75%. Além disso, comemora recorde de audiência. Pela primeira vez, no primeiro trimestre deste ano, os canais fechados atingiram a marca de 2,2 milhões de telespectadores sintonizados ao mesmo tempo, graças, em parte, à crise política e o impeachment de Dilma Rousseff.
O fantasma da Netflix já não assusta tanto, até porque a banda larga é sofrível em quase todo o país. A crise econômica, aparentemente, é a única vilã da queda da TV por assinatura. Tanto que as operadoras de TV a cabo, que atingem um público mais abastado e oferecem banda larga de qualidade, ganharam quase 200 mil novos clientes nos últimos 12 meses. A sangria de assinantes está no DTH, o serviço oferecido via satélite, forte nas periferias e no interior do país. Operadoras como Sky e Claro perderam 1,1 milhão de clientes em um ano.
Uma pesquisa feita sob encomenda da ABTA explica o porquê de a TV assinatura viver uma crise menor do que o país. O estudo, que ouviu 500 pessoas das classes B2 e C, conclui que a TV paga é uma das principais fontes de lazer para 74% dos brasileiros. Ou seja, o assinante já não se desfaz tão fácil do serviço. Primeiro, porque boa parte dos usuários compra um pacote que inclui também internet e telefone. Segundo, porque uma ida ao cinema de uma família de quatro pessoas custa o mesmo que um bom pacote mensal de TV paga. Na crise, as famílias tendem a ficar mais tempo em casa.
"É falsa a ideia de que a TV por assinatura é supérflua, que é a primeira coisa que as pessoas cortam quando enfrentam uma crise. Se fosse, a queda de assinantes seria muito maior", afirma Oscar Simões.
Feira da ABTA
Pirataria e Netfllix continuarão na pauta da ABTA em seu congresso de 2016, mas sem a força dos últimos anos. Diferentemente de 2014 e 2015, não será divulgado nenhum estudo sobre o tamanho da pirataria no país _no ano passado, estimava-se em 4,5 milhões de ligações clandestinas, o que colocaria a imaginária Gatonet como a "terceira maior operadora" do país, atrás de Net e Sky.
O congresso vai discutir as vantagens do serviço de TV por assinatura sobre as OTTs (over-the-top), como são chamadas as operações de vídeo por streaming. Os agentes do setor continuam exigindo isonomia (querem que a Netflix pague os mesmos impostos e cumpra as mesmas cotas de conteúdo nacional), mas o serviço via streaming já não está sendo visto como um potencial ladrão de assinantes.
Grandes eventos ao vivo, como os Jogos do Rio de Janeiro, são uma grande vantagem da TV por assinatura. A Olimpíada, então, será celebrada na ABTA. Um dos marcos da programação será uma versão fechada Bem, Amigos, em que o apresentador Luiz Carlos Jr., do Sportv, entrevistará os ex-atletas Flavio Canto e Nalbert. Haverá também um Momento Olímpico, com Virna e Marcelo Negrão, heróis do vôlei nacional, falando sobre suas carreiras para Elia Jr., da BandSports.
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