SEM MEDO
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Ana Thaís Matos na Arena Corinthians; narradora está na equipe que irá ao Catar na Copa
Única mulher comentarista que a Globo enviará ao Catar para transmitir os jogos da Copa do Mundo do Catar, Ana Thaís Matos irá encarar o machismo de uma forma diferente do que está acostumada. Apesar disso, ela afirmou que a preparação e a expectativa ainda não deram espaço para o medo.
"Eu ainda não tive tempo para pensar como é que vai ser isso. Acho que é um país que não valoriza as mulheres, acho que essa palavra nem é o mais correto. Eu não fiz nenhuma preparação especial, não fui olhar roupa", declarou ela em conversa com o Notícias da TV.
O Catar é um país islâmico que tem regras rígidas em relação aos costumes, algumas delas consideradas machistas, por dar mais liberdade aos homens. Entre as restrições estão o consumo de álcool, demonstrar afeto publicamente, usar roupas que mostrem demais o corpo. Além disso, a homossexualidade é considerada ilegal.
"Daqui a pouco eu vou pensar nisso, eu ainda estou mais preocupada em estudar as seleções mesmo, estudar o meu tipo de transmissão", confessa ela. "A responsabilidade é muito grande, junto com o privilégio", completou.
"Tem a questão da visibilidade, estou na expectativa de entender o que é isso, como é que [vou] me comportar nesse lugar e o que esperam de mim", pondera.
Apesar de ainda não ter parado para pensar na questão de ser mulher em um país com leis machistas, profissionalmente, Ana afirma que está tranquila. "Vivi quatro anos, uma trajetória importante. Não vai ser nada diferente do que eu já fiz, do meu ponto de vista. A diferença agora é a quantidade de pessoas que vão me ouvir. Estou preparada", diz.
Desde que começou sua carreira esportiva na televisão, Ana enfrentou inúmeros episódios machistas --nos estádios e nas redes sociais. Apesar disso, a carreira só se tornou maior. Ela foi a primeira comentarista mulher contratada pelo Grupo Globo, que passou a abrir cada vez mais espaço para a presença feminina no futebol.
Renata Silveira, Renata Mendonça e Natália Lara também foram escaladas para a equipe de transmissão da Copa do Mundo, mas apenas Thaís irá trabalhar in loco. "É o segundo maior desafio da minha carreira, porque o primeiro foi chegar até aqui", declara.
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