MODELOS HUMILHADAS
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Gloria Coelho em entrevista para o canal F*hits no YouTube; estilista acusada de humilhar modelos negras
REDAÇÃO
Publicado em 8/6/2020 - 21h09
Acusada de racismo por modelos e ex-funcionários, a estilista Gloria Coelho, 68 anos, admitiu a falha em seu comportamento em comunicado divulgado nesta segunda-feira (8). "Reconheço que por séculos a moda privilegiou padrões de beleza eurocentristas, e que eu ou pessoas da minha equipe no passado possamos ter compactuados com isso, ou sido interpretados dessa forma. Peço perdão", declarou.
Em uma reportagem especial da revista Veja, Gloria e Reinaldo Lourenço, seu ex-marido, foram acusados de racismo. À publicação, uma ex-funcionária do estilista relatou o que já presenciou de ambos.
"Reinaldo e Gloria humilhavam as modelos que não tivessem cara de rica, sendo imprescindível terem a pele branca. Se as meninas tivessem cabelo enrolado, ele não olhava na cara", disse, sobre a seleção de talentos para a São Paulo Fashion Week.
A ex-assistente delatou que Gloria ainda criticava a prática de cotas para modelos negras em passarelas. Ela teria dito que "a SPFW já teria muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro".
As denúncias foram inicialmente publicadas no perfil Moda Racista no Instagram, que divulga relatos de preconceito no mercado. Em meio aos depoimentos anônimos, uma modelo negra disse ser "tratada como lixo" por Lourenço.
Após a reportagem e acusações nas redes sociais, o estilista foi o primeiro a se manifestar e assumir o comportamento racista. "Eu errei. Tenho consciência de que me faltou empatia e compreensão em relação às modelos negras e aos outros profissionais de moda. Desculpem-me", afirmou à publicação.
Na sequência, Gloria divulgou um comunicado reconhecendo as falhas em seu comportamento e admitiu que vai mudar seu modo de pensar e agir. "Me comprometo a incluir mais modelos afrodescendentes e indígenas nos meus desfiles. Me comprometo a partir de agora. Eu e minha equipe estamos unindo forças para ampliar nosso casting e garantir que todas as meninas tenham experiências positivas em castings e fittings", esclareceu.
Confira o comunicado na íntegra:
"Sinto muitíssimo que qualquer menina tenha se sentido desprivilegiada ou sem acesso às mesmas oportunidades dentro da minha marca e do sistema de moda. Reconheço que por séculos a moda privilegiou padrões de beleza eurocentristas, e que eu ou pessoas da minha equipe no passado possamos ter compactuados com isso, ou sido interpretados dessa forma. Estou aqui me comprometendo a ser melhor, a garantir que minha equipe seja melhor. Está nas nossas mãos desmantelar o racismo sistêmico.
Eu tenho genuína e profunda admiração pela beleza, criatividade e ancestralidade afrodescendentes e indígena. Estou comprometida em ouvir, me educar, educar aos que me rodeiam, e incluir mais criatividade e diversidade em minha marca. Estou ouvindo todas vocês, e quero que tenhamos este canal aberto para fortalecermos essa luta e traçarmos um novo caminho, mais justo e inspirador, para a moda brasileira.
Me comprometo a incluir mais modelos afrodescendente, indígenas nos meus desfiles. Me comprometo a partir de agora. Eu e minha equipe estamos unindo forças para ampliar nosso casting e garantir que todas as meninas tenham experiências positivas em castings e fittings. Me comprometo a incluir meninas pretas em todas as campanhas futuras, e que o Instagram da marca represente igualmente pretas, índias brancas , morenas e orientais.
Estamos também trabalhando para encontrarmos mais candidatos e candidatas afrodescendente para contratações nas áreas criativas, além das outras áreas da empresa. Esse já era um movimento que estávamos fazendo e vamos nos esforçar ainda mais.
Mais uma vez, peço perdão a quem eu magoei".
Confira denúncias de modelos no perfil Moda Racista:
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