CASAMENTO ÀS CEGAS
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Ingrid e Camila Queiroz no Instagram; participante do Casamento às Cegas falou sobre abusos
[Atenção: este texto pode gerar gatilhos de abuso sexual]
Depois do episódio de reencontro da quarta temporada de Casamento às Cegas Brasil, no qual Ingrid Santa Rita acusou Leandro Marçal de abuso sexual, a arquiteta falou abertamente sobre o caso em um pronunciamento no Instagram. Ela detalhou os horrores de seu relacionamento com o ex-marido, e recebeu apoio de outros participantes do reality show e até da apresentadora Camila Queiroz.
Ingrid relatou que tentou se pronunciar o mais rápido possível, da forma que seu psicológico a permitia. "Sei que vocês estavam esperando um pronunciamento meu e preferi vir aqui o quanto antes, dentro da medida do possível, do meu psicológico. Não desejo isso pra absolutamente ninguém", iniciou ela.
"Minha relação com o Leandro foi uma relação que se originou do programa Casamento às Cegas. Foi uma relação com dificuldades iniciais, essa questão sexual sempre se arrastou até o final da nossa relação, mas sabíamos lidar com isso de forma até saudável", declarou ela.
A arquiteta reafirmou que tentou acolher Leandro ao máximo e se compadecia com o problema de disfunção erétil do ex-marido. "Foi difícil, pra mim, assimilar. Desde a lua de mel, o Leandro já apresentava isso, e ele sempre falou pra mim que nunca tinha tido problema, isso lá no início. Então, isso também batia em mim como mulher numa questão de 'o que eu estou fazendo de errado?'", acrescentou.
Ingrid pontuou que os dois se casaram felizes no experimento da Netflix e que houve sinceridade na relação no início. No entanto, ela foi surpreendida quando eles tentaram seguir juntos.
"Tivemos muitas relações, todas consensuais. Ele sempre me respeitou, inclusive na gravação do programa. Porém, em dado momento, começou a ficar insustentável. Frustrante, acho que é essa a palavra. De tentarmos e não evoluímos naquilo. O Leandro não fazia terapia nessa fase", pontuou.
"Eu falei: A gente vai parar de tentar, porque isso tá pegando muito pra mim. Ele já falava que essas questões eréteis dele eram arrastadas desde os 20 anos", admitiu.
A arquiteta alegou que poderia ter dado outros motivos pelos quais os dois se separaram, mas preferiu falar a verdade. "O motivo foi: eu disse para ele fazer terapia e que eu iria aguardar ele. O distanciamento ia mexer com a gente, mas a gente ia fazer uma terapia em casal e ia conseguir se encontrar de novo", disse.
A partir de então, Ingrid citou os abusos que teria sofrido ao longo do casamento. "O abuso, o estupro, porque essa é a palavra, começou a acontecer a partir do momento em que eu conversei com ele. Ele esperava eu dormir para tentar resolver o problema. Mas ele esqueceu que precisava me avisar. Precisava ser consentido, como até então era", disparou.
A arquiteta relatou que Leandro tentava penetrá-la sem ereção quando ela ainda estava dormindo. Ao acordar, ela pedia para que ele parasse.
Ele tentava penetração com o dedo no meu ânus, na minha vagina. Eu acordava com ele me ch*pando. Com todas as práticas possíveis ali, numa tentativa insana de resolver o problema. Não foi um, dois dias. Foram vários dias que se sucederam. Eu não conseguia reagir àquilo. Sempre me vi como uma mulher muito bem resolvida e falava que isso nunca ia acontecer comigo.
Ingrid contou que Leandro alegou que pararia de tentar, mas não parou. "Começou a evoluir para um nojo. Comecei a sentir nojo daquela relação. Daquelas tentativas. Comecei a me vestir mais, dormir com o travesseiro para baixo, dormir na sala, até o dia que meu corpo reagiu, meu corpo colapsou", lamentou.
Na última tentativa, Ingrid afirmou que suplicava para que o ex não tocasse nela, e ele insistiu. "Bati com as costas na cama e acordei com as minhas duas filhas em cima de mim. Leandro sentado na cama, me olhando, e minhas filhas me resgatando, pedindo: 'mãe, volta'", relembrou.
Ela afirmou que teve dificuldades de entender o que realmente estava acontecendo. A arquiteta, então, resolveu terminar com o ex-marido à distância, pois não conseguia mais conviver com o personal.
Na época, ela havia decidido que não traria a público os abusos, por saber o quanto isso influenciaria a vida de ambos. "Eu só queria viver minha vida", contou ela, que também trouxe à tona outras quebras de confiança que Leandro teve durante o relacionamento dos dois.
O ex-parceiro chegou a procurá-la depois do fim do casamento. "Teve um episódio que ele me ligou, pediu pra voltar, dizendo que me amava, que eu era a mulher da vida dele. Vinte e poucos dias depois, descobri que ele tinha ficado com minha amiga, que até foi no meu casamento, um dia antes", disparou.
Ela pediu um afastamento total dele e sugeriu que cada um trilhasse seu caminho. No entanto, Leandro não respeitou isso. "Ele passou a me acessar. Ia a lugares em que sabia que me encontraria, passou a me mandar mensagem esporádicas tentando um alinhamento de conversa", afirmou.
O que fez com que ela mudasse de ideia sobre revelar os abusos foi uma insistência por parte dele de querer que os dois fossem amigos.
"Ele falava: 'a gente precisa ter uma boa convivência, porque a gente vai se reencontrar em eventos, em outras situações, e quando isso acontecer a gente precisa estar bem'", contou. "E eu dizia: 'Leandro, eu não quero ter convivência nenhuma com você, você entendeu?' Passava um tempo, ele mandava outra mensagem".
Qualquer pessoa que passa por um abuso sexual, ela não quer conviver com o agressor. Isso me apavorava de um jeito. Isso foi me dando fobia, me dando desespero. Ele não tinha uma métrica de entender o mal que ele fez para mim.
O episódio de reencontro de Casamento às Cegas Brasil foi a primeira vez que Ingrid ficou cara a cara com Leandro desde o fim do relacionamento. "Eu liguei uma chave de 'vou esquecer o que aconteceu'. Eu passei a ter crises de pânico, a ser medicada, porque eu sabia que eu ia encontrar o Leandro", revelou.
Para ela, o programa de reencontro foi a maneira que encontrou para virar o ciclo. "O programa foi uma forma de eu conseguir me proteger. Eu não vou ficar andando com medida protetiva em evento. Mas, agora, as pessoas sabendo de tudo que passei, de alguma forma vou ser protegida."
"Leandro nunca me ameaçou, mas acho que ele não consegue ter consciência do que ele fez. Ele nomeia o que ele fez como prática egocêntrica. Isso não é egocentrismo. Isso é abuso, é estupro", declarou.
Ela afirmou que abriu um boletim de ocorrência contra ele, denunciou a violência e está protegida pela Lei Maria da Penha. Apesar de tudo, Ingrid declarou que não desiste do amor.
"Eu vou voltar a sorrir e vou aparecer aqui sorrindo bastante. Eu sou uma pessoa traumatizada, e o trauma, a cicatriz, ela fica na pele. Mas isso não anula a vida. Eu vou ser feliz de novo e talvez agora de uma forma honesta, segura e respeitosa", finalizou.
Nos comentários da publicação, a apresentadora de Casamento às Cegas Brasil declarou apoio a Ingrid Santa Rita. "Nenhuma mulher merece passar pelo o que você passou. Eu sinto muito, muito, muito por isso. Que você esteja rodeada de amor com sua família e amigos te acolhendo e te dando todo amor do mundo, porque é isso que você merece. Você sabe que pode contar comigo sempre", escreveu ela.
Nos Stories do Instagram, Camila também fez questão de manifestar solidariedade à participante do reality. "No domingo [7], fomos atravessados pelo triste relato da Ingrid durante as gravações do reencontro. Desde o dia em que recebemos a notícia, conversamos e acolhemos a Ingrid de todas as maneiras que estavam a nosso alcance", afirmou.
"Sentimos muito pelo ocorrido e não poderíamos deixar de vir a público manifestar nosso total apoio e solidariedade a ela e a todas as mulheres que, lamentavelmente, ainda sofrem ou já sofreram qualquer tipo de violência", concluiu a modelo, que assinou em seu nome e do marido, Klebber Toledo.
Procurada pelo Notícias da TV, a assessoria de imprensa da Netflix declarou que a denúncia de Ingrid está sendo levada adiante e que a arquiteta teve apoio da produção do reality.
"A Netflix, a Endemol Shine Brasil e a equipe do Casamento à Cegas Brasil repudiam veementemente qualquer tipo de violência. A produção, em todas as suas etapas, é conduzida com constante apoio profissional aos participantes, e as denúncias apresentadas estão sendo apuradas pelos órgãos competentes", declarou.
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