Manoel Soares compara perseguição a Davi no BBB 24 com sua saída do Encontro

Demitido do Encontro em junho do ano passado, Manoel Soares afirmou que a perseguição que Davi Brito tem sofrido no BBB 24 é muito similar à situação vivida por ele recentemente. O jornalista não chegou a citar nominalmente a Globo, o matinal que comandava com Patrícia Poeta ou mesmo a ex-colega de elenco, mas deixou a sugestão no ar. "Vocês imaginam do que eu estou falando", provocou.

Soares gravou um vídeo em seu Instagram no qual disse que vários de seus seguidores têm pedido para ele comentar o drama de Davi no reality show, e explicou por que não havia falado nada até o momento --à frente do Encontro, ele discutia diariamente os principais acontecimentos do BBB.

"As minhas redes estão sendo bombardeadas por pessoas querendo que eu fale sobre a situação do Davi no Big Brother. E eu tomei uma decisão, desde o começo do Big Brother, de não falar sobre isso porque, como vocês imaginam, essa situação toda relembra alguns acontecimentos recentes da minha vida, em que eu sofri muito", admitiu ele. "Então, pra minha saúde mental e emocional, eu resolvi ficar na minha."

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"Porém, eu acho que tem algumas questões que precisam ser abordadas porque transcenderam a esfera do programa. Nós estamos falando de um homem, jovem, negro, sofrendo psicologicamente um ataque frontal à sua identidade, no qual ele é condenado por ser quem é", discursou o jornalista.

"Ele não tá sendo condenado pelas atitudes, ele tá sendo condenado pelo que é e está sofrendo porque ele não consegue fugir do que ele é", explicou Soares, que se inseriu no drama na sequência: "Essa é uma dor muito complicada, eu sei exatamente o que é isso, e vocês imaginam do que eu tô falando".

Logo em seguida, o ex-apresentador do Encontro fez uma provocação aos seus 1,2 milhão de seguidores. "O que eu acho que nós temos que ter em mente, acima de tudo, é quantos Davis nós encontramos pelo nosso dia a dia, pelo nosso caminho de existência, e como é que nós reagimos à presença desses Davis em nossa vida."

"Porque é muito fácil se compadecer por esse sofrimento que nós estamos vendo na tela. Mas será que a gente se compadece quando vê essas pessoas sofrendo do nosso lado, no nosso ambiente de trabalho? Vendo pessoas promovendo um processo de agressão? Será que a gente tem essa mesma sensibilidade?", alfinetou o jornalista.

"E eu digo a vocês que o que nós estamos vendo ali, o que está comovendo o Brasil, já foi denunciado por Sueli Carneiro, já foi denunciado por Abdias do Nascimento [1914-2011], já foi denunciado por Oliveira Silveira [1941-2009], já foi denunciado por Lélia Gonzalez [1935-1994]", continuou ele, citando ativistas importantes para o movimento negro brasileiro.

"A única diferença é que dessa vez o Brasil está podendo acompanhar os bastidores, que em outros momentos não conseguiu acompanhar. E através dos bastidores consegue entender como é que você, de maneira subjetiva e midiática, você mata um homem preto, mesmo deixando ele vivo", ironizou Manoel Soares.

"Mas é o que [a escritora] Conceição Evaristo disse: eles combinaram de nos matar, e nós precisamos manter vivo o nosso acordo de não morrer", finalizou o jornalista, que está em Salvador para compromissos carnavalescos.