BETO SILVEIRA
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Beto Silveira em vídeo gravado para estúdio de artes em maio de 2016, um mês antes de prisão
Beto Silveira (1950-2022), preparador de elenco contratado em 2013 para trabalhar em Chiquititas (2013), no SBT, foi condenado naquele mesmo ano por estupro. Em 2011, o Tribunal de Justiça de São Paulo já havia emitido outra condenação por abuso de uma criança de nove anos. Ele teve a prisão em 2016 abafada e morreu em maio último com status de estrela e referência na classe artística.
As duas condenações aconteceram pela mesma denúncia, feita primeiro em 2000 pela mãe da então criança através de um boletim de ocorrência; e em 2009, quando a vítima completou 18 anos e decidiu expor o caso. O Notícias da TV apurou que esta não foi a única vítima do pedófilo.
A reportagem teve acesso ao processo de Silveira. Logo na primeira decisão, os advogados entraram com um recurso, negado em seguida, que só serviu para mais uma condenação e readequação da pena para 16 anos e nove meses de reclusão em regime fechado.
O mandado de prisão foi expedido em 2014, sendo cumprido apenas em 2016. A defesa pediu que a pena fosse transferida para prisão domiciliar, alegando que o homem de 66 anos apresentava sintomas do mal de Alzheimer. Os representantes pediram urgência para a realização de exames por um médico particular, mas o juiz cedeu um especialista prisional para assisti-lo.
Foi constatado que Silveira se sentia "bem, consciente e orientado", e o pedido de transferência domiciliar acabou negado inicialmente. O processo seguiu com apresentações de laudos, atestados e exames para comprovar a doença e, por fim, uma consulta particular na prisão.
Em novembro de 2017, após Silveira ficar um ano e três meses na cadeia, foi cedida a transferência para prisão domiciliar --naquela época, sua escola de artes em São Paulo ainda estava em funcionamento.
O artista passou os últimos anos de vida em sua casa, enquanto fazia tratamentos psicológicos para demência e acompanhamento médico para um aneurisma. O último pedido de seus advogados à Justiça é de maio de 2022 -- mês de sua morte por mal súbito--, em mais uma tentativa de mudar o regime para semiaberto. O processo ainda não foi arquivado.
O Notícias da TV apurou o caso após as denúncias da ex-atriz mirim Duda Wendling no podcast BarbaCast neste mês. Ela revelou que além de Silveira, outro preparador de elenco, também do SBT, foi preso por pedofilia na época na novela Cúmplices de Um Resgate (2015). A artista assegurou que não foi violentada por ninguém.
O SBT afirmou que não tinha conhecimento da ficha criminal do ex-profissional quando o contratou. Sobre as alegações de Duda, a emissora definiu as falas como "totalmente infundadas".
A repercussão da morte do criminoso não levantou suspeitas de sua condenação. A atriz Jeniffer Nascimento, no ar em Cara e Coragem, chegou a publicar um relato em homenagem ao preparador. Ele foi responsável por trabalhar com famosos como Ana Paula Arósio, Eliana, Ana Maria Braga, Larissa Manoela, Deborah Secco, Fabio Assunção, Lilia Cabral, entre outros.
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