Após baque na família, Mayana Neiva explode a bolha em novo trabalho

A pandemia fez com que as pessoas redescobrissem a simplicidade da vida ao serem forçadas ao isolamento social. Para Mayana Neiva, o tempo a mais em casa foi de renovação espiritual e de redefinições do que deveria ser essencial em sua vida. Em conversa com Notícias da TV, a atriz de 38 anos afirma que estreitou os laços com as mulheres de sua família após a descoberta de um câncer em sua sobrinha.

Mayana explica como esse mergulho interior a ajudou a criar o podcast Conversas que Curam, que estreia nesta segunda-feira (7) nas plataformas digitais.

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"A sensação que eu tenho é que o mundo não precisa de mais gente com sucesso, mas de pessoas dispostas a curar as relações onde quer que elas estejam. E para curar não precisa ser um médico, pode ser um porteiro, uma cozinheira ou uma professora. Precisamos entender o sentido da vida", diz.

Ela recorda que a disseminação da Covid-19 a deixou muito preocupada com o impacto social e econômico que a doença causava no mundo. A atriz afirma ter sido tomada por uma mistura de sentimentos ao reconhecer o seu privilégio de poder ficar em casa enquanto muitas pessoas não tiveram a mesma oportunidade.

"Foi um certo alívio parar. Mas dois meses depois eu descobri que minha sobrinha estava com leucemia. Ela morava em João Pessoa e veio se tratar em São Paulo. Vivemos uma realidade familiar de um ano e meio de hospital. Foi um grande desafio", recorda.

A doença da sobrinha intensificou os laços da atriz com as mulheres de sua família após ela ter passado oito anos morando fora do Brasil, em Nova York, nos Estados Unidos. "Foi uma experiência de nutrição e de transformação. Nunca tinha convivido tanto com as mulheres da minha família, com a minha mãe e com minhas irmãs. Percebi que havia muita coisa que era supérflua."

A nova realidade fez com que Mayana questionasse o que era realmente essencial na vida. "Passou a fazer muito sentido para mim [esse questionamento], porque foi um momento de reinvenção e renascimento. Comecei a olhar e a identificar qual era a minha história de verdade, como ser humano, antes de ser qualquer coisa. E iniciava pelos afetos, por essa ancestralidade feminina. Criei projetos que nasceram desse mergulho e desse tempo [da pandemia]."

Conversas que Curam

Aos poucos, Mayana iniciou as reflexões pelas redes sociais até o projeto ganhar forma e se transformar no Conversas que Curam, parceria com o Pod360. O podcast terá novos episódios semanalmente, sempre às segundas-feiras, com duração de até 40 minutos e estará disponível no Spotify, Amazon, Google, Deezer e Apple.

"É uma parceria que me proporciona encontros, porque eu acho que a cura existe. Vamos falar de autoconhecimento, do universo feminino, autocuidado e espiritualidade. Para mim, autoconhecimento é uma força da vida como a fé. A cura é uma grande potência da vida", diz a artista.

Entre os convidados estão as atrizes Monica Martelli e Laura Cardoso, o psicólogo Rossandro Klingley, as escritoras Ana Claudia Quintana Arantes e Joice Berth. No programa de estreia, Mayana recebe Lúcia Helena para falar sobre o tema Gestão do Tempo para Priorizar a Essência: o Futuro Começa Agora.

Para cada episódio, Mayana conta que levava cerca de três horas de pesquisa para selecionar os pontos mais interessantes de seus convidados. "Um dos meus prazeres como atriz é mergulhar na vida do outro, que muitas vezes não é a minha, e encontrar aquela verdade. E isso me curou muito. Entrar na narrativa da vida dessas pessoas é um processo de humanização para mim."

Imbuído desse espírito, a atriz diz que chamou Monica Martelli e Laura Cardoso por serem mulheres que representam o empoderamento feminino:

Monica é uma mulher que é sujeito de sua própria história. É ultraempoderada no sentido mais potente da palavra, porque ela assumiu a sua experiência como uma riqueza. Tal qual a Laura, que, para mim, é uma das maiores atrizes do Brasil, um ícone e a pessoa mais forte que eu conheço. Laura é zero frágil. Pelo contrário, é debochada, grandiosa e não tem medo. Ela é livre e isso cura.

Mayana explica que tem aprendido bastante na roteirização dos podcasts e nas conversas com seus convidados. Aliás, um dos desejos da atriz é ter a presença de Lázaro Ramos para falar do masculino. "Ainda não falei com ele. Mas gostaria que ele falasse sobre o masculino, porque ele tem o masculino muito bonito, cheio de coisas a ser dito. [Podcast] Está no começo, mas tive a sorte de trazer algumas pessoas que eu queria."

A cada entrevista, diz a atriz, há uma descoberta diferente na qual as pessoas precisam sair de suas bolhas para se expandirem como ser humano. "Essa viagem de como o outro vê a vida é uma coisa muito poderosa. Gosto de perguntar sobre temas profundos, porque a vida está muito superficial. Não dá para vivê-la em uma foto no Instagram."

Adepta da meditação desde criança e praticante da filosofia budista, Mayana afirma que essas experiências a ajudaram em seu autoconhecimento e na elaboração do Conversas que Curam. "Vim para questionar, para conversar e saber mais, porque eu também preciso dessa cura. Ter uma vida com mais sentido é ter mais presença e mais humanidade para desenvolver qualidades maiores."