ORGULHO E PAIXÃO
Estevam Avellar/TV Globo
Thiago Lacerda vive o industrial com preocupação social Darcy na novela Orgulho e Paixão
LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro
Publicado em 21/3/2018 - 5h33
Com 40 anos completados em janeiro e metade desse tempo na televisão, Thiago Lacerda considera Orgulho e Paixão um ponto de virada profissional e pessoal. É que o ator atravessa um momento decisivo: "Não é lenda esse papo de crise dos 40, não. A minha bateu e eu confesso que tenho parado para repensar minha vida, meus valores".
Para Lacerda, a crise não se refere a questões estéticas do envelhecimento, como a queda de cabelo ou o corpo que já não acompanha mais o ritmo de anos atrás. Segundo ele, a questão dos 40 envolve o amadurecimento provocado por suas vivências. "O que tem me pegado é mais profundo: quem eu sou, para onde quero ir nos próximos 40 anos. Sinto que é a metade do caminho, sabe?", filosofa.
Lançado na minissérie Hilda Furacão (1998) e pouco depois alçado a protagonista em Terra Nostra (1999), o ator ainda rejeita o rótulo de galã imposto pela mídia. "Nunca me senti pressionado e não é agora que vou começar a me preocupar com isso. Meu trabalho sempre focou os personagens. Se me acham bonito, feio, alto, magro... Com o que vem de fora a gente lida, mas meu compromisso é outro."
O compromisso da vez é com Darcy Williamson, protagonista da atual novela das seis. "Eu acho muito curioso que o Darcy é um homem da cidade, de negócios, um industrial inglês. Mas é um humanista, que se importa com o ser humano. Como lidar com essa contradição entre interesse financeiro e pessoal?", questiona.
O papel na obra de Marcos Bernstein marca a volta de Lacerda ao posto de bonzinho, que ele não encarava desde o Toni de Joia Rara (2013). "Adoro ser o herói, nunca escondi isso. Fazer vilão é divertido, mas chega uma hora que dá saudade de viver um homem mais íntegro, ético. Minha carreira é cheia desses caras", valoriza.
Como Orgulho e Paixão é uma trama de época, um folhetim no sentido mais tradicional da palavra, repleto de romance, o ator reconhece que ser o protagonista é um desafio. "É muito difícil fazer o mocinho e a mocinha em novelas abertamente românticas. Mas eu conheço bem essa trajetória do herói, já sei como fazer. O desafio é passear por esse caminho e dar um jeito de encontrar o frescor", aponta.
joão miguel júnior/tv globo
Nathalia Dill e Thiago Lacerda ensaiam cena da novela sob o olhar do diretor Fred Mayrink
Uma das novidades trazidas por Darcy ao intérprete é o senso de humor, bem diferente dos sofridos Matteo, de Terra Nostra, e Giuseppe Garibaldi, de A Casa das Sete Mulheres (2003). O personagem de Lacerda tem uma relação de gato e rato com Elisabeta (Nathalia Dill), e os embates da dupla prometem divertir.
"Os dois têm temperamentos muito parecidos, conflitos similares. Eu acho que o Darcy é um pouco mais duro e a Elisabeta está um pouco mais à frente. Porque acredito que as mulheres estão sempre à frente (risos)", brinca o ator, um dos destaques masculinos em uma novela repleta de personagens femininas fortes.
Darcy Williamson ou Ribeiro?
Orgulho e Paixão é baseada na obra da escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), e o romance de Darcy e Elisabeta é tirado diretamente de um dos livros mais conhecidos da autora, Orgulho e Preconceito. Mas Lacerda brinca que, na construção de seu personagem, o Darcy dos livros deu lugar para outro: o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), que estudou o povo brasileiro.
"É claro que a obra da Jane Austen me ofereceu várias características do personagem, mas eu tentei buscar um pouco do Darcy Ribeiro também, trazer um pouco do Brasil, já que a novela se passa aqui. O Marcos Bernstein tem a liberdade de usar os livros como ponto de partida para desdobrá-los em uma trama maior. Acho isso mais interessante e inteligente do que só refazer Jane Austen."
Com 40 anos muito bem vividos, Lacerda dá o braço a torcer ao dizer que carregar uma novela nas costas é muito mais puxado do que ele se lembrava. "Eu tenho cena pra caralho (risos). Mas não sou mais aquele Thiago de 20 anos atrás. Já tomei muita porrada na vida, então acho que amadureci. Ainda bem!", finaliza.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.