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FORA DO ARMÁRIO

Carmo Dalla Vecchia questiona homofobia interna: 'Cresci ouvindo que eu era errado'

Divulgação/Caio Gallucci

Com barba espessa, Carmo Dalla Vecchia está sentado no chão e tem expressão de desespero

Carmo Dalla Vecchia interpreta um homem que vive no armário na peça Todo Chapéu me Lembra Você

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 30/5/2024 - 8h54

Carmo Dalla Vecchia só foi abrir o jogo sobre sua sexualidade aos 49 anos, após uma apresentação na Dança dos Famosos em 2021. Passar tanto tempo no armário para "proteger" sua carreira acabou mexendo com sua cabeça, a ponto de o ator questionar se já foi --ou ainda é-- homofóbico. "Eu mesmo não sei se eu não sou ainda, porque cresci com as pessoas falando que eu era um sujeito errado", admitiu.

Em entrevista à Quem nesta quinta-feira (30), quatro dias antes da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o galã falou que os vídeos divertidos que posta em suas redes sociais e trata a homossexualidade com leveza são uma maneira de ele combater o preconceito --e não só o das outras pessoas.

"Percebi que eu poderia diminuir o meu próprio preconceito falando do assunto. Eu iria me aceitar melhor. Acho muito estranho quando escuto 'não tenho preconceito' ou 'não sou homofóbico'", disse ele, admitindo que questiona também os valores que foram incutidos em sua mente desde cedo.

"Quando alguém que não é gay vem me dizer que não tem preconceito, eu arregalo o olho: 'Ah é? Você tem certeza?'. Daí elas mostram os preconceitos por outras vielas: 'Não tenho preconceito, mas tenho medo que o meu filho sofra'. Seu filho vai sofrer se não tiver acolhimento em casa. Ele vai ter que lidar com essas questões na rua e sofrer", discursou.

Dalla Vecchia também valorizou o longo processo pessoal até se sentir à vontade para ser sincero sobre o tema. "Muita coisa aconteceu até eu chegar neste lugar: idade, muito tempo de psicanálise, pandemia, morte de pessoas queridas e um entendimento maior sobre como o meu exemplo poderia trazer felicidade, alívio e pertencimento a outras pessoas", listou.

"Talvez essa compreensão tenha feito com que eu quisesse muito falar sobre esse assunto. Mas entendo o quanto isso é difícil para algumas pessoas e, mais do que isso, o quanto esse momento de cada pessoa deve ser respeitado. Só a pessoa sabe da dor, da dificuldade e do preconceito que sofreu para ter motivos para não querer sair do armário. Cada pessoa tem o seu tempo", explicou o ator.

Ele ainda contou que tenta tratar os haters de maneira carinhosa para que a mensagem de amor e acolhimento chegue aos seus alvos, mas que não tem sangue de barata. "Acho que a única forma de a gente tocar o coração das pessoas é propiciando o diálogo. Se você gritar, as pessoas tendem a fechar o coração e não te ouvir", começa.

"Isso não significa que eu não possa gritar. Quando a pessoa é grosseira comigo, não sou a que vira o rosto para levar o outro tapa. Tendo a responder. Mas se quero propiciar um diálogo e fazer com que as pessoas evoluam, tenho que ter calma e tento falar com humor e ser doce."

Atualmente, o ator está em cartaz com o espetáculo Todo Chapéu me Lembra Você (no Teatro Décio de Almeida Prado, do Centro Cultural da Diversidade, em São Paulo), no qual interpreta um homem que vive literalmente no armário de uma chapelaria há duas décadas, mas precisa sair do esconderijo quando o neto do dono da loja visita o local.

"O Otto é uma grande metáfora de um homem que foi trancado no armário durante 20 anos. Fiquei mais de quarenta! Então está tudo certo (risos)", brincou Carmo. "É um homem que teve que passar por situações muito duras relacionadas ao afeto e à sexualidade em um lugar em que as diferenças não eram aceitas."


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