HAYSAM ALI
Divulgação/Marcos Daniel Ferreira
Haysam Ali em foto de divulgação; participante de Fazenda de Verão estudou no exterior
Conhecido por ter integrado o elenco de Fazenda de Verão (2012), única edição do reality rural com anônimos, Haysam Ali passou os últimos anos dedicado a estudar atuação no exterior. Enquanto lança seu primeiro trabalho internacional, o artista também sonha em voltar ao Brasil para mostrar seu talento numa novela --principalmente se for uma obra de Aguinaldo Silva, que recentemente foi recontratado pela Globo para desenvolver Três Graças.
"Tenho o desejo de fazer novelas, séries... Meu sonho é estar em uma novela do Aguinaldo Silva", entrega Ali em entrevista exclusiva ao Notícias da TV. O autor, aliás, já deu chance para duas ex-participantes de A Fazenda para seus folhetins: Viviane Araujo e Nany People.
"Com minha dupla cidadania, consigo conciliar os dois mundos com mais facilidade. Amo o Brasil e não vejo a hora de passar mais tempo por aí, trabalhando e contribuindo com a nossa arte", valoriza Ali. Questionado sobre qual papel deseja desempenhar em uma produção nacional, ele é direto: "Gostaria de fazer um vilão, ou talvez viver um romance gay".
O ator decidiu ir morar nos Estados Unidos após passar por momentos traumatizantes no reality da Record. Ele chegou a ser ameaçado com um machado por Lucas Barreto, que acabou expulso da competição. Mesmo assim, Ali optou por desistir do programa. Em 2023, Barreto foi preso acusado de espancar filho de cinco anos.
Naquela época, eu era muito jovem e não tinha a maturidade emocional necessária para lidar com tudo o que aconteceu dentro do programa. O impacto foi grande, e eu senti que precisava de um tempo e de um ambiente novo para processar tudo o que vivi e superar o trauma daquela experiência.
"Eu estava em busca de crescimento pessoal e, principalmente, de um espaço onde pudesse me reerguer sem as pressões e os julgamentos que o programa trouxe. Ao olhar para trás, vejo que foi a melhor decisão que poderia ter tomado", assegura.
Haysam Ali se mudou para Nova York em 2015, inicialmente com a intenção de se afastar do mundo do entretenimento. "Eu estava buscando uma mudança de ambiente, uma pausa para focar em novos desafios e encontrar uma nova direção", afirma o também publicitário.
No exterior, ele trabalhou em agências de marketing e também em uma empresa de um aplicativo de avaliação de serviços e negócios. "Esse período foi fundamental para me reconectar com minha carreira na publicidade e, ao mesmo tempo, viver uma experiência profissional totalmente diferente, que me deu uma nova perspectiva sobre o mercado e sobre o meu próprio potencial."
Ele só decidiu retomar o lado artístico em 2021, quando foi para Los Angeles a convite da escola Stella Adler Art of Acting. "Eu me dediquei totalmente ao aprimoramento da minha técnica e formação como ator, o que foi uma experiência transformadora. Foi onde consegui equilibrar minha paixão pela arte com a maturidade adquirida nos anos anteriores", avalia.
Mas nem tudo foram flores para Ali no exterior. Ele também teve de lidar com o preconceito. "Os Estados Unidos são formados por imigrantes, mas, na prática, todo imigrante enfrenta desafios e preconceito, especialmente no começo. Eu passei por isso", conta.
"O que me manteve firme foi a minha determinação e a minha fé. Aos poucos, fui conquistando meu espaço, e esse tabu foi superado. A grande virada aconteceu em 2021, quando conquistei minha cidadania americana. Foi uma vitória pessoal que simbolizou a superação de muitas barreiras. E abriu portas para minha carreira como ator", complementa.
DIVULGAÇÃO
Juliette Cecile e Haysam Ali no curta Play
Haysam Ali tem divulgado sua estreia em uma produção internacional e já vê a repercussão chegar também ao Brasil. Ele estrela o curta-metragem Play, ao lado de Juliette Cecile. "Foi o meu primeiro trabalho como ator em Hollywood. O curta está rodando festivais e vai ser lançado ao público ainda este ano, em duas plataformas de streaming no Brasil", adianta.
Por tratar de bullying, o curta fez com que o ator revivesse traumas do passado. "Antes mesmo da minha participação em A Fazenda, já estava envolvido em campanhas contra o bullying. Esse sempre foi um tema muito importante para mim, e não poderia ter uma estreia melhor no meu trabalho como ator do que com um projeto como Play", comenta.
Foi um desafio pessoal, pois tive que lidar com traumas para poder incorporar meu personagem. Foi um processo cheio de gatilhos, mas, como a mensagem do curta é tão relevante, valeu cada esforço. Hoje, me sinto confortável para falar abertamente sobre o assunto e fico feliz em poder contribuir para trazer mais conhecimento sobre o tema.
"Quero inspirar as pessoas a se sentirem seguras para se abrir, para que ninguém precise passar pelo que eu passei sozinho", completa ele.
Haysam Ali também trabalha no projeto de uma peça sobre Marcelo Costa de Andrade, conhecido como o Vampiro de Niterói. "O tema é delicado, cercado de críticas, mas o objetivo da peça não é defender os atos, e sim buscar entender se existiram fatores em seu passado que possam ter influenciado os crimes que ele cometeu", explica. Andrade é um assassino em série acusado de ter matado pelo menos 14 meninos em 1991.
"A maioria das pessoas que cometem crimes dessa natureza passaram por experiências traumáticas, como bullying, durante a infância. Isso, claro, não é desculpa nem justificativa, mas vejo essa oportunidade como uma chance de refletirmos, como sociedade, sobre as consequências do bullying. Será que, se tivermos mais consciência disso, poderíamos reduzir a ocorrência de atrocidades como as que vemos por aí?", indaga.
O ator ainda está envolvido em um longa sobre tráfico sexual. "Faço um dos personagens que foi traficado, e o filme tem uma história muito intensa. Ainda não posso entrar em muitos detalhes, mas é um projeto que me impactou profundamente e que espero que cause a mesma reflexão no público", arremata.
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