Série vira filme
Fotos: Divulgação/All American TV
As atrizes Yasmine Bleeth (à esq.), Pamela Anderson e Alexandra Paul na série Baywatch
JOÃO DA PAZ
Publicado em 25/5/2017 - 6h12
Nesta quinta-feira (25), estreia nos Estados Unidos o filme Baywatch, baseado na série homônima exibida entre 1989 e 2001. Conhecida mais pelos corpos sarados dos protagonistas do que pela trama dos personagens, a atração tinha como marca registrada as corridas em câmera lenta dos salva-vidas nas praias da Califórnia.
O forte apelo sexual da produção se estendia aos bastidores, marcados por muita pegação. Há relatos de que atores transavam nos trailers que serviam de camarins. Havia também muita vigilância para mantê-los em forma.
Quem entrava na série assinava um termo no qual se comprometia a não ganhar peso. Em entrevista para a revista Esquire, a magérrima atriz Alexandra Paul revelou que esse pedido era feito tanto para as atrizes quanto para os atores.
A fiscalização era ferrenha. Yasmine Bleeth foi alvo de uma brincadeira que, nos dias de hoje, seria considerada bullying: produtores flagraram a atriz comendo doces e salgadinhos e imprimiram uma foto gigante para colocar no set, com a legenda: "Por favor, afaste essa garota dos doces". Antes mesmo desse acontecimento, Yasmine já era apelida de Junk Food Girl (uma pessoa que só come besteiras, sem alimentos considerados saudáveis).
A neura pelo corpo perfeito se justificava porque a série dependia essencialmente de um look impecável dos atores: mulheres com maiô cavado e homens sem camisa. Visual que só aumentava o apetite sexual do elenco.
"Eu aprendi uma lição logo nos meus primeiros dias de filmagem: se o trailer estiver balançando, não bata na porta!", contou a atriz Gena Lee Nolin, rindo, em uma reportagem para o canal britânico ITV. O sexo era rotineiro e sem segredos. "Eu acho que transei com todos [os homens], pelo menos uma vez", chegou a dizer Pamela Anderson, principal estrela da série, em conversa com o também britânico Channel 5.
Pamela era o grande sex symbol da atração e, antes mesmo de estrear como a salva-vidas C. J. Parker, já tinha posado para a Playboy. O segundo ensaio veio após ela ter colocado prótese de silicone nos seios, o que incomodou seu colega de cena e produtor-executivo, David Hasselhoff. Para ele, as pessoas se concentravam mais nos seios da atriz do que nas falas da personagem.
Uma frase popular entre as atrizes de Baywatch era que quem não tinha colocado silicone, ainda iria colocar. Por interpretar a mulher mais inteligente da história, sem um corpo escultural, Alexandra Paul passava imune aos padrões que dominavam suas colegas. Mas, certa vez, um produtor chegou nela e deu uma dica.
"Ele me mostrou uma [revista] Playboy, apontou para uma mulher com silicone nos seios, não muito grandes, e disse que aquele look ficaria bem em mim", contou a atriz em documentário para o canal E!. Em um período de 12 anos, 16 capas da Playboy foram estampadas pelas atrizes de Baywatch.
Talento corporal
Nos testes para selecionar as atrizes, os produtores dedicavam pouco tempo à atuação das interessadas. O que importava era a simpatia e o corpo. Mulheres de todos os cantos dos Estados Unidos viajavam até Los Angeles para conseguir uma participação em Baywatch; inclusive uma ex-Miss Universo.
Shawn Weatherly, eleita a mulher mais bonita do mundo em 1980, participou da primeira temporada da série. "No final do meu teste, eles [produtores] pediram para eu tirar a roupa. Levantei a blusa, abaixei a calça e fechei os olhos. Fui embora chorando, sem acreditar no que eu tinha acabado de fazer", relatou ao canal E!.
A vida da personagem de Shawn foi curta. Ela reclamava por só aparecer na tela de maiô, sem falar nada, e pediu aos roteiristas mais diálogos. Como presente, recebeu um destino trágico: a salva-vidas Jill Riley morreu após ser atacada por um tubarão. Sua última aparição na série foi deitada num leito de hospital, morta. Mas estava maquiada e com o cabelo impecavelmente penteado.
Atrizes de peso foram recusadas por "não ter o look ideal", segundo os selecionadores. A lista conta com nomes do calibre de Sandra Bullock, Alicia Silverstone, Denise Richards e Neve Campbell.
No Brasil, Baywatch ganhou o nome de S.O.S. Malibu e era exibida na Globo; foi ao ar nas tardes de terça e depois, nos domingos de manhã. Também passou no Multishow e no Canal Sony. A série teve 11 temporadas e foi transmitida em 144 países, traduzida para 22 idiomas.
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