MÚSICA
GABRIELA SCHMIDT/DIVULGAÇÃO
Anitta em clipe de Boys Don't Cry, música lançada em todas as plataformas digitais nesta quinta
Com mais de dez anos de carreira, Anitta afirmou que hoje se sente segura e à vontade para assumir em voz alta seu papel como uma das principais artistas brasileiras mais relevantes para a cultura nacional. "Hoje eu tenho [a dimensão da minha importância]. Antes eu não dizia porque achava que povo ia falar: 'Olha, ela se acha'. Cheguei a um pensamento de que se eu não tiver essa consciência e noção e me valorizar, ninguém vai."
"Preciso trabalhar a própria autoestima. Tenho que me valorizar como pessoa, como tudo", complementou Anitta, em entrevista a um grupo de jornalistas nesta sexta-feira (28) e da qual o Notícias da TV participou. Revistas internacionais especializadas na área musical comparam a artista a Chico Buarque, Caetano Veloso e Tom Jobim, que levaram o nome do Brasil ao topo.
A cantora disse ainda que sua carreira internacional está no começo e que os brasileiros precisam ter paciência, porque é um processo que demora. "Não fiquem me pressionando para que as coisas sejam rápidas. E já está muito rápido. Tem gente que mora aqui [nos EUA] e tenta por 10 ou 15 anos até conseguir. E eu já consegui em só um ano."
Há alguns anos, a brasileira de Honório Gurgel, no Rio de Janeiro, começou a investir em sua carreira internacional ao lançar canções em espanhol e em inglês enquanto se dedicava principalmente ao mercado brasileiro. De um ano para cá, a artista mudou seu foco, passou a participar de programas em rádios e de TV americanos, dando o pontapé em seu primeiro álbum internacional, Girl from Rio, sem previsão de lançamento.
Nesta quinta-feira (27), Anitta lançou Boys Don’t Cry, música com referência ao rock, punk e um pouco de pop. Na música, ela desmantela o mito de que homens não choram, ao versar sobre como a independência feminina tira muitos homens de suas zonas de conforto. "Vocês garotos não aguentam / quando as garotas não necessitam do seu amor", diz trecho da canção, em inglês.
A cantora afirmou que a letra surgiu enquanto estava no estúdio e começou a ser incomodada por mensagens de um ex. "Sempre que estou no estúdio eu tento falar de algo que esteja rolando no momento da minha vida, porque vou ter inspiração. E tinha um ex querendo voltar. E quis falar sobre isso. Eles não aguentam quando as mulheres não são dependentes ou quando uma mulher é dona de si e tem muita atitude. Tem homem que não consegue lidar com isso. Eles ficam arrasados."
O estilo musical da nova canção caminhava para uma batida mais eletrônica, o que desagradou a artista. "Falei [com os produtores] que amava a banda Panic! At The Disco e queria fazer uma coisa na vibe deles. Era muito fã e ouvia muito os álbuns e as músicas [do grupo] na adolescência. Mostrei [fotos] da época em que eu era roqueira e as músicas que eu ouvia."
"Sou muito de fazer o que me dá na telha. E se estou no estúdio e me vem uma inspiração como nesse dia, como fazer uma coisa na onda de Panic!. Eu vou e faço. Se outro dia quiser fazer romântico, eu faço… Não existe a era rock de Anitta. Não veio era nenhuma. Veio só o que eu queria fazer neste momento. E eu amei. Tudo que eu faço é de intuição e que me deu vontade. E não que veio a era tal...", comentou a cantora ao refutar que poderia dialogar mais com o rock nesta nova fase.
Na segunda-feira (31), Anitta será um dos convidados do programa The Tonight Show com Jimmy Fallon, popular late show da rede americana de TV NBC. Ela já passou pelo palco da atração duas vezes. A primeira foi em 2017 ao lado de Iggy Azalea; e a mais recente foi em 2020, quando divulgou Me Gusta, diretamente do Rio de Janeiro. "Vou cantar [Boys Don’t Cry] ao vivo com uma banda, sem bailarinos. E terá uma conversa. Muito bafo. Estou ansiosa."
O clipe de Boys Don’t Cry é inspirado em várias produções que a cantora gosta, como Beetlejuice, The Walking Dead e até o clássico Titanic. Anitta também é responsável pela direção audiovisual do clipe, em parceria com o filmmaker Christian Breslauer, que já trabalhou com Lil Nas X, Doja Cat e The Weeknd. "Quando recebi a música na minha voz, eu ouvia e já ia formando o clipe na minha cabeça. Todas as inspirações que eu pego para os meus trabalhos vêm de filmes e séries."
"Não assisto nada de cantores para não ser influenciada. Automaticamente quando vemos algo que gostamos muito, nosso cérebro indiretamente meio que se influencia", afirmou a artista ao elogiar Breslauer por cumprir todos os seus pedidos. "Ele não contestou nada. Ele é maravilhoso. Nunca me senti tão respeitada por alguém no set. Agradeci muito a ele, que teve muita paciência."
Na entrevista com os jornalistas, a cantora reforçou não ser mais responsável por todas as etapas dos processos de seus projetos, marca característica de sua carreira no Brasil. Ela disse que, agora, é a gravadora Warner que toma as decisões, como a data de lançamento do álbum. "Tudo sobre a divulgação está com a gravadora. Se é disco ou EP. Só estou decidindo maquiagem e roupa. Mas essa música [Boys Don't Cry] foi uma luta para convencer que era música. Estou mesmo escolhendo o bofe que vou pegar", disse, aos risos.
A maturidade e a consolidação da carreira no Brasil fez com que Anitta também reavaliasse seu entendimento sobre o que é sucesso. "Antes pensava que sucesso era ter o maior número [vendas, downloads, seguidores etc], ser a maior disso e daquilo... Precisei ser a maior de tudo para chegar a conclusão de que sucesso não é ser maior de nada."
"Sucesso é você estar feliz com as coisas que você está fazendo. Estar feliz em todas as áreas da sua vida. É fazer as coisas com autonomia que você quer fazer e que você sonha. E se quiser jogar tudo para o alto, joga e que se dane. Isso para mim é sucesso. É ser livre para fazer o que você quiser. Sucesso é estar bem e fazendo o que gosta", complementou.
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