Praia que faz envelhecer mais rápido enlouquece turistas em novo filme

Uma praia onde o tempo passa mais rápido e faz as pessoas envelhecerem em uma velocidade sobrenatural é o que movimenta a trama de Tempo (2021), novo suspense do diretor M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido e Fragmentado) que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (29).

Conhecido por suas narrativas cheias de reviravoltas surpreendentes, Shyamalan retorna mais uma vez como o mestre do suspense ao enlouquecer turistas de uma praia onde o tempo não passa de forma natural: cada meia hora no local equivale a um ano.

Adaptação da graphic novel Castelo de Areia (2010), criada por Pierre Oscar Levy e Frederik Peeters, o longa é uma combinação de mistérios interessantes com reviravoltas pouco surpreendentes. Depois que Vidro (2019), seu último filme, foi duramente criticado por imprensa e público, Shyamalan buscou nos quadrinhos uma ideia que poderia recolocá-lo no radar dos fãs do gênero, mas o resultado ficou aquém do que poderia ter sido.

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CRÍTICA

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No centro do mistério está a família de Guy (Gael García Bernal) e Prisca (Vicky Krieps), um casal em crise que decide passar suas últimas férias como marido e mulher com os dois filhos em um luxuoso resort. Lá, o gerente local os avisa de uma praia privativa que quase ninguém conhece e apenas hóspedes selecionados podem entrar.

DIVULGAÇÃO/WARNER BROS

A família e Guy e Prisca

Além de Guy, Prisca e seus filhos, uma outra família e um casal também são escolhidos para visitar a misteriosa praia. Após poucas horas no local e a aparição de um cadáver desconhecido, o grupo começa a notar que as crianças estão envelhecendo sem motivo aparente.

Trent (Nolan River), de seis anos, e Maddox (Alexa Swinton), de 11, filhos de Guy e Prisca, se tornam jovens adultos como em um piscar de olhos. Agora na pele de Alex Wolff (Hereditário) e Thomasin Mckenzie (Jojo Rabbit), eles não são mais crianças, e seus pais ficam cada vez mais próximos da velhice minuto a minuto.

Apesar da aceleração do tempo ser mais notável nos jovens, os adultos sentem os efeitos de outra maneira. Machucados são instantaneamente curados, e um tumor escondido no estômago passa do tamanho de um feijão para um abacate. As sequências são aceleradas e acompanha os dramas dos personagens, mas tal velocidade é tanta que afeta a absorção das informações.

A narrativa acelerada de Tempo acaba tirando o impacto que alguns acontecimentos poderiam ter. Shyamalan joga informações sobre a praia enquanto seus personagens fazem uma cirurgia de risco para salvar um integrante do grupo. Passam-se alguns minutos e as crianças cresceram novamente, enquanto na cena seguinte uma pessoa decide que nadar para longe da praia é a melhor solução para se salvar. Há poucos momentos para respirar, e isso nem sempre ajuda no desenvolvimento do filme.

Tantas reviravoltas também tornam o longa mais previsível. Em determinado momento da trama, Tempo deixa claro quais são os personagens que vão servir de muleta para que seus protagonistas se aproximem ainda mais da resolução do mistério. Ponto negativo dentro das obras de Shyamalan, que poucas vezes entregou tão facilmente quem morre e quem sobrevive até o final de seus filmes.

Quando o filme finalmente atinge sua resolução, há uma sensação de vazio porque não existe mais catarse. Uma resposta para os mistérios pode ser satisfatória, mas pouco (ou nada) diz sobre os personagens e suas jornadas. Tempo se encaixa na prateleira de histórias nas quais o meio é muito mais interessante que o seu final.

Assista ao trailer legendado abaixo: