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SAIA JUSTA

Após defender Marlene Mattos, Rita Batista não se curva: 'Não tenho medo de opinião'

FOTOS: ENGELS MIRANDA/DIVULGAÇÃO

Rita Batista veste uma jaqueta verde militar, usa tranças e batom vermelho; ela encara a câmera, séria

Rita Batista em ensaio de divulgação; ela comenta defesa de Marlene Mattos em entrevista

SABRINA CASTRO

sabrina@noticiasdatv.com

Publicado em 5/10/2024 - 6h10

Apresentadora desde o início da carreira, quando ainda atuava numa TV local de Salvador (BA), Rita Batista nunca teve medo de falar o que pensa. Aliás, apresentar notícias e comentá-las sempre foi parte do seu trabalho. Agora, no ar em rede nacional tanto pelo É de Casa, da Globo, quanto pelo Saia Justa, do GNT, a profissional mantém o DNA opinativo --e não se curva nem quando os comentários dela viram alvo de uma enxurrada de críticas.

Na edição do último dia 18 do Saia Justa, Rita brincou que, em vez de ser uma paquita, preferiria ser Marlene Mattos --diretora de boa parte dos programas da Xuxa Meneghel, acusada de ter atitudes abusivas com a cantora e com as assistentes de palco dela. A frase repercutiu mal, apesar de a baiana ter contextualizado sua fala na mesma hora: ela não exime Marlene da culpa pelo que fez, mas acredita que o comportamento era comum na época.

"Ela tinha que ser daquele jeito, senão seria engolida", disparou a companheira de Eliana Michaelichen, Tati Machado e Bela Gil, na ocasião. Em entrevista ao Notícias da TV, ela justificou o que tinha dito.

"Nos anos 1990, tinham concursos em programas dominicais de grande expressão para crianças dançarem Na Boquinha da Garrafa [música e álbum do grupo Companhia do Pagode]. Essa era a época em que Marlene tinha que tocar o maior produto da televisão brasileira de seu tempo", começa.

"Isso era tolerado. Eu não disse que era certo, mas que era tolerado. Se na sociedade de hoje, uma mulher preta, nordestina, homossexual, precisa engrossar o pescoço para ser ouvida, imagina naquela época, com as demandas que ela tinha? E, obviamente, tudo não se encerrava nela, ela tinha alguém para se reportar. Para dizer: 'Olha os resultados, a audiência, os números, os valores'. A gente não pode responsabilizar uma pessoa por um sistema", defende.

Apesar de retomar o assunto, Rita diz não ter ficado intimidada com os comentários. "Eu não tenho medo da opinião das pessoas. Não tenho medo de dar opinião nem de ouvir opinião. Eu acho que o debate, com respeito --porque o respeito é o balizador de todas as relações--, é bom", arremata.

E eu não fico me preservando, porque as pessoas vão falar de você de qualquer forma. Se você não se compromete ou se você se compromete demais, vão falar, vão xingar. Se você dá uma opinião impopular ou se você se abstém, vão falar. Então, na minha compreensão, a sua persona artística precisa refletir quem você é.

Menos textão, mais diversão

Rita admite, contudo, que os tempos não são positivos para um debate construtivo. Em um mundo onde as pessoas se informam por recortes de internet ou se deixam guiar por informações sem contexto, é "enlouquecedor" trabalhar com informação e com opinião.

Ao mesmo tempo, o público está cansando de lidar com temas mais espinhosos. Um levantamento feito pela equipe do Saia Justa indica que os espectadores do programa desejam um conteúdo mais leve, mais balizado na diversão --e não no "textão".

JULIANA COUTINHO/GNT

Rita Batista integra elenco do Saia Justa

Rita Batista integra elenco do Saia Justa

"As pautas estão sendo minuciosamente pensadas e escolhidas de acordo com o que a audiência quer. A rede social tem sua importância e relevância, mas às vezes não consegue entender que a gente não está trabalhando para bolhas. A maior parte das pessoas quer se divertir; já conhece a militância e, agora, quer ter essa possibilidade de às 22h30 de uma quarta-feira estar vendo essas mulheres conversando sobre temas importantes, que tratam do feminino, mas que também são engraçados e divertidos", afirma.

Os temas que as pessoas estão sentindo saudade virão naturalmente, de acordo com a dinâmica da sociedade e do que está em voga. Televisão é uma matemática complicada, não é fácil, não. Eu estou aqui nessa ponta de aparecer, mas quem faz as contas mesmo, recebe os dados, é uma equipe gigantesca que está muitíssimo ligada com a audiência.

Se agradar ao público do Saia Justa já é difícil, entender o que o espectador do É de Casa deseja é ainda mais complicado. O programa de debate de mulheres num sofá, afinal, é exibido tarde da noite, num canal de TV fechado, o que torna o público bem mais delimitado e fácil de ser analisado. O É de Casa, porém, é transmitido em plena TV aberta, durante cinco horas seguidas, com um público amplo que chega a mudar de perfil no decorrer desse tempo.

"A gente tem de crianças até pessoas mais velhas nos assistindo, e a gente vai trocando o pneu do carro com ele andando. O programa está no ar há nove anos, mas a gente [tanto a jornalista quanto Maria Beltrão, Thiago Oliveira e Talitha Morete] entrou há dois. O programa já passou por várias transformações diante da demanda da audiência, e tem assuntos que não dá para tratar na TV aberta", destaca.

Compromisso com a notícia

Uma das grandes responsabilidades do programa é informar o público entre as chamadas de entretenimento. E essa é uma das especialidades de Rita. Questionada sobre o que a define enquanto profissional, ela acredita ser seu apego ao conteúdo informativo bem apurado e checado.

"Eu sou jornalista de experiência, apesar de ser publicitária por formação. Então, eu nunca perco de vista se aquele dado foi checado, se a informação foi confirmada. Eu acho que tem como fazer entretenimento com seus contornos de responsabilidade, e o meu compromisso é com o que me formou: a notícia", diz.

Para não se perder disso, a comunicadora faz um esforço para não se desassociar da vida das pessoas. Ela lê pesquisas sobre o comportamento dos brasileiros, tenta entender dinâmicas sociais das mais variadas regiões do país e, acima de tudo, tem contato com as classes que assistem à TV aberta.

"Sou eu que respondo o privado de todas as minhas redes sociais. Mas as redes sociais são um recorte, não a totalidade, então não me furto de ir aos lugares fazer as coisas. Porque, às vezes, pela correria do dia a dia, pela posição que você ocupa e até pelo próprio assédio das pessoas, a gente vai deixando de passear na rua, de ouvir as conversas. Eu não faço isso. Claro que as pessoas ficam mais animadinhas quando percebem que sou eu, mas eu tento dizer que a única diferença é que apareço na TV", descreve. 

Rita não se aliena, mas também não se vê na obrigação de comentar tudo o que acontece no país. Ela, aliás, já reclamou das cobranças para falar sobre os casos de racismo. "O que cabe a nós, pessoas pretas, é saber se vamos seguir sendo pautados em qualquer movimento da sociedade, porque não vamos fazer mais nada", começa ela.

"Infelizmente, casos de racismo acontecem o tempo todo. É claro que a gente joga luz nessas questões, que são parte do tecido social brasileiro, mas não tem como ficar voltando a isso o tempo todo, como se não soubéssemos tratar de outro assunto, como se não tivéssemos outros assuntos. Isso eu combato, e todo mundo sabe", finaliza.


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