FORA DA TV PAGA
Lourival Ribeiro/SBT
Silvio Santos, incentivador da guerra com a TV paga, distribui dinheiro em seu programa
DANIEL CASTRO
Publicado em 25/5/2017 - 6h21
Empresa criada pela Record, SBT e RedeTV! para vender seus sinais digitais à TV paga, a Simba mudou sua estratégia comercial nesta semana. Após o fiasco da guerra deflagrada em março, quando as três redes cortaram seus sinais das principais operadoras, a Simba agora está oferecendo um "desconto" de 90% no preço que pedia há dois meses.
Contratado para substituir o banqueiro Marco Gonçalves nas negociações com as operadoras, o ex-presidente da Sky Ricardo Miranda está sugerindo a cobrança de um valor próximo a R$ 1,50 por assinante pelo pacote com as três redes.
A proposta, que ainda não foi formalizada, equivale a 10% do que a Simba queria em abril, R$ 15,00 por assinante, custo semelhante ao de pacotes premium, como HBO e Telecine.
Apesar da pechincha, R$ 1,50 ainda é um valor caro para as operadoras. Se aplicado a toda a base de assinantes do país, significaria um custo extra de R$ 28,5 milhões por mês, ou R$ 342 milhões a menos nos balanços anuais.
É algo muito representativo para uma indústria que nunca pagou para distribuir emissoras abertas (em alguns casos, até cobra), cujos sinais podem ser captados por quaisquer antenas. Além disso, é um custo que não podem repassar ao assinante. As operadoras já sinalizaram que aceitam pagar apenas alguns centavos pelas três redes.
Com a contratação de Ricardo Miranda, a Simba adotou um discurso mais conciliatório. Deixou de lado a estratégia belicosa representada na figura de Marco Gonçalves, um especialista em fusões e aquisições com fama de negociador duro, implacável.
A estratégia de partir para o confronto com a TV paga, avaliam executivos de Record, SBT e RedeTV!, foi um tiro no pé --de canhão. As emissoras perderam até 30% da audiência na Grande São Paulo, principal mercado do país, enquanto as operadoras tiveram baixas irrelevantes na base assinantes.
As redes já recuperaram parte da audiência perdida, mas ainda enfrentam resistência no mercado publicitário, que quer os telespectadores mais qualificados da TV paga. Mais afetada, a Record perdeu a liderança no Ibope em programas como o Balanço Geral e a vice-liderança em sua principal faixa de novelas, a das bíblicas.
Ricardo Miranda está sendo visto pelas operadoras como um bom interlocutor. Como é um profissional que conhece o mercado, não está propondo "invencionices". Está oferecendo apenas os sinais da Record, SBT e RedeTV!, e não de canais que a Simba promete criar no futuro.
Após tomar um choque de realidade, a Simba está acenando com uma proposta mais realista.
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