ELIA BERTHOUD
Divulgação/Fabio Licciano
O modelo e cantor Elia Berthoud em ensaio para Fabio Licciano: do trapézio para o microfone
A pandemia fez milhões de pessoas perderem seus empregos no mundo todo. Mas alguns encaram a quarentena como um período para inovarem. É o caso do modelo Elia Berthoud. Sem nenhuma campanha fotográfica ou desfile em vista, o suíço de 27 anos decidiu investir em um sonho antigo e apostar de vez na carreira musical --antes, o ex-trapezista de circo tinha de encaixar suas canções entre um trabalho e outro.
"Tudo o que estamos vivendo agora é muito triste, claro, mas eu fiquei empolgado com essa chance de me redescobrir, de experimentar coisas novas. Eu estou compondo bastante dentro do meu apartamento, e fico bem emotivo", confessa ele, que atualmente vive em Nova York. "No começo da quarentena eu entrei em pânico, porque tinha de filmar o próximo clipe e não sabia como, mas tudo vai se ajeitando."
Berthoud reconhece que a música sempre foi a sua vocação. Desde os sete anos ele já queria ser cantor. Na época, ainda na Suíça, ele se apresentava no circo, onde passou uma década de sua vida. "Foi ali que eu aprendi a estar no palco", lembra.
Do trapézio, ele migrou para um grupo de dança profissional, onde passou a gostar ainda mais dos holofotes. Quando completou 16, foi abordado por uma brasileira que sugeriu que ele trabalhasse como modelo. Enxergou na carreira um degrau para alcançar o seu sonho musical. "Era a maneira que eu tinha de entrar nos círculos sociais certos, ter acesso às pessoas que eu precisava conhecer", explica Elia.
O que ele não esperava é que o sucesso profissional, embora o levasse até as pessoas certas, também renderia um obstáculo: a falta de tempo. "Quando entrei nesses círculos, percebi que ser modelo era um trabalho em tempo integral", conta. As aulas de canto que fazia na escola também ficaram pelo caminho. "Eu viajava bastante a trabalho, não conseguia assumir o compromisso com um professor."
Em abril de 2018, ele decidiu que precisava mergulhar de cabeça na sua paixão. "Eu começava a escrever minhas músicas e nunca terminava. Mas a vida de modelo é tão incerta que eu estava ficando maluco. Aí, comecei a me dedicar de vez. Em dois meses, eu já tinha escrito 20 canções. Algumas muito boas, outras nem tanto. Aí, escolhi 13 delas para trabalhar bastante, até torná-las perfeitas."
Os contatos que fez como modelo colaboraram nessa nova etapa. No seu primeiro EP, trabalhou com um produtor que venceu o prêmio Grammy com Christina Aguilera. Fotógrafos e videomakers também ajudaram com seus clipes.
O vídeo mais recente, I Know You Don't Want to See Me Right Now (Eu Sei que Você Não Quer Me Ver Agora, em tradução literal), foi lançado em 13 de março, pouco antes da quarentena, e foi 50 vezes mais visto do que os anteriores. Sua música de trabalho atual, Upside Down (De Cabeça para Baixo), colocou Elia pela primeira vez na parada de músicas mais ouvidas do iTunes --o clipe deve ser lançado em breve.
As plataformas digitais fizeram com que ele fosse descoberto por brasileiros: ele conta que a maior parte de seus ouvintes é do Brasil, da Espanha e da Holanda. "É engraçado, porque eu nunca visitei o Brasil, mas agora estou ansioso para fazer isso. Talvez quando esses tempos malucos passarem", sugere.
Berthoud sabe que ainda tem um longo caminho para chegar ao nível de artistas que admira, como Nicki Minaj, Drake, Jamie Woon e Lil' Wayne, mas não desanima. "Eu gosto de músicos loucos, diferentes, então estou fazendo meu estilo próprio. Meu plano sempre foi ser músico, mas eu aprendi muito com o circo, a dança, a moda. Graças a tudo isso, agora eu consigo ser original", resume.
Confira o clipe mais recente de Elia Berthoud:
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