OPINIÃO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Danrley Ferreira no confinamento: em cima do muro, ele não se queima com seus 950 mil seguidores
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 16/3/2019 - 6h26
Falar que o BBB19 é um marasmo não é mais novidade. Com participantes que se recusam a jogar e não saem de cima do muro, o reality morreu muito antes do fim. A Globo até tentou movimentar o jogo, mas nada deu certo. Faz falta à emissora a percepção de que o R$ 1,5 milhão oferecido ao campeão não é mais o grande prêmio. Sair da disputa sem se queimar com o público pode render muito mais para o cofrinho dos brothers.
Em um momento no qual ter muitos seguidores nas redes sociais virou um ativo profissional, o Big Brother Brasil se tornou uma vitrine para seus confinados. Eles têm cerca de três meses para pagarem de bonzinhos e conquistarem o máximo de curtidas possíveis.
Depois que saírem da casa, se tiverem fãs o suficiente, se depararão com infinitas oportunidades: dá para trabalhar como repórter (da própria Globo ou da RedeTV!), palestrante e até ator de novela, caso de Kaysar Dadour, do BBB18, que estará em Órfãos da Terra. Também é possível seguir carreira de influenciador digital.
Ana Clara Lima, terceira colocada no reality do ano passado, virou exemplo de como uma sister pode usar o programa para alavancar a vida de influencer. Ela soma 8,1 milhões de seguidores e, depois de sair do confinamento, ganhou uma vaga no finado Vídeo Show e, agora, de repórter do BBB. E fatura alto: ela disse já ter recusado propostas de até R$ 100 mil para associar sua imagem a certas marcas.
O Instagram sequer existia em 2011, quando Adriana Sant'anna foi confinada na competição da Globo. Ficou apenas na 12ª posição, mas conseguiu estender seus 15 minutos de fama. Atualmente com 4 milhões de seguidores na rede social, ela cobra R$ 597 por cada ingresso para suas palestras motivacionais. Casada com o também ex-BBB Rodrigo Simoni, mora em uma mansão de R$ 15 milhões.
Os participantes da atual temporada já entraram na casa cientes de que podem ser os próximos grandes influenciadores. Para não perderem essa eventual boquinha, se fazem de tontos, não se comprometem e dão lição de moral. Danrley Ferreira, que tinha apenas 410 seguidores antes de entrar na casa, hoje soma 950 mil, e certamente calcula cada um de seus movimentos no reality de olho no futuro.
O vendedor de picolé faz de tudo para se manter em cima do muro e não perder a imagem de bom-moço: quando se tornou líder pela primeira vez, não quis usar o roupão especial fora do quarto. "Eu acho que [o roupão] representa uma relação de poder e eu não gosto. Eu quero estar ali como todo mundo", discursou.
Com a percepção de que a passagem pelo BBB19 é apenas o começo de uma nova vida, os participantes mudaram sua forma de jogar (ou, nesse caso, de não jogar). Mas a Globo parece ainda não ter percebido isso: a dinâmica do reality show é praticamente a mesma desde 2002, quando o formato chegou ao Brasil.
A temporada 2019 já não tem mais salvação, mas para 2020, quando o BBB chega à marca de 20 edições, talvez seja o caso de a emissora repensar sua estrutura por completo. É necessário pegar de surpresa os participantes, que já acompanham o formato há quase duas décadas e conhecem cada detalhe dele.
O paredão da última terça (12), em que os brothers tiveram de se posicionar e eliminar de fato um dos emparedados, os forçou a pensar rápido e sair da zona de conforto. Uma ideia que poderia ser repetida no ano que vem --e que sempre foi utilizada no Big Brother norte-americano. Os jogos da discórdia das segunda-feira também poderiam trazer consequências reais para os envolvidos: o participante menos querido perderia estalecas ou teria algum obstáculo extra na prova do líder.
Vale tudo para dar uma mexida no BBB. O que não pode é a Globo deixar o programa, carro-chefe de sua programação no primeiro trimestre, morrer porque seus participantes evoluíram em uma velocidade que o formato não soube acompanhar.
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