De RBD e NX Zero a Jogos Vorazes: Como a nostalgia dominou 2023?

O ano ficou marcado pelo retorno de grandes produções culturais. Entre turnês de reencontro e sagas cinematográficas, artistas resgataram o apreço daqueles fãs que, mesmo com o passar dos anos, não deixaram de acompanhá-los. O sucesso desses projetos posiciona a nostalgia como uma importante estratégia de vendas.

Em conversa com o Notícias da TV, Josmar Andrade, professor do curso de Marketing na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e especialista em marketing para produtos da economia criativa, atribui o sucesso dessas produções à memória afetiva dos seres humanos.

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"Existe um momento da vida, da passagem da adolescência para a idade madura, que a gente tem um grande apego às experiências culturais, emocionais e afetivas que tivemos, que marcam uma geração. As pessoas que viveram a época do RBD têm uma saudade não só do grupo, mas de uma época da vida que viveram", afirma, ao mencionar a Teoria de Cohort.

Andrade exemplifica que, ao assistir ao show de uma turnê de reencontro, o fã espera se reconectar com uma parte de seu passado. "Você está querendo voltar a viver a experiência de um momento da sua vida em que talvez você fosse mais feliz ou tivesse mais sonhos", continua.

O especialista também ressalta a importância das redes sociais para produções que, entre seus pilares comerciais, se apegam à nostalgia. Além de reaproximá-los de seu público inicial, os algoritmos das plataformas possibilitam a captação de uma nova geração de admiradores.

"As redes sociais são movimentadas com dois tipos de mecanismos: o primeiro é o algoritmo, que acompanha os seus gostos e preferências e dispõe conteúdos que são mais adequados ao seu perfil", pontua.

"Além disso, há pessoas que verdadeiramente se afiliam a grupos. Elas procuram as comunidades dos artistas prediletos na música, no cinema, na literatura", complementa. "Se você quer, como artista, se aproximar da geração mais nova, é aquela frase do Milton Nascimento: 'Todo artista tem que ir onde o povo está'".

O segundo mecanismo, de acordo com Andrade, é menos orgânico. Nele, artistas e produtoras pagam para ter seu conteúdo impulsionado a um determinado público-alvo. "Nesse caso, você seleciona o público que você acha que vai ter mais conexão, de maneira que aumente a visibilidade."

Veja alguns artistas e produções que retornaram neste ano:

RBD

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O RBD realizou oito shows no Brasil

O grupo formado por Anahí, Christian Chávez, Christopher von Uckermann, Dulce María e Maite Perroni anunciou em janeiro a Soy Rebelde Tour, uma turnê de reencontro após 15 anos.

As apresentações foram iniciadas em agosto, nos Estados Unidos, e passaram pelo Brasil em novembro. A turnê foi encerrada no México, país de origem da banda. No total, foram realizados 54 shows.

Restart

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Da esquerda à direita: Koba, Thomas, Pe Lanza e Pe Lu

Criada em 2008, a banda Restart anunciou a turnê comemorativa Pra Você Lembrar em agosto. O grupo que popularizou o happy rock anunciou uma pausa indeterminada em 2013 e nunca teve a oportunidade de se despedir dos fãs. A próxima apresentação acontecerá em Recife, em 20 de janeiro.

"Desde o ano passado a gente vem namorando isso, porque é uma data superemblemática para encerrar esse ciclo, essa história que a gente deixou em aberto", revelou Pe Lanza, em entrevista ao site Splash. Em 2023, a banda completou 15 anos.

NX Zero

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Integrantes anunciaram a Tour Cedo ou Tarde

Após 16 anos em atividade, o NX Zero surpreendeu fãs ao anunciar uma pausa indeterminada em 2017, durante uma participação no Altas Horas. "A gente precisa disso, acho que vai ser saudável esse período para a banda, para depois a gente voltar de uma forma renovada", disse o vocalista Di Ferrero.

Em janeiro deste ano, a banda divulgou a Tour Cedo ou Tarde nas redes sociais. No total, foram realizadas 40 apresentações pelo Brasil. O projeto foi encerrado com dois shows esgotados em São Paulo, em dezembro.

Jogos Vorazes

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Tom Blyth interpreta a versão jovem de Coriolanus Snow

Neste ano, a nostalgia não se limitou a artistas musicais. A série de filmes Jogos Vorazes, baseada nos livros homônimos da autora Suzanne Collins, foi iniciada em 2012. O último filme da saga, Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 2, foi lançado em 2016.

Em 2020, a autora lançou o livro A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, que antecede a saga original. A produtora Lionsgate já havia expressado o desejo de fazer spin-offs da franquia. Assim, em novembro de 2023, estreou nos cinemas a adaptação da mais recente obra de Suzanne.

O filme conta a história de Coriolanus Snow, principal vilão da franquia. O filme já arrecadou US$ 260 milhões (R$ 1,2 bilhão) mundialmente e conseguiu boas avaliações --no site Rotten Tomatoes, agregador de resenhas de cinema e televisão, a produção teve aprovação de 64% dos críticos e de 89% do público.

Mamonas Assassinas: O Filme

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Da esquerda à direita, atores como Sérgio, Bento, Dinho, Júlio e Samuel

A produção que chega aos cinemas nesta quinta (28) une a nostalgia dos anos 1990 com a história de um dos principais fenômenos musicais do Brasil. O filme biográfico mostra a trajetória meteórica do Mamonas Assassinas, grupo que alcançou o sucesso entre 1995 e 1996.

O longa-metragem acompanha a formação da banda em Guarulhos, em São Paulo, até o acidente que vitimou os integrantes --Dinho, Bento Hinoto, Samuel Reoli, Júlio Rasec e Sérgio Reoli.

'N Sync

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

A boyband durou de 1995 a 2002

O grupo que alavancou o nome de Justin Timberlake à indústria fonográfica lançou a música Better Place em setembro deste ano. Foi o primeiro trabalho do 'N Sync desde 2002, quando o quinteto anunciou sua separação.

A canção faz parte da trilha sonora do filme Trolls 3 - Juntos Novamente (2023) e alcançou a 25º posição na Billboard Hot 100, principal parada musical nos Estados Unidos.