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DANIELLA PEREZ

Como Gloria Perez investigou assassinato da filha com métodos desesperados

REPRODUÇÃO/HBO MAX

A autora Gloria Perez nos anos 1990, de cabelos compridos, expressão séria, em frente a fundo azul

Gloria Perez após o assassinato de sua filha, Daniella; a autora se tornou detetive incansável

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 31/7/2022 - 8h40

Poucas horas depois de o assassinato de Daniella Perez (1970-1992) ser cometido, a polícia já havia identificado um dos autores: o ator Guilherme de Pádua, que contracenava com ela na novela De Corpo e Alma (1992). Mas, no mesmo dia em que enterrou sua filha, a autora Gloria Perez passou a receber mensagens anônimas e se tornou uma detetive, com métodos desesperados para juntar todas as pontas do crime bárbaro de que a moça foi vítima. 

Gloria conta os percalços que enfrentou na série documental Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, da HBO Max. No terceiro episódio, liberado na plataforma de streaming na última quinta (28), ela relata como seguiu pistas que incriminavam o ator e a então mulher dele, Paula Thomaz. 

Na mesma noite do enterro, Gloria recebeu uma ligação que dizia: "Se você quiser saber o que aconteceu com sua filha, vá até o posto", em referência a um posto de gasolina localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, perto do local onde Daniella e Pádua gravavam a novela. 

Ela passou a ir ao tal posto todos os dias, na esperança de que alguém falasse alguma coisa. "[Quando eu chegava] Frentistas corriam cada um pra um lado. Um até ameaçou, disse: 'Se eu perder o emprego por causa da senhora, a senhora vai ver', lembra ela. 

Glória descobriu, por relato de um cozinheiro, que Daniella havia levado um soco e desmaiado ali no posto. Ao tentar obter mais informações, ficou sabendo que o proprietário do local havia demitido todos os funcionários que trabalharam no horário em que Daniella e Pádua foram vistos por lá. 

"Viramos detetives. Todos os dias tínhamos uma missão pra fazer. A gente andou, perguntava aqui, perguntava ali. Era uma vida de detetive", disse Nilson Raman, empresário e amigo de Gloria. 

Nessas andanças e questionamentos, entrando por comunidades, ela descobriu que dois frentistas haviam visto Pádua e Daniella no posto, e um deles era gago. Ao parar num bar e perguntar se alguém conhecia um deles, ela foi informada de que havia um frentista gago que morava ali perto. 

Gloria, então, começou uma jornada para fazer o homem falar. Ela passou a bater na porta da casa dele todos os dias, mas a mãe do rapaz queria evitar qualquer contato com polícia. "Medo, a gente que não conhece muito de Justiça tem medo. O lado mais fraco era eu. [...] Tive pena dela. Pena porque também sou mãe", relatou Dagmar Bastos. 

Após Gloria Perez implorar, Dagmar liberou que a autora falasse com seu filho, o frentista Flávio Bastos. A mãe de Daniella mostrou as fotos da filha morta e ajoelhou no chão pedindo para o rapaz, então com 18 anos, testemunhar em juízo. Ele havia visto uma conversa nada amigável entre os dois atores, na qual Pádua apagou Daniella com um soco e a colocou no carro, no banco do carona.

Havia ainda outra testemunha: em suas andanças, Gloria descobriu um rapaz que havia lavado o carro de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz; o veículo estava cheio de sangue. Era Antonio Clarete. Ao chegar ao endereço dele, a autora não foi recebida pelo ex-funcionário, que já sabia o que ela queria. Ela voltou lá outras vezes, mas ele mandava alguém avisar que não se encontrava. 

Gloria decidiu esperar na porta da casa até que ele aparecesse. Começou a chover, mas ela não desistiu. Um vizinho teve piedade, a convidou para entrar e disse a Clarete que a mulher tinha ido embora. Quando ele apareceu, no entanto, deu de cara com ela. 

Para Gloria, o homem contou tudo que tinha feito, todo o sangue que havia lavado do carro [sem saber que se tratava de um veículo utilizado num crime], mas afirmou que não iria depor à polícia, também por medo. Tanto Bastos quando Clarete são homens negros e de origem humilde. 

A autora, então, ficou sabendo que ele era evangélico e ativou seus contatos. Falou com a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que era da mesma vertente evangélica que o lavador de carros, e Benedita falou com o pastor da igreja dele. Os dois se encontraram com Clarete e conseguiram convencê-lo a contar o que testemunhou a oficiais. 

Os dois foram peças fundamentais para sustentar a história do que aconteceu na noite do assassinato e colaboraram para que o júri entendesse que Pádua e Paula eram culpados e premeditaram o assassinato de Daniella Perez. "O que aconteceu com os frentistas é que eles viraram gigantes", afirmou Gloria Perez.


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