SAÚDE FRÁGIL
Divulgação/TV Globo
Walther Negrão com Júlio Fischer e Suzana Pires: estreantes carregaram novela nas costas
DANIEL CASTRO
Publicado em 17/1/2017 - 6h09
Principal autor de Sol Nascente, Walther Negrão, 75 anos, só escreveu a sinopse e 24 capítulos da novela das seis da Globo. Quase toda a história vem sendo contada por dois profissionais que nunca haviam assinado uma novela como autores titulares: Julio Fischer e Suzana Pires. Diretor de dramaturgia da Globo, Silvio de Abreu supervisiona o texto desde outubro, quando a produção ainda estava no começo e patinava no Ibope.
Negrão passou a apresentar problemas de saúde desde antes da estreia de Sol Nascente. Ele começou 2016 internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). No final de maio, a três meses da estreia da produção, ele sofreu novo derrame, e permaneceu hospitalizado durante quase 40 dias.
Um dos mais experientes autores da teledramaturgia nacional (esta é a sua 23ª novela na Globo), Negrão até tentou retomar o comando da história, mas não conseguiu mais escrever.
No início de novembro, ele voltou para o hospital, dessa vez por causa de uma apneia do sono. Ficou uma semana. Voltou a ser internado no final daquele mesmo mês, com quadro de anemia.
Por delicadeza e respeito ao profissional, a Globo nunca reconheceu oficialmente que Negrão estava afastado de Sol Nascente e que a novela estava sob intervenção da direção de teledramaturgia. Neste mês, no entanto, a emissora passou a admitir que a trama está sendo escrita _e assim será até o final, em 10 de março_ por Julio Fischer e Suzana Pires.
Sol Nascente terá 167 capítulos, e Negrão só participou efetivamente de 17% deles. Sob a supervisão de Silvio de Abreu, a novela conseguiu se segurar no Ibope. Está longe do sucesso de Eta Mundo Bom!, mas apresenta os mesmos índices de Além do Tempo (2015).
Sessenta anos de TV
Walther Negrão ingressou na TV ainda nos anos 1950, na primeira década do veículo no Brasil, como ator de teleatros. Em 1958, estreou como autor da Tupi, escrevendo para o programa Grande Teatro Tupi.
Começou a fazer novelas, inicialmente apenas adaptações radiofônicas, em 1964, na Record. Seu primeiro grande sucesso foi em 1968, Antônio Maria, que escreveu para a Tupi em parceria com Geraldo Vietri. No ano seguinte, a dupla emplacou outra novela memorável, Nino, o Italianinho. O sucesso chamou a atenção da Globo, que o contratou em 1969, mas ele logo voltou para a Record.
Em sua segunda passagem pela Globo, em 1972, Negrão emplacou seu primeiro grande sucesso na emissora, a novela O Primeiro Amor, que daria origem ao seriado Shazan, Xerife & Cia., estrelado por Paulo José e Flávio Migliaccio, um dos marcos da história da Globo, lembrado na festa dos 50 anos, em 2015.
Em 1975, o autor voltou para a Tupi. Retornou à Globo em 1980. Em 1983, foi bem-sucedido com Pão-Pão, Beijo-Beijo e no ano seguinte, com Livre para Voar. Escreveu Fera Radical, em 1988, e Top Model, em 1989, em parceira com Antonio Calmon. Em 1991, adaptou o texto de João Ubaldo Ribeiro para a minissérie O Sorriso do Lagarto. Despedida de Solteiro, em 1992, foi um grande sucesso. Mas nada se comparou a Tropicaliente, em 1994, em que lançou uma marca: as novelas praianas.
Negrão sempre foi afeito a parcerias. Em 2003, por exemplo, dividiu com Maria Adelaide Amaral a minissérie A Casa das Sete Mulheres. Suas últimas novelas foram Araguaia, em 2010, que concorreu ao Emmy, e Flor do Caribe, em 2013.
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