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PIERRE BITTENCOURT

Crise com álcool e paixão diferente: Por onde anda o Mosca de Chiquititas?

DIVULGAÇÃO/THIAGO FONTANA

O ator Pierre Bittencourt; ele está sentado, de camisa branca, e sorrindo para a câmera

Com quase 40 anos, Pierre Bittencourt afirma ser lembrado até hoje pelo Mosca de Chiquititas

ARTHUR PAZIN

arthurpazin@noticiasdatv.com

Publicado em 29/6/2022 - 6h20

Mais de duas décadas se passaram e mesmo aos 38 anos, Pierre Bittencourt ainda é lembrado como o órfão Mosca, da primeira versão de Chiquititas (1997), no SBT. O ator, que há 16 anos integra o elenco de A Praça é Nossa --entre idas e vindas--, reestreia em julho no teatro, em São Paulo. Ele também trabalha como dublador e é apaixonado por ônibus. Em entrevista ao Notícias da TV, Pierre fala sobre a nova fase após passar sete anos sem álcool. "Autocontrole é tudo", disse.

Com uma rotina dedicada ao trabalho artístico, Pierre abriu o jogo sobre a crise que enfrentou com a bebida. Em 2020, o ator usou suas redes sociais para comunicar que estava, à época, havia cinco anos sem beber. De acordo com ele, a intenção era alertar sobre os excessos que os seres humanos cometem. "Eu entendi que era melhor eu parar. Não tinha um grau de alcoolismo alto, mas eu tomava cerveja praticamente todos os dias", confessa o ator, que diz ter resolvido a questão com terapia.

"Eu naquela época não tinha o autoconhecimento na minha vida. Foi a partir daí que eu olhei pra dentro de mim mesmo e entendi onde estavam meus excessos e tive que dar um breque. Foi aí que eu aprendi que esse equilíbrio vale para tudo na vida", explica Pierre.

O ator, hoje, diz ter mais maturidade e que aprendeu a beber moderadamente. "O excesso é uma falta que existe dentro de você e que precisa ser investigado. Mas a gente consegue, é um processo de evolução do ser humano", avalia o ex-Chiquititas.

'Busão' do Mosca

Desde criança, Pierre coleciona miniaturas de ônibus e contou que é aficionado pelo veículo. O hobby ganhou tanta força que ele chegou a tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na categoria D, a exigida para poder conduzir veículos do tipo.

Na ocasião, o eterno Mosca comprou um micro-ônibus, que ele acabou vendendo para trocar o carro. Depois, teve um segundo micro-ônibus, mas fez negócio com o veículo e também passou adiante. Pierre agora junta dinheiro para realizar o sonho de ter um ônibus de verdade. "Meu sonho. É um hobby, um tesão que tenho!", define. Um ônibus rodoviário novo pode ser encontrado à venda por preços entre R$ 500 mil e R$ 700 mil.

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Pierre Bittencourt é apaixonado por ônibus

Pierre Bittencourt é apaixonado por ônibus

Comédia na Praça

Quando ainda era criança, antes de Chiquititas, Pierre Bittencourt chegou a fazer alguns trabalhos, como o filho de Christiane Torloni e José Mayer no filme Perfume de Gardênia (1992). Ele também gravou algumas participações em A Praça É Nossa, tradicional humorístico do SBT, que hoje, entre idas e vindas, conta com o ator em seu time desde meados de 2006.

De lá para cá, ele fez inúmeras participações, como um clone de Zé Bonitinho, criado por Jorge Loredo (1925-2015), e também encarnou personagens fixos, como o atrapalhado Guarda Belo.

"Eu sempre fiz de tudo, comecei com comercial, mas o humor já estava nos meus planos, sempre esteve na minha vertente", conta o ator, que em 2019 gravou uma participação na série Carcereiros, da Globo. Na emissora carioca, ele já atuou também em Você Decide (1992-2000) e Carandiru: Outras Histórias (2005), além de participações no extinto Retrato Falado (2000-2001/2003-2007), do Fantástico.

Na Praça, Pierre contracena com nomes da comédia que ele se diz fã, como Matheus Ceará e Marlei Cevada. E também reencontrou, em cena, Renata Del Bianco, que viveu Vivi em Chiquititas.

LOURIVAL RIBEIRO/SBT

Pierre Bittencourt como Guarda Belo em A Praça É Nossa

Pierre Bittencourt como Guarda Belo

Teatro

Após dois anos de pandemia, Pierre Bittencourt se prepara para voltar aos palcos. Em 2 de julho o ator reestreia, no Teatro Santo Agostinho, na peça O Amante do Meu Marido, comédia dirigida por Miriam Lins, que conta também com Milton Levy, Marisa Maia e Adelita Del Sent no elenco.

No espetáculo, Pierre vive, desde 2014, Arnaldo, papel interpretado durante quase dez anos por Mateus Carrieri, que se afastou da obra devido a uma cirurgia. "É uma confusão a peça e depois da pandemia está todo mundo sedento por teatro e vale muito a pena pra quem viveu tanto tempo enclausurado", sugere.

DIVULGAÇÃO

Pierre Bittencourt na peça O Amante do Meu Marido

Pierre (de amarelo) em O Amante do Meu Marido

Pierre estreou no teatro aos nove anos, também ao lado de Miriam Lins. Na peça, Céu Tem que Esperar (1993), dirigida por Cecil Thiré, ele vivia o neto de Paulo Autran e revezava a missão com os atores Fábio Lucindo e Rafael Meira.

Ao longo de sua trajetória, viveu diversos papéis em peças infantis como Pluft, o Fantasminha; Os Saltimbancos; Branca de Neve; Chapeuzinho Vermelho; entre outros. No final da adolescência, atuou em Detenção, espetáculo dirigido por Maurício Lancastri, inspirado no massacre do Carandiru. No final dos anos 2000, viajou o país ao lado de Nany People em Nany People Salvou Meu Casamento. 

Dublagem

Além do teatro e da TV, Pierre Bittencourt também se dedica desde meados de 2007 à dublagem. Ele foi responsável por dar voz à atriz trans Laverni Cox no reality show Glam Masters, exibido no Brasil pelo Lifetime. "Foi um enorme desafio um hetero dublar uma trans", contou.

Pierre também emprestou sua voz a Gary, protagonista do desenho Final Space (2018-2021), da Netflix, e ao vilão Killmonger, do filme Pantera Negra (2018). Atualmente, ele dubla Bill Calton em Texas Metal, série do Prime Video.

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Pierre Bittencourt como dublador

Pierre Bittencourt como dublador

Eternamente Chiquititas

Mosca de Chiquititas está presente até os dias de hoje na vida de Pierre Bittencourt. Para ele, nem mesmo o remake feito pelo SBT em 2013 fez com que o público se esquecesse do menino do orfanato Raio de Luz.

"É muito bonito, porque é um sinal de que foi um trabalho muito bem feito, o que me dá uma sensação de missão cumprida. É gratificante demais quando me encontram e falam que adoram o Mosca", afirma.

Para deixar isso registrado em sua trajetória, Pierre conta que leva sempre com ele o personagem da novela infantil. Nas camisas do Corinthians, por exemplo, seu time de coração, ele faz questão de personalizar com o nome do órfão.

REPRODUÇÃO/TWITTER

Mosca e Pata de Chiquititas

Pierre Bittencourt ao lado de Aretha Oliveira

"O Mosca é eterno. Ele vai ficar pra sempre na minha vida, com quarenta, com cinquenta. Enquanto olharem pra mim e lembrarem do Mosca de Chiquititas, eu vou adorar", diz o ator, que conversa frequentemente com parte do elenco por meio de um grupo no WhatsApp.

"Tem gente que não quer fazer parte do grupo, e a gente respeita, mas a gente sente saudade. É uma grande família que sabe que todo mundo está ali a hora que precisar", conta Pierre.


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