Menu
Pesquisar

Buscar

Facebook
X
Instagram
Youtube
TikTok

ANDRE GABEH

Ex-BBB destrói Claudia Leitte por trocar Iemanjá por Jesus: 'Saia do Carnaval!'

Reprodução/Facebook e Instagram

Montagem com fotos de Andre Gabeh com expressão séria em fundo branco, e Claudia Leitte sorridente em cima de trio elétrico no Carnaval

Andre Gabeh, do BBB 1, publicou carta aberta para Claudia Leitte e a criticou por intolerância

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 16/2/2024 - 13h40

Finalista do BBB 1, Andre Gabeh se revoltou com Claudia Leitte depois que a cantora trocou Iemanjá por Jesus na letra de uma música da banda Babado Novo, da qual fez parte entre 2001 e 2008. O cantor e roteirista escreveu uma longa carta aberta para a artista e sugeriu que ela reconsiderasse sua carreira. "Saia do Carnaval", disparou ele.

Gabeh publicou o desabafo em seu perfil no Facebook na quinta-feira (15), após as imagens de Claudia com a letra alterada de Caranguejo viralizarem. O registro é do DVD AxeMusic: Ao Vivo em Recife, gravação de um show de Claudia em 2014, mas foi resgatado por internautas que a acusam de intolerância religiosa.

A composição original diz: "Maré tá cheia / Espera esvaziar / Joga flores no mar / Saudando a rainha Iemanjá". A evangélica, no entanto, homenageou a própria religião ao transformar Iemanjá em Yeshua --palavra hebraica para "salvação" e que alguns religiosos consideram o nome original de Jesus.

O ex-BBB não ficou calado diante das imagens. "Que raiva, meu Deus, que raiva!", começou ele na rede social. "Claudia Leitte, acredito que você esteja cercada de pessoas que a todo momento te falam: 'Diva, lacrou, maravilhosa, hitou'. Mas eu preciso te contar um negócio muito sério, coisa pontual: você é
cantora de um gênero chamado axé music. Não é Canção Nova music, não é Zaqueu music, não é louva music, é axé music!"

"Sabe o que é axé, fia? Axé é vida, força, é poder. Axé é o 'amém' do povo preto, é também o nosso 'Deus te abençoe', o nosso 'que sua vida seja plena e abundante'. Respeite isso!", disparou Gabeh.

O artista resgatou atitudes de teor duvidoso de Claudinha no passado para argumentar mais críticas. "Você comprou suas casas, hidratou seus cabelos, pagou a escola de seus filhos, fez capas de discos com blackface, lançou sucessos questionáveis com letras lactobacílicas e próbioticas... Tudo isso graças a sua carreira construída sobre os pilares de um estilo musical chamado axé music. Tá entendendo?"

Ele ainda apontou que a cantora sequer é da Bahia --ela nasceu em São Gonçalo (RJ), embora goste de dizer que tem alma baiana. "Você faz sucesso se fingindo de baiana, se fingindo de cantora, se fingindo de afroloira graças ao axé music. Organizou isso na sua mente? Então vigia, varoa. Vigia muito atentamente e pare de fazer a pêssega ungida. Você e seus fãs que apoiam a sua palhaçada de trocar Iemanjá por 'só louco meu rei Yeshua' precisam tomar vergonha em suas caras lactósicas, precisam se dar o respeito."

"Ressignifique a sua carreira genérica e não menospreze uma cultura totalmente eclipsada que, infelizmente, te consagrou. Se componha, obreira.
Cante gospel. Cante louvores. Sabemos que pra isso você terá que estudar muito, ajustar respiração, apoio, laringe, filtros e fontes sonoras, porque a música 'gospel' brasileira é conhecida por cantores de muitos recursos vocais, coisa que a gente sabe que você precisa desenvolver", alfinetou.

"Faça isso, você consegue. Estude, treine. És uma mulher linda e ficará maravilhosa com tailleurs e terninhos de tecido brilhante cantando versões de 'Entra na minha casa, entra na minha vida, porque ele vive e grandioso és tu'. Força guerreira. Tem que ter gogó. Tens gogó? Então vá", continuou Gabeh.

O ex-BBB fez um alerta sério para Claudia. "Mas não faz graça com o nome de Iemanjá. Não substitua o nome santo de Iemanjá em uma música nascida das entranhas dos diaspóricos negros que são apagados por você e outras cantoras baianas brancas que até hoje vivem do abraço que o racismo estrutural proporciona e que coloca cantoras caucasianas como expoentes da música preta, enquanto Margareth Menezes é quase um adjunto adverbial de ausência no panteão das afrobrancas baianas", detonou.

"A gente entende que esse privilégio é irresistível e poderoso, porque afinal estamos falando do estilo musical que escolheu a nova loira do Tchan e invisibilizou Débora [Brasil], a dançarina preta do Tchan enquanto ainda era Gera Samba. Eu te entendo", continuou o ex-BBB.

"Amaria poder ter essas oportunidades enquanto homem negro, mas vivo em um mundo onde as pessoas acham normal que 97% (isso é um cálculo real) das pessoas que julgam o Carnaval carioca sejam brancas. Ou seja: sei exatamente que esse mundo não é pra mim. Esse mundo é pra você, feito por pessoas como você, que se irmanam a você e fazem com que a gente que reclama pareça um bando de ressentidos, quando na verdade já abrimos mão desse protagonismo e estamos procurando outras histórias e caminhos."

"Mas eu preciso me manifestar pela honra de meus ancestrais. Preciso me manifestar pela decência de ser um homem preto e macumbeiro que vive de falar sobre minha ancestralidade, porque além de todo o cinismo fundamentalista, dona Claudia Leitte tem que entender que, quando ela muda uma letra, ela desrespeita a própria arte, desrespeita o compositor e sua inspiração. Isso é arrogante e egocêntrico", criticou.

"Imagina se um cantor de religião afrobrasileira troca os versos de Ave Maria no Morro para flexionar a poesia de maneira favorável a seu culto? 'E o morro inteiro no fim do dia, reza uma prece, Maria Padilha'. Pensa no escândalo! Pensou? Pensou nada", comparou o cantor e escritor.

"E não me venham com 'ela canta o que ela quiser, do jeito que ela quiser'. Ela só pode ter essa autonomia sobre aquilo que compôs. De resto, é só fundamentalismo e intolerância religiosa", atacou.

"Vou falar uma coisa pra você, Claudia Leitte. Quer dizer, vou falar mais uma coisa pra você e que serve pra Baby do Brasil (outra equivocada e irresponsável pra quem resolveram passar pano por causa de seus anos de carreira e fanatismo) e pra todos os evangélicos que odeiam Carnaval: Saiam do Carnaval!", sentenciou Gabeh.

"Carnaval é a festa da carne. Eu e nenhum simpatizante de axé entramos em igrejas cantando pra Oxalá. Façam o mesmo. Se não há convivência respeitosa e pacífica, que cada um fique no seu quadrado. O que Claudia Leitte está fazendo cantando algo que não a representa e fere seus princípios? É pra pagar IPTU? Pra manter um status rançoso? Parem! Cada coisa em seu lugar e respeito sempre. Que desapareça do mundo secular e ressurja em glória longe dos ouvidos mundanos", finalizou o ex-BBB.


Mais lidas


Comentários

Política de comentários

Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.