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LEVANTE

Ayomi Domenica leva filme sobre aborto para festivais e faz sucesso no exterior

REPRODUÇÃO/VITRINE FILMES

Ayomi Domenica com expressão séria em cena como Sofia no filme Levante

A atriz Ayomi Domenica como Sofia no filme Levante; drama discute aborto e foi premiado

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 28/6/2024 - 10h00

Filha do rapper Mano Brown, Ayomi Domenica marcou presença em vários festivais renomados para divulgar Levante, filme que coloca em pauta o aborto e que entrou no catálogo do Telecine nesta semana. A atriz de 25 anos ressalta o reconhecimento do cinema brasileiro no exterior e destaca a importância do longa --principalmente num momento em que se discute o "PL do aborto", projeto de lei que equipara a interrupção da gestação após 22 semanas ao homicídio mesmo em caso de estupro.

"A primeira vez que eu assisti ao filme foi em Cannes. Já foi assim 'olha onde isso veio parar'. Mas consegui imaginar [a repercussão], sim. Nosso cinema tem essa potência muito grande quando está falando sobre assuntos muito responsáveis. As pessoas se interessam muito no que a gente está fazendo", valoriza a artista em conversa com o Notícias da TV.

Ayomi interpreta a protagonista Sofia no drama nacional. A garota de 17 anos descobre uma gravidez quando está prestes a ter a maior oportunidade de sua vida: jogar em um time de vôlei no Chile. Ela deseja interromper a gestação, mas esbarra na ilegalidade do procedimento e acaba perseguida por um grupo religioso conservador.

A atriz também apresentou recentemente o longa dirigido por Lillah Halla no Los Angeles Latino International Film Festival (LALIFF), evento importante para a divulgação do cinema latino. A história foi premiada em mais de 25 festivais internacionais.

"Nessas viagens que fiz, por onde o filme passou e pelas mensagens que recebi, eu consigo perceber o quanto o nosso cinema é respeitado. Esse filme é muito respeitado. Eu tinha muito esse desejo de que o filme tivesse essa recepção e esse reconhecimento fora e também dentro do Brasil", comenta.

A gente vê um monte de gente ainda falando que o cinema brasileiro não presta, que filme brasileiro é ruim, que filme bom é só estrangeiro. As pessoas fora do Brasil adoram o nosso cinema. Aí ainda tem essa luta de fazer com que a gente valorize o cinema que a gente faz.

Ayomi aproveita para ressaltar a importância de investimentos público e privado no cinema nacional --algo que foi uma dificuldade para Levante, gravado justamente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que nunca escondeu a falta de interesse na cultura.

"Era um roteiro que estava sendo escrito havia oito anos. Eu sabia que não ia ser feito de qualquer forma, porque já estava sendo construído com muito cuidado. Sabia que o filme tinha muita responsabilidade, pessoas muito competentes fazendo. Eu basicamente dei tudo de mim. É um trabalho que eu assisto e sinto muito orgulho", reflete.

Tema controverso

Levante ainda expõe o privilégio de mulheres ricas que conseguem driblar as leis para fazer um aborto seguro no Brasil ou até no exterior. Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) indicam que mulheres pardas têm mais do que o dobro de risco de morrer por "falha de tentativa de aborto" do que brancas.

Ayomi comenta como a divulgação do filme coincidiu com a repercussão do Projeto de Lei 1904. "O assunto do aborto, infelizmente, sempre volta. Sempre estão tentando tirar os poucos direitos que a gente tem. A gente já imaginava que de alguma forma isso pudesse vir à tona, que esses ataques pudessem acontecer relacionados aos direitos reprodutivos e sexuais."

"O filme continua circulando, e o assunto está mais do que nunca sendo discutido. E agora de uma forma muito violenta, agressiva. Eu não sei muito bem o que sentir em relação a tudo isso, porque é uma droga que a gente esteja vivendo isso, que tenha que falar o óbvio e lutar por um direito que já foi conquistado", desabafa.

Mas fico feliz que o filme exista e que ele seja útil nesse momento. É muito ruim viver isso, mas que bom que o filme está aí. Atual, infelizmente, mas ele é honesto, sincero, papo reto e bonito. Ele é jovem. É para todas as idades, na verdade, e se comunica com as pessoas de uma forma muito sensível. 

Protagonizar o drama de Sofia, aliás, reforçou convicções da própria atriz. "Só me ensinou mais. Eu sempre fui muito consciente sobre esse assunto, sempre entendi o lugar vulnerável que a gente tem nesse sentido. Eu emergi muito mais em dados, em histórias muito difíceis. Aquilo ali só reforçou para mim o quanto que eu estava no caminho certo de defender o que acredito."

Preparação intensa

Formada em Artes Cênicas pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), Ayomi utilizou uma técnica que aprendeu na graduação para conseguir separar seus sentimentos do da personagem.

"Foi um processo muito sensível, no sentido de tratar tudo com cuidado. Foquei em trabalhar tecnicamente, porque, quando você tem uma ferramenta, não precisa acessar nenhum tipo de gatilho. Eu também não tenho nenhuma vivência parecida com a personagem, a não ser dos medos de viver isso em algum momento da vida", detalha.

A atriz também teve de se reconectar com a própria adolescência para entender as aflições de Sofia. "Eu fiz esse trabalho de relembrar a inocência que eu tinha, vulnerabilidade, os medos, a insegurança. O quanto eu guardava tudo dentro de mim, assim como a personagem também faz. Esse medo de expor o que está sentindo", explica.

"Fui atrás de reportagens, de documentários, de relatos pessoais, mas até um limite. Eu não quis me aprofundar em relato pessoal de ninguém para que aquilo pudesse ser a minha história naquele momento. E que poderia ter sido mesmo, não é nada tão distante do que eu posso viver. Isso é uma coisa muito interessante do trabalho da atuação, você se disponibilizar a sentir de fato alguma coisa que talvez você nunca viva", reflete.

Assista ao trailer de Levante:


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