LUTO
Reprodução/RecordTV
Marcelo Rezende em entrevista ao Domingo Espetacular, ao qual revelou estar com câncer
REDAÇÃO
Publicado em 16/9/2017 - 19h13
Morreu às 17h45 deste sábado (16), aos 65 anos, o apresentador Marcelo Rezende. Ele estava internado desde terça-feira (12) no Hospital Moriah, mantido pela Igreja Universal, na zona sul de São Paulo. Rezende foi diagnosticado com câncer no pâncreas e no intestino há pouco mais de quatro meses. O anúncio da morte foi feito às 19h12 pelo apresentador Reinaldo Gottino, durante o Cidade Alerta, telejornal da Record que o jornalista liderou nos últimos cinco anos.
O apresentador estava afastado da televisão desde maio, quando deixou o comando do Cidade Alerta para tratar a doença. No entanto, como o Notícias da TV adiantou em junho, optou por não fazer a quimioterapia, o tratamento mais indicado. Seu estado de saúde piorou na semana passada _foi de um quadro de pneumonia a falência de órgãos como rins e fígado.
Apesar do estado crítico, Rezende pediu para não ser entubado e respirar por aparelhos. O pedido foi atendido pelos médicos.
O apresentador abandonou a químio depois de realizar o primeiro ciclo. No lugar do tratamento tradicional, que tem muitos efeitos colaterais e deixa o paciente bastante debilitado, preferiu uma terapia alternativa, baseada em uma dieta rica em proteínas e gorduras, que visa "matar as células cancerígenas de fome", sem o fornecimento de carboidratos, ricos em glicose.
Criticado por sua decisão, inclusive por amigos e pessoas conhecidas, como o apresentador Milton Neves, Rezende contou em um vídeo que não se arrependia de sua decisão.
"Uma das coisas que me deixaram triste foi quando eu desisti da medicina tradicional e algumas pessoas, ainda bem que foram poucas, me chamaram de covarde", disse, afirmando que estava seguindo uma "ordem do Deus soberano" e que sua cura estaria próxima.
Rezende também procurou a cura espiritual em um lugar que ele chamava de "Farmácia de Deus", na região de Juiz de Fora, em Minas Gerais. "Não adianta você curar o físico sem ter à frente o espiritual. E eu cuido muito do lado espiritual, porque quem está fazendo essa travessia da cura é Deus, é Ele quem me conduz", afirmou em vídeo no Instagram.
Trajetória
Rezende começou sua carreira na década de 1960, como repórter esportivo do extinto Jornal dos Sports, no Rio de Janeiro. Mesmo sem ter feito faculdade na área, ganhou uma vaga na publicação após ajudar um homem com a datilografação de uma relação de times de futebol de várzea. O sujeito era o editor-chefe do jornal, que lhe ofereceu uma vaga. Na época, tinha apenas 17 anos.
Dois anos depois, foi demitido do esportivo. Como ele mesmo contou à revista Playboy de dezembro de 2014, preferiu passar o fim de semana com uma garota e perdeu uma entrevista importante com o técnico Elba de Pádua Lima, o Tim (1916-1984). "O problema é que a garota era mais gostosa que o Tim, e eu fiquei com a mulher. Eles me mandaram embora", revelou, em entrevista à publicação.
Como fez muitos amigos no jornalismo, Rezende foi rapidamente contratado pela Rádio Globo para trabalhar como rádio-escuta e, em 1972, foi para o jornal O Globo, no qual atuou como redator de esportes. Na Redação, conviveu com nomes como Nelson Rodrigues (1912-1980), Aguinaldo Silva e Gilberto Braga.
Aos 21 anos, pediu para ir para a reportagem. Aos 23, já era repórter especial. Em 1979, foi convidado para trabalhar na revista Placar. Ficou na publicação até 1987, quando fez a transição para a televisão.
No jornalismo televisivo, ganhou destaque com reportagens policiais, como a série sobre a violência de PMs na Favela Naval, de Diadema, em março de 1997. Pelo especial do Jornal Nacional, Rezende recebeu o Prêmio Libero Badaró de jornalismo.
O contato com o mundo do crime e da polícia veio desde a infância, já que seu pai trabalhava como inspetor de alunos na Funabem (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), nomenclatura antiga da atual Fundação Casa. "Sempre digo que bandido eu conheço de berço, ninguém precisa me apresentar", disse ele à Playboy.
Em 1999, depois de se destacar na reportagem, começou a apresentar na Globo o Linha Direta, que usava dramaturgia e depoimentos para recriar casos policiais. Em agosto de 2000, deixou o comando do programa e migrou para a RedeTV!, onde apresentou o Repórter Cidadão entre 2002 e 2004.
Foi para a Record em 2004, apresentando o Cidade Alerta até junho do ano seguinte, quando o programa foi tirado do ar por causa da baixa audiência. Voltou para a RedeTV! como âncora do RedeTV! News e, em 2009, foi para a Band comandar o Tribunal na TV.
Em 2010, voltou para a Record como repórter especial do Domingo Espetacular; no ano seguinte, apresentou o Repórter Record e, em 2012, reassumiu o Cidade Alerta, que tinha voltado ao ar no ano anterior.
Nos últimos anos, Rezende passou a ser a "cara" do Cidade Alerta e criou bordões como o "Corta pra mim", além de dar apelidos para os repórteres do telejornal.
Em 14 de maio deste ano, em entrevista ao Domingo Espetacular, revelou que lutava contra um câncer no pâncreas e no fígado. "Eu não tenho medo da morte. Tem gente que tem, mas eu não. Porque o homem que tem fé não tem medo, ele sabe que vai vencer", disse ao programa.
Rezende contou que começou a desconfiar de que algo estava errado com ele ao perder a vontade de tomar café da manhã e de beber uma taça de vinho. "Aí pensei: eu estou com alguma coisa no fígado, porque eu tenho um paladar lascado e um olfato lascado", lembrou.
O apresentador também alegou não ter arrependimentos ou reclamações: "Tudo o que eu vivi foi felicidade, eu não tenho tristeza na minha vida. Isso tudo [o câncer] é tão pequeno diante de mais de 60 anos de absoluta alegria. Meus filhos cresceram, todos têm um horizonte, nenhum está dando cabeçada em poste, conseguiram fazer as próprias vidas".
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