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CASO DE ASSÉDIO

Marcius Melhem censura revista Piauí por nova reportagem comprometedora

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O humorista e ex-funcionário da Globo Marcius Melhem durante entrevista ao Fantástico

Marcius Melhem em entrevista ao Fantástico, em janeiro de 2019; ex-Globo briga com revista

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 25/8/2021 - 16h20
Atualizado em 25/8/2021 - 16h31

Marcius Melhem pediu à Justiça a censura de uma nova reportagem da revista Piauí que apresentava outras denúncias de assédio sexual contra ele. O comediante teve seu pedido aceito. Nesta quarta-feira (25), o jornalista João Batista Jr. desabafou sobre a decisão judicial em um texto publicado na revista. Melhem afirmou que não pediu censura e que o jornalista está mentindo.

Batista foi o responsável pela primeira matéria que expôs supostos crimes cometidos pelo ex-diretor de Humor da Globo, que, quando ainda ocupava cargo de chefia, teria tido comportamento inadequado com Dani Calabresa e outras funcionárias da emissora. 

"Desde o dia 12 de agosto, a Piauí está proibida de publicar uma reportagem sobre os desdobramentos do caso Marcius Melhem, o humorista acusado de assediar sexualmente pelo menos oito mulheres, todas colegas de trabalho", começou o repórter na matéria intitulada "Marcius Melhem e censura à Piauí".

No texto, o jornalista explicou que entrou em contato com Isabela Abdala, assessora de imprensa contratada por Melhem, em 5 de agosto para apurar novas denúncias e pedir uma entrevista com o ex-diretor da Globo. 

"Abdala pediu que as perguntas fossem enviadas por escrito. Mandei seis questões e dei um prazo de cinco dias para receber as respostas. No dia 10 de agosto, terça-feira, encerrado o prazo inicial, Abdala pediu mais tempo. Consegui um prazo [maior] e mandei uma sétima pergunta para o humorista", relatou ele. 

"Enquanto negociava mais tempo para responder à Piauí, Marcius Melhem, por meio de seus advogados, entrou na Justiça para pedir que a revista fosse submetida a censura prévia e, assim, impedida de publicar a reportagem em apuração. No dia 12, a juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro, acatou o pedido de Melhem", escreveu Batista. 

"[A juíza] determinou 'a suspensão, pelo tempo que durarem as investigações, da publicação de matéria na revista Piauí ou seu respectivo site'. Em caso de descumprimento da medida judicial, a juíza estabeleceu multa de R$ 500 mil, além do recolhimento dos exemplares da revista nas bancas e da remoção da reportagem do seu site", denunciou o jornalista. 

"Também mandou investigar o vazamento. No direito criminal, a guarda de sigilo judicial cabe aos funcionários da Justiça e às partes envolvidas no processo, e não aos jornalistas", completou. 

O outro lado

No Twitter, Marcius Melhem se pronunciou e negou a acusação. "É mentira que eu pedi censura à revista Piauí. Repito: é mais uma mentira de João Batista Júnior que eu tenha pedido censura à publicação de matéria da revista Piauí", declarou o comediante.

"[Estou] Entendendo aqui o que a Justiça me permite dizer sobre isso. Esclareço em breve", avisou o ex-funcionário da Globo, que retomou logo em seguida. "Piauí e seu repórter mentem mais uma vez. É mentirosa e covarde a afirmação de que pedi que a revista Piauí fosse censurada! Mais uma vez João Batista Júnior usa de mentiras pra tentar comprovar sua tese de que sou um assediador", acusou Melhem em uma série de tuítes. 

"A investigação aberta no MP [Ministério Público] corre sob sigilo judicial. Eu não posso comentar sobre nenhum detalhe das investigações. Para tornar tudo mais fácil para João Batista mentir à vontade, ainda não está no momento da minha defesa. Ou seja: ele quer vazar uma investigação que – nesse momento – só tem acusação", continuou o humorista.

"[Ele] Me manda perguntas que a Justiça me proíbe de responder. Tem como a cilada ficar mais clara? Duvido que se lá estivessem as minhas respostas e provas João Batista publicaria nova matéria", entendeu ele. 

O Notícias da TV entrou em contato com assessoria de imprensa e com os advogados de Marcius Melhem, Técio Lins e Silva e José Luis Oliveira Lima. Aziz Filho, da Avenida Comunicação, que representa o advogado José Luis Oliveira Lima enviou uma nota de posicionamento à reportagem que pode ser conferida na íntegra no final deste texto. A nota apenas reforça as declarações feitas por seu cliente no Twitter.

Confira os posts de Marcius Melhem: 

Leia a nota de Marcius Melhem na íntegra:

Piauí pede segredo de justiça e mente sobre censura

Não é verdade que meus advogados pediram à Justiça para censurar uma reportagem da Piauí. Meu pedido foi tão somente para que fosse apurado o vazamento de informações sigilosas e para que eu pudesse me defender com as provas que tenho. Não pedi segredo de justiça em nenhum processo. A Piauí, sim, pediu sigilo sobre um processo que movo contra a revista. Eu luto por transparência e verdade e, por mim, este processo não teria segredo algum. Seria aberto a qualquer jornalista. Mas sou obrigado a obedecer a Justiça, inclusive pelo sigilo pedido pela Piauí. Assim que for possível, virei a público mostrar a verdade. Piauí, suponho, não publicará. O repórter João Batista alegou que fazia uma matéria sobre os 'desdobramentos jurídicos' do caso, apesar de não ter publicado uma linha sobre os 6 (seis) processos que abri após as mentiras publicadas. Como a investigação aberta no MP corre sob sigilo judicial, ele sabe que não posso comentar. Mesmo se tivesse acesso às minhas respostas e provas de minha inocência, João Batista não publicaria, pois algumas delas já vieram a público e foram cobertas amplamente pela imprensa – menos pela Piauí. Meus advogados jamais pediram censura à revista. Pedi tempo para responder porque tinha que consultar a juíza sobre quais fatos eu poderia mencionar em minha defesa, como mensagens trocadas com as supostas vítimas. A Juíza tomou as medidas de preservação do sigilo que julgou necessárias e me manteve proibido de divulgar provas a meu favor. Se a revista se julga censurada por não poder quebrar um segredo de Justiça, por que não me considera também vítima da censura? O repórter divulgou trechos aos pedaços, como sempre fez em sua parcialidade. Omitiu por qual motivo ele não escreveu uma linha para informar o público da Piauí sobre as provas que deixam claras as mentiras da primeira matéria. Por que a revista Piauí quer vazar um inquérito antes de ter minha defesa lá, ao mesmo tempo em que pede segredo de Justiça no processo que movi contra ela? Afinal, a Piauí é contra ou a favor do sigilo?

Marcius Melhem


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