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FELIPE DE CAROLIS

Ator de Nosso Lar 2 encara 'novo lockdown' para investigar roteiro do filme espírita

Divulgação/Cinética Filmes

Com roupas de época, Felipe de Carolis está sentado à mesa e segura um lápis

Felipe de Carolis interpreta o médium Otávio no sucesso Nosso Lar 2: Os Mensageiros

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 18/2/2024 - 16h00

O drama espírita Nosso Lar 2: Os Mensageiros começou a ser rodado em abril de 2022, quando a pandemia já havia arrefecido. Mas o ator Felipe de Carolis, que interpreta o jovem médium Otávio na produção, quase voltou aos tempos de coronavírus na preparação para o longa. Ele encarou um "novo lockdown" para estudar o roteiro de Wagner de Assis com afinco e decifrar cada detalhe de seu personagem.

É que o ator, conhecido do público brasileiro por ter vivido o modelo e traficante Sam em Verdades Secretas (2015), foi escalado para o projeto "aos 45 do segundo tempo". "O elenco já estava se preparando havia três meses, alguns atores sabiam que iam fazer o filme desde o ano anterior, e eu fui convidado --costumo dizer 'convocado' (risos)-- às pressas", conta ele, em entrevista exclusiva para o Notícias da TV.

Por isso, Felipe teve pouco tempo para se preparar. "Fiquei quase 50 dias sem ver ninguém, nem a família. Minha mãe fez mercado para mim duas vezes e deixou na portaria do meu prédio", lembra ele. "Virei um investigador do roteiro, atracado a ele e a quem estava construindo comigo este personagem. Todo mundo vê o meu rosto, mas a criação daquele cara é feita por muita gente."

Apesar de a mediunidade de Otávio ser um dos pontos principais do filme, Carolis preferiu não conversar com pessoas que tenham o dom na vida real. "Baseei-me exclusivamente no roteiro do Wagner. E fui fazer meu dever de casa, minhas escolhas vocais e respiratórias, quais movimentos esse personagem faria, se ele era verticalizado ou horizontalizado", aponta.

A produção é baseada na obra do médium Chico Xavier (1910-2002), principal nome do espiritismo no Brasil. Já o ator não é adepto do kardecismo e define sua fé como "uma colcha de retalhos". "Acredito muito em Deus, mas não na imagem que estamos acostumados a ver", ressalta.

"Eu estudei no Colégio Santo Agostinho [no Rio de Janeiro] a vida inteira e depois fiz duas faculdades na PUC", lembra, citando duas instituições de ensino ligadas ao catolicismo. "E o que isso quer dizer? Que eu fui obrigado a ser católico? Quase (risos). Eu tive aula de religião por mais de 20 anos. E desde o colégio pesquiso muito sobre elas."

"Eu me identifico com manifestações religiosas, como o budismo, e as de origem africana. Eu vejo muito o espiritismo como uma releitura dos grandes filósofos, desde o mito da caverna de Platão e o processo de anamnese de Aristóteles", discursa, citando os pensadores da Grécia Antiga.

"O que eu gosto muito no espiritismo, além da fé na vida após a vida, é que ele não se dispõe a ser descobridor de nada. Ele somente emprega o que já havia sido dito milhares de anos antes de Cristo e apresenta como exemplo para a realidade a personificação e até a contemporaneidade. Qualquer maniqueísmo ou figuras de líderes únicos me repelem numa religião ou na sua prática."

A crença ligada à filosofia ajuda Carolis a interpretar de maneira prática um fato que viveu nas filmagens de Nosso Lar 2 --e que outros integrantes da equipe atribuíram ao sobrenatural. Em uma das diárias, o ator passou muito mal, mas seguiu firme e fez questão de rodar todas as cenas previstas.

"Algumas pessoas ficaram impressionadas que eu não deixei de fazer as cenas do dia. Elas atribuíram isso a uma intervenção divina ou espiritual. Pode ser que sim, não duvido e agradeço, caso alguns amigos ocultos tenham me ajudado. Mas eu atribuo o meu levantar e insistir em trabalhar aos meus anos de profissão", diz.

"Eu já trabalhei com tantos colegas que enterraram suas mães e duas horas depois, destroçados, estavam em cena. Já fiz musical indo na coxia correr para vomitar. Neste caso, eu atribuo 'a minha volta' do mal-estar e a realização da diária de filmagem integralmente ao meu compromisso com o filme e ao treinamento que as 'horas de voo' no teatro te proporcionam conhecer seu corpo e expandir limites."

Nosso Lar 2 é uma sequência tardia do filme lançado em 2010 e que levou mais de 4 milhões de espectadores aos cinemas. Os Mensageiros, em cartaz há três semanas, tem tudo para se tornar a maior bilheteria nacional do ano --seu faturamento está na casa dos R$ 20 milhões.

A repercussão, para o ator, se deve a uma série de fatores: a começar pelo nome, o mesmo da obra de Chico Xavier. "Só pelo título, já teria espectadores automáticos. O sucesso do primeiro também gerou uma ansiedade para o segundo, que faz mais pessoas irem ao cinema", lista.

"E o Wagner tem um currículo muito concreto e cheio de credibilidade, especialmente nessa esfera. As pessoas sabem que, mais até do que sua profissão cineasta, ele tem a incumbência de espalhar a mensagem do amor, da resiliência e do perdão através da arte. E confiam que ele fará o que puder para o filme ser o melhor possível", elogia.

Felipe de Carolis também valoriza o trabalho da equipe como peça essencial para o sucesso. "A forma como filmamos, em harmonia, cumplicidade, com 100% do elenco e da equipe de braços e mãos dadas o tempo inteiro está estampada na tela. Com absoluta certeza é um fator determinante para que o público acredite nesses contadores de histórias, que a gente chama de atores, realizarem suas funções com êxito."

Nosso Lar 2: Os Mensageiros está em cartaz nos cinemas. A continuação tem os retornos de Renato Prieto e Othon Bastos, além de Edson Celulari, Rafa Sieg, Mouhamed Harfouch, Fábio Lago, Fernanda Rodrigues, Vanessa Gerbelli, Julianne Trevisol e Aline Prado. Confira o trailer:


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