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RODRIGO ARAGÃO

Diretor de terror brasileiro se inspira em filmes 'trash' de vampiro e zumbis

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

O diretor Rodrigo Aragão conversa com atores nos bastidores do filme O Cemitério das Almas Perdidas

O diretor Rodrigo Aragão (à dir.) nos bastidores do filme O Cemitério das Almas Perdidas

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 12/10/2021 - 6h39

Diretor de filmes de terror brasileiros, Rodrigo Aragão se inspira em filmes "trash" de vampiros e zumbis para realizar suas obras, como o longa O Cemitério das Almas Perdidas (2020), que estreia na TV paga na sexta-feira (15). O canal Space exibirá a história que mostra genocídio de índios e muito sangue cenográfico.

O terror tupiniquim tem uma narrativa simples, mas seu horror vem em muitas camadas. Ao Notícias da TV, Aragão explica que o filme foi baseado no Livro de Cipriano --conjunto de feitiços escritos de forma supostamente psicografada nos séculos 17, 18 e 19 por São Cipriano de Antíoqua (250-304), que teria sido um feiticeiro convertido ao cristianismo--, mas sua filmagem quis homenagear clássicos do cinema gore.

"Vários filmes são muito importantes para mim [como referência], como Drácula de Bram Stoker [1992], que foi um filme que eu mostrei para toda a equipe. Entrevista com Vampiro [1994], misturado com os 'trash' que eu amo, como The Evil Dead [1981], Fome Animal [1992], que é daí que vem esse exagero, esse sangue", elenca o diretor. 

"Então, misturar um pouquinho desses filmes clássicos, maravilhosos, de estúdios, com uma pitada desse humor e desse exagero... Essas são minhas referências principais", completa o produtor.

Crítica ao colonialismo, a história começa com um navio de jesuítas portugueses que quase afunda em meio a uma tempestade em alto-mar. Com o Livro de São Cipriano, um dos religiosos mata um colega e usa seu sangue para fazer um feitiço, que os leva para terra firme em segurança. No Brasil, os padres matam os índios e sequestram até uma das mulheres da tribo.

"O Cemitério das Almas Perdidas tem como um dos pilares da sua inspiração assim: os filmes dos anos 1980 que eu amo muito e que normalmente não se fazem no Brasil, que são filmes de terror exagerados, com aventura, com luta de espada, com todas as coisas que eu amo. E outra é a história do Estado onde eu nasci, o Espírito Santo", explica.

Eu trabalhei em algumas peças e percebi que a história do Espírito Santo era simplesmente brutal, com muita violência, extermínios, muito terrível. Percebi que daria um ótimo filme de terror. Então, eu misturei essas coisas, pegando esse fundo verdadeiro, sobre o Estado ter sido colonizado por bandidos, castigados, fugitivos da Europa, adicionando coisas divertidas, como magia, feitiçaria e o Livro de Cipriano.

"Eu sempre fui encantado com essa coisa de magia, desde a minha infância.  No bairro onde eu morava, havia um vizinho que tinha esse livro [do Cipriano], e todas as crianças tinham medo de passar no quintal do vizinho", se diverte o cineasta.

Terror no Brasil e o preconceito

Questionado pela reportagem sobre a dificuldade de se produzir terror em um país em que o público tem preconceito com o gênero, Rodrigo Aragão é otimista sobre o cenário: "Eu acho que o brasileiro é um público apaixonado por terror, né? Já tivemos grandes bilheterias de terror".

"O Cemitério é meu sexto longa-metragem. Quando eu lancei meu primeiro, lá em 2008, haviam sido lançados só três: Mangue Negro, Encarnação do Demônio e A Capital dos Mortos. Em 2018, dez anos depois, a gente estava filmando o Cemitério das Almas Perdidas, e nesse ano foram produzidos 37 filmes de terror brasileiros. Então, você tem um salto absurdo em dez anos. Eu acho que as produtoras brasileiras descobriram que o terror pode sim ser um bom negócio [aqui]", analisa o roteirista. 

Os filmes de terror do Brasil têm feito muito sucesso em festivais internacionais nos últimos anos, mas ainda falta o grande público daqui descobrir esses filmes. Por isso que essa janela no Space é muito importante para mim, porque é uma janela para fãs de terror de toda parte do mundo. Então você pode furar a bolha de pessoas que têm algum preconceito com o cinema brasileiro ainda e dar a eles a oportunidade de ver um filme ali junto com tantos outros filmes de terror internacionais.

Sangue na tela

Como o longa usa muito sangue falso e muita maquiagem nos intérpretes de demônios e zumbis, o filme de terror brasileiro recebeu três prêmios de melhores efeitos especiais em festivais na América Latina: no Buenos Aires Rojo Sangre 2020 (Argentina); no Nox Film Festival 2020 (Uruguai); e no Fantasporto 2021 (Portugal).

Formado técnico de efeitos especiais, Rodrigo Aragão se orgulha do feito. "Eu trabalho há 25 anos fazendo efeitos especiais, então eu gosto muito dos filmes 'splatters', que são esses feitos nos anos 1980 por americanos que se caracterizam por um pouquinho de humor e pelo exagero. Então é um tipo de cinema que eu gosto muito de assistir e que eu gosto muito de fazer", diz.

"O filme é uma fabula sangrenta. Eu confesso que há quase a realização de um sonho de adolescente de fazer uma luta de espada com atores amarrados em cordas e jogar balde de sangue neles e fazer todas essas coisas legais. Então sim, ele tem um exagero que é totalmente proposital", brinca Aragão.

Onde assistir O Cemitério das Almas Perdidas

Pela primeira vez na TV, O Cemitério das Almas Perdidas vai ao ar no canal Space na sexta, 15 de outubro, às 22h30. No dia 31, um domingo, a reprise será exibida às 21h20. 

O longa abrirá e fechará o festival de filmes de terror Horrorama, do Space. Entre os dias 15 e 31, o canal da TV por assinatura exibirá 40 obras para os amantes do gênero e em homenagem ao Halloween --ou Dia das Bruxas--, celebrado em 31 de outubro.

"Eu espero que o público receba bem o filme, porque eu acho que esse momento que nós estamos vivendo de pandemia, nós estamos precisando sair pouco da nossa realidade. Durante uma hora e meia você pode se preocupar com vampiros, magia, demônios. Coisas que não existem. Eu acho que é uma emoção muito boa, que as pessoas estão precisando", finaliza. 

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