LUIZ GAMA
REPRODUÇÃO/GOIÁS 24H
Luiz Gama, locutor da BandNews FM em Goiás, usou suas redes sociais para atacar jornalistas
KELLY MIYASHIRO
Publicado em 16/11/2019 - 16h00
Atualizado em 16/11/2019 - 19h22
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Goiás emitiu uma nota de repúdio a Luiz Gama, locutor da rádio BandNews FM na capital goiana, por ter feito comentários racistas e homofóbicos em suas redes sociais. "Merece voltar para a escória da sociedade", disse a associação em um comunicado publicado neste sábado (16).
Na quarta-feira (13), Luiz Gama escreveu em seu Twitter que o presidente Jair Bolsonaro estava certo em acabar com o DRT (Documento de Registro Técnico, usado como registro profissional), e por querer o fim da exigência de diploma para jornalistas, antes de tecer falas preconceituosas.
"Afinal, tem uma [jornalista] fraquíssima em rede nacional só por causa da cor de pele e outro comunzão [comunista] fazendo fama só porque avisou que queima a rosca", escreveu o radialista, sem citar nomes.
Na sequência, Luiz Gama também disse que "queimar a rosca" virou moda, um termo considerado ofensivo para definir a prática de sexo por homossexuais. "Putz! Onde o Brasil vai parar? Um apresentador de telejornal de qualidade média virou a bola da vez no jornalismo nacional só porque revelou que sua rosquinha está à disposição. A qualidade profissional que se f…", disparou o funcionário da Band.
O radialista apagou os comentários momentos depois, mas prints de seu perfil no Twitter ainda circulam pela internet.
Também sem citar nomes, o presidente do SindJor Goiás, Cláudio Curado, disse que fica evidente quem seriam os alvos de Luiz Gama. "Ele faz referência a uma jornalista negra promovida nacionalmente. E não há outra no Jornalismo senão a apresentadora da TV Globo", explicou o representante à reportagem, dando alusão a Maju Coutinho, primeira apresentadora negra do Jornal Hoje, como alvo.
"Na outra referência, ele citou um termo negativo sobre a sexualidade de uma pessoa. E o único que apresentou um telejornal nacional que se assumiu como homossexual foi um apresentador local goiano", completou o presidente do sindicato. Nas últimas semanas, Matheus Ribeiro, apresentador da afiliada da Globo em Goiás, virou notícia após ser o primeiro âncora gay a assumir a bancada do Jornal Nacional.
Ao Notícias da TV, a advogada de Matheus Ribeiro, Maria Thereza Alencastro Veiga, declarou que já abriu uma queixa de racismo (que inclui o crime de homofobia) contra Luiz Gama.
"Também vou abrir um processo por danos morais e pedir uma indenização. Não é sobre o dinheiro. O Matheus é uma pessoa formidável, que tem uma grande projeção, e precisa denunciar esse tipo de crime", disse a representante.
Na nota publicada hoje, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de Goiás, não só repudiou os comentários do radialista, como também prestou seu apoio aos profissionais ofendidos. "Se viram caluniados em suas ascensões profissionais com insinuações de ligações dessas promoções com suas orientações sexuais e a cor de sua pele", disse a associação.
Na nota, o sindicato também rebateu os comentários em relação ao fim do registro de profissionais do ramo da comunicação. "A necessidade de manutenção se faz ainda mais premente, principalmente quando vemos que um dos detratores é pessoa que apenas se diz jornalista, sem ter qualquer formação profissional e ética para exercer a profissão".
Questionada sobre as publicações do radialista Luiz Gama, a Band News FM Goiânia informou, em nota, que "não interfere nas opiniões de seus colaboradores e/ou prestadores de serviço em redes sociais".
"A emissora reafirma seu compromisso com a defesa de princípios democráticos, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação", completou a rádio no comunicado enviado à imprensa.
Confira os prints dos tuítes feitos por Luiz Gama em seu Twitter:
Leia a nota do SindJor Goiás na íntegra:
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