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MÚSICO DO PROGRAMA DO JÔ

Derico Sciotti chora e revela última conversa com Jô Soares: 'Um pai para mim'

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Derico Sciotti, saxofonista que trabalhou com Jô Soares, em entrevista ao Bom Dia São Paulo nesta sexta (5)

Derico Sciotti, saxofonista que trabalhou com Jô Soares, em entrevista ao Bom Dia São Paulo nesta sexta (5)

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 5/8/2022 - 8h19

O saxofonista Derico Sciotti, que trabalhou com Jô Soares (1938-2022) no Jô Soares Onze e Meia (1988-1999) e no Programa do Jô (2000-2016), deu seu depoimento sobre o artista, que morreu na madrugada desta sexta (5). Emocionado, ele participou ao vivo no Bom Dia São Paulo, chorou de tristeza e de alegria ao lembrar o amigo e contou qual foi a última conversa que teve com ele. 

"É triste ter que acordar assim. Era 6h da manhã, meu celular começou a bater. A gente pensa no pior. Comecei a ver um monte de mensagens de 'meus sentimentos', aí eu abri a notícia e vi a morte do Jô. É muito triste mesmo. Eu tenho um carinho, fiquei 28 anos lá [nos programas], metade da minha vida ao lado do Jô. E praticamente metade da vida profissional dele. É um privilégio. Ele foi e é uma pessoa incrível, uma espécie de um pai pra mim", falou.

"Ele me ensinou tudo. Comecei com ele tinha 22 anos, saí com 50. Minha vida passei ouvindo ele, sentava naquela cadeira e via a história do Brasil e do mundo passar. Ele falava que não fazia programa sozinho, que, apesar de ser o Programa do Jô, a gente fazia parte do programa, ele sempre deu abertura pra a gente desenvolver nossas capacidades. Ele exercitava o poder que tinha. Foi legado que ele deixou pra nós, todo mundo que ia no programa falava como ele ajudava com [divulgação de] livros, teatro, música. Era uma pessoa diferenciada", afirmou Derico.

O músico, que fez parte do sexteto, contou que entrou para o Jô Soares Onze e Meia aos 22 anos, no mesmo dia em que seu filho nasceu. Ele chorou de rir ao relembrar histórias que viveu nos programas, e Rodrigo Bocardi reparou: "Jô Soares é capaz de provocar ao mesmo tempo choro de tristeza por sua partida e de alegria por tanta coisa boa que ele fez, que ele nos trouxe". 

Derico Sciotti então se emocionou ainda mais. "Jô foi como um pai pra mim. Eu tive um pai maravilhoso, mas o Jô foi um pai diferente. Fez o que só ele poderia fazer como profissional e como tutor. Ele me ajudou de uma forma que não tenho capacidade de externar tudo que ele fez por mim", disse. 

"Jô sabia que podia contar comigo pra tudo que precisasse. Sabia que nunca ia ouvir um não ou não sei. O inverso era proporcional, eu sabia que ele nunca ia me colocar numa roubada, numa situação pejorativa, menor. Foi uma relação de confiança muito grande", afirmou.

O saxofonista foi chamado de Bira por Bocardi durante a entrevista. O jornalista se desculpou por sua confusão, em relação ao baixista Ubirajara Penacho dos Reis, que também trabalhou no Programa do Jô e morreu em 2019, aos 85 anos. "Se o Bira não tivesse morrido em 2019, teria morrido hoje. Ele amava o Jô, a equipe, a TV, o trabalho", revelou Derico.

O saxofonista contou, então, como havia sido sua relação com Jô Soares nos últimos tempos e sobre o que eles falaram na última conversa que tiveram, por telefone. 

"Eu sempre tive um sonho na minha vida que era bater um papo [gravado] com ele, tipo o que a gente tá fazendo aqui. Eu tive momentos assim, mas queria um momento pra falar sobre tudo, passar a régua, como a gente faz com pai e mãe. Eu forçava a barra, ligava pra ele, falava deixa eu ir aí, vamos conversar, deixa eu registrar um papo falando sobre coisas da vida. Não deu tempo. Uma pena. Como a gente se divertiu, como era legal trabalhar aí [na Globo]. Fico feliz de ter tido a oportunidade", concluiu o músico.


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