CASO JÉSSICA VITÓRIA
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Inês Oliveira e sua filha, Jéssica Vitória Canedo: estudante de 22 anos foi vítima de fake news
[Alerta de gatilho: este texto contém informações que podem ser sensíveis a pessoas com depressão ou tendências suicidas]
A Choquei e outros perfis de fofoca que compartilharam a fake news sobre o suposto relacionamento de Jéssica Vitória e Whindersson Nunes estão sendo investigados por suspeita de indução ao suicídio. O delegado responsável pelo caso pediu a quebra de sigilo das contas que serão vasculhadas nas redes sociais. A família da estudante pede que os responsáveis pelas páginas sejam culpabilizados judicialmente pela morte dela.
Felipe Monteiro, delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, ouviu na quinta (28) o depoimento de Raphael Sousa, criador e administrador da Choquei. Apesar de o influenciador ter apresentado arquivos de que a notícia falsa não partiu de sua equipe, o fato de a Choquei ser uma página de grande alcance nacional pode pesar nas investigações. Outros perfis de fofoca também serão ouvidos.
"Para dar prosseguimento à investigação, que avalia o crime doloso de indução ao suicídio, estamos aguardando a aprovação do pedido de quebra de sigilo das contas do veículo nas redes sociais. Também estamos avaliando quem serão as próximas pessoas interrogadas", contou o delegado em entrevista ao jornal O Globo.
"A família, por meio do advogado, também tem interesse em instaurar um inquérito por crime contra a honra, que só pode ser solicitado pela família ou pela própria vítima. No entanto, ainda não recebemos uma ação efetiva dos familiares", acrescentou Felipe Monteiro.
O advogado Ezequiel Souza, representante da família de Jéssica, culpou os perfis da internet pela tragédia. Em um comunicado divulgado por Inês Oliveira, mãe da estudante, ele afirmou que a família deseja que os responsáveis pelas páginas de fofoca que compartilharam a fake news sejam responsabilizados criminalmente pela morte dela.
"Embora o direito à liberdade de expressão esteja consagrado na Constituição Federal, sua prática deve observar os demais direitos previstos na Carta Magna, sobretudo o princípio da dignidade da pessoa humana. Torna-se, portanto, imperativo responsabilizar aqueles que ocupam posições de comunicadores em redes sociais pelos impactos de suas ações na vida alheia, assim como determina nosso ordenamento jurídico", discursou ele, em nota.
Buscaremos e confiamos na Justiça para que todos os envolvidos na disseminação de notícias falsas que possam ter contribuído para o falecimento de Jéssica sejam responsabilizados conforme a lei.
A Choquei lamentou a morte da estudante e disse que irá contribuir com as investigações: "Neste momento, a Choquei passa por um profundo processo de reavaliação interna dos métodos adotados visando a implementação de filtros e códigos de conduta para evitar que episódios dessa natureza voltem a acontecer. Reiteramos nossa solidariedade e total apoio à família de Jéssica Vitória Canedo".
Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, foi alvo de fake news na internet. Uma conversa falsa entre ela e Whindersson Nunes foi divulgada no último dia 18 em perfis de fofoca nas redes sociais, como a Choquei, que hoje soma 20 milhões de seguidores no Instagram. O boato fez com que ela se tornasse alvo de ataques. Quatro dias depois, Jéssica se matou.
Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e presencialmente.
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