'MUITO FRIO'
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Nívea Maria durante o Companhia Certa com Ronnie Von; ela falou sobre a demissão da Globo
A atriz Nívea Maria, que foi demitida da Globo em 2022 após 51 anos de casa, admitiu ter ficado abalada com sua saída da emissora. Não pela demissão em si, já que ela também é empresária e entende que as empresas precisam passar por processos de reestruturação. Mas a forma como o processo foi conduzido incomodou a artista, que sentiu frieza por parte dos profissionais envolvidos.
Durante sua participação no programa Companhia Certa, da RedeTV!, a artista ainda respondeu uma pergunta de Ronnie Von quanto à quantidade de remakes produzidos pela Globo nos últimos anos. Para ela, a dramaturgia da televisão brasileira está "perdida" e "precisando de criatividade".
Os assuntos foram abordados de forma direta pelo apresentador, que, no início, questionou quanto tempo ela ficou na emissora. Diante da informação de que ela foi contratada durante mais de meio século, o músico perguntou qual o sentimento de ter sido demitida.
"Olha... Aí você vê como é, né? Eu estava com um restaurante, e me ensinou aí um lado de empresa, empresarial, e você tem que fazer modificações. Por um lado, eu até entendi. A forma como foi feito é que não. Conversando com o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho] e com outras pessoas, a gente concorda com isso: Não, não pode ser", começou ela.
Porque o Boni diz: você construiu uma parede da rede Globo. Aqueles cem tijolos ali foi você quem fez. Claro, ele coloca isso hoje. Então, a empresa deveria, sei lá, ver uma outra forma de desligar, afastar as pessoas. Foi muito frio. Foi muito... Enfim. Doeu? Doeu. Mas é aquilo que a gente diz: 'Encontramos uma pedra no caminho. O que a gente faz? Vai tropeçar nela, cair? Chorar? Não, vamos pegar, botar ela do lado'.
A atriz reiterou que, nos últimos dois anos, está fazendo peças de teatro e séries no streaming --ela chegou a ter um papel em A Divisão, do Globoplay, no ano passado. Apesar de o formato ter lhe agradado, a atriz admitiu se incomodar com a quantidade de violência exposta nas produções sob demanda. "A gente já tem violência no jornalismo, na televisão brasileira... Você não aguenta mais tiroteio, assalto, morte", declarou.
Outro incômodo é com relação às próprias novelas. "Na minha opinião, está meio perdida a dramaturgia da televisão brasileira. Claro, um remake de um produto que deu certo, que foi sucesso... Mas, será que é isso que esse público novo da televisão brasileira está querendo ver? Porque, quando você olha a reação das pessoas, 'olha, vem um remake', você vê que são pessoas da geração antiga, que assistiram à primeira versão da novela", começou.
"Então eu não, não... Sei lá, eu não sou contra, mas eu estou achando que está precisando um pouco de criatividade principalmente dentro da dramaturgia brasileira. Porque a parte de entretenimento dentro da televisão está se mexendo, ela está tentando conquistar o público, mas a dramaturgia de repente está num sinal vermelho, está parada numa coisa", completou a artista.
Nívea acredita que as novelas das décadas passadas davam audiência porque falavam de relações familiares e de questões pertinentes ao país naqueles momentos. "Era muito verdade, era muito atual. Então, chamava a atenção do público. Assim como o jornalismo informava a realidade, a dramaturgia, dentro da parte criativa, contava uma história para atrair quem não acompanhava o jornalismo", arrematou.
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