ADRIANA ARAÚJO
Reprodução/Record
Adriana Araújo no Jornal da Record do último dia 21: ela trabalhou no feriado e saiu de férias na manhã seguinte
As férias repentinas de Adriana Araújo, apresentadora do Jornal da Record, estão intrigando os bastidores da rede de Edir Macedo. Após a edição do último dia 21, feriado de Tiradentes, Adriana teve uma crise de choro. No dia seguinte, sua chefia lhe deu férias de 30 dias, e ela foi substituída pela jornalista Janine Borba.
O choro de Adriana é fato, existem testemunhas, mas há duas versões para sua motivação: 1) a jornalista teria reclamado da linha editorial do Jornal da Record e, após discutir com a chefia, teria sido forçada a sair de férias; 2) a apresentadora estaria com problemas pessoais e pediu para se afastar por um tempo.
O Notícias da TV apurou que as duas versões têm algo verdadeiro. A jornalista de 44 anos de fato reclamou da linha que o JR tomou nos últimos tempos. Ela demonstrou incômodo por estar emprestando sua imagem a um telejornal governista. Na última edição que apresentou, predominavam reportagens que se esforçavam para mostrar que cidades e Estados (até o Rio de Janeiro) já se preparavam para a reabertura do comércio, como quer o presidente Jair Bolsonaro.
Logo no começo da pandemia do novo coronavírus, em março, os jornalistas da Record receberam orientações expressas para darem "espaço para médicos que sejam equilibrados e que ajudem a transmitir calma à população". "Não podemos entrar na onda alarmista", sentenciou o diretor de Jornalismo, Thiago Contreira.
A amigos, Adriana também se queixa de estar sendo tolhida na emissora desde que o bispo Edir Macedo passou a apoiar Bolsonaro, durante a campanha de 2018, o que atribui ao fato de ser casada com um profissional do marketing político. Eduardo Ribeiro foi o escolhido para fazer entrevistas com o presidente eleito, e ela ficou em segundo plano.
Segundo a versão de que o choro teve motivação profissional, Adriana reclamou especificamente de uma reportagem sobre a dramática situação do sistema de saúde pública de Manaus, onde corpos de vítimas da Covid-19 estavam sendo guardados em caminhões frigoríficos. A reportagem não foi ao ar no dia 21. Foi "derrubada", no jargão jornalístico.
Na manhã seguinte, Adriana teve uma conversa com Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record, e o resultado foi que ela saiu imediatamente de férias, sem planejamento prévio, apenas três meses após retornar de um descanso de 15 dias.
Além do estresse no ambiente profissional, a jornalista, de acordo com pessoas próximas, também está enfrentando pressão na esfera pessoal. Sua filha, Giovanna, que nasceu com uma rara síndrome ortopédica, estuda Medicina na Universidade Federal de São Paulo. Numa época em que profissionais de saúde estão morrendo na linha de frente de uma guerra contra um vírus, isso tem tirado o sono da mãe.
Adriana quebrou o silêncio no último domingo (26), com uma postagem no Instagram que não esclareceu muita coisa, mas confirmou as lágrimas pós-Jornal da Record. Nela, publicou uma imagem de 2015 em que estava chorando, extraída de um emocionante depoimento sobre o drama de sua filha, que enfrentou dez cirurgias corretivas para ter pés que a permitem, hoje, até correr.
No texto, Adriana reclama que a imagem foi usada na semana passada para ilustrar publicações sobre seu repentino afastamento do Jornal da Record. "Não deturpem o meu choro, por favor", escreveu (veja post abaixo).
A jornalista não atendeu às tentativas de contato por parte do Notícias da TV, feitas por telefone e WhatsApp nos últimos dias. A Record informou apenas que Adriana está em férias.
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