ORGULHO E PAIXÃO
Raquel Cunha/TV Globo
Nathalia Dill como a protagonista Elisabeta Benedito de Orgulho e Paixão: leve e divertida
LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro
Publicado em 19/3/2018 - 6h01
Nathalia Dill tem emendado trabalhos desde que estreou na Globo como a malvadinha Débora, de Malhação, em 2007. De lá para cá, alternou mocinhas e vilãs, mas nunca deixou de sofrer em cena. Isso muda a partir desta terça (20), quando ela viaja para o início do século 20 e, pela primeira vez na TV, terá um pezinho na comédia, na novela Orgulho e Paixão.
"A Elisabeta tem uma língua muito afiada, brinca bastante. É uma personagem com ironia, senso de humor. É algo muito gostoso de fazer. Mas é muito difícil também, porque ela está atenta a todos os sinais à sua volta, presta atenção em todo mundo, então eu também preciso ficar ligada o tempo todo", define a atriz de 31 anos.
Nathalia já experimentou um pouco da comédia no teatro, com a peça Fulaninha e Dona Coisa, que ela encenou no ano passado, e também no cinema, com o filme Talvez Uma História de Amor, previsto para estrear em junho. Na TV, o mais perto que chegou do humor foi em Liberdade, Liberdade (2016), com a sarcástica vilã Branca. Mas nada que se compare com a leveza de Elisabeta.
"Ela é diferente de tudo o que eu já fiz, é uma reinvenção mesmo. Elisabeta passa pelo drama, pelo romance, mas também trafega muito pelo humor. Os embates dela com o Darcy [Thiago Lacerda] são ritmados, têm um timing que é muito próprio da comédia. É a mesma coisa na relação com a mãe [vivida por Vera Holtz]", adianta.
Na novela de Marcos Bernstein, inspirada nas obras da escritora Jane Austen (1775-1817), Elisabeta é a mais velha de cinco irmãs. A mãe, Ofélia Benedito, é louca para arranjar maridos para as herdeiras, mas a primogênita desafia as normas da sociedade da época e prefere se casar com alguém que ame de verdade. Ela desenvolverá uma relação com Darcy que fica entre amor e o ódio.
"O que eu acho bonito na ligação dos dois é que ambos são deslocados do tempo em que vivem. Ela não concorda que as mulheres tenham que obedecer ao marido, que elas só sirvam para casar. E ele também não acha que o objetivo das mulheres seja ficar na prateleira, para o homem chegar e escolher uma. Os dois se encaixam em um lugar que é fora do padrão", explica.
A história do casal é baseada em Orgulho e Preconceito, livro que já foi adaptado mais de uma dezena de vezes na TV e no cinema. Nathalia preferiu evitar essas obras para compor Elisabeta. Porém, agora que já encontrou o tom da personagem, mudou de ideia.
"Eu só tinha lido o livro, e fiquei meio hesitante de ver algum filme. Mas fiquei com vontade, então acho que vou ver (risos). Agora já foi, já gravei vários capítulos. Dá para assistir ao filme sem me influenciar", admite.
joão miguel júnior/tv globo
Thiago Lacerda e Nathalia terão muitos embates divertidos nas peles de Darcy e Elisabeta
À frente do tempo
Por questionar o papel da mulher na sociedade da época, Elisabeta está bem à frente do seu tempo. Mas Nathalia, feminista de carteirinha, acredita que todas as mulheres estão.
"Na realidade, o tempo está atrasado para elas. Era assim na época da novela e é assim ainda hoje. Como também ocorre com os negros, com homossexuais, com todas as minorias. Os direitos é que estão ultrapassados."
A atriz observa que o fim dos casamentos arranjados e o fato de as mulheres saírem de suas casas para trabalhar foram um avanço, mas que a visão da sociedade ao papel feminino ainda é machista.
"A questão do lar e da família nunca foi desatrelada das mulheres. Todo mundo pergunta sobre a vontade de ter filhos para as atrizes, mas é raro alguém questionar os atores. Nunca vi uma notícia em que o homem diz: 'Estou louco para engravidar com minha mulher, quero ser pai'. O lar perfeito não pode ser a peça que falta do quebra-cabeça da felicidade", discursa ela.
E, embora Elisabeta não seja o tipo de feminista que vai para as ruas lutar por direitos, Nathalia acredita que sua personagem é, de certa forma, uma pioneira também.
"Acho que só o fato de ela não abaixar a cabeça nem aceitar a situação vigente na época já é algo que pode inspirar as mulheres. Lutar contra um sistema que está estruturado é muito difícil, dolorido. Então, considero que ela querer trabalhar e se casar com alguém que ame de verdade são atos muitos heroicos."
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