Renascer ainda tem salvação? Nem com morte de Venâncio novela bate recorde

Renascer exibe nesta terça-feira (23) o seu 80º capítulo, mas ainda está longe de ser o sucesso que a Globo havia imaginado. Nem mesmo a morte trágica de José Venâncio (Rodrigo Simas), um dos momentos mais aguardados da trama, fez a novela das nove bater seu recorde de audiência na segunda (22).

Segundo dados da Kantar Ibope obtidos pelo Notícias da TV com fontes do mercado, o capítulo de Renascer anotou 27,9 pontos na Grande São Paulo. O melhor desempenho até o momento ocorreu na última terça (16), quando  a novela cravou 28 pontos --na ocasião, porém, ela se deu bem porque serviu como "sala de espera" para a final do BBB 24.

Na versão original do folhetim, assinada por Benedito Ruy Barbosa e exibida pela Globo entre março e novembro de 1993, o capítulo que encerrou a jornada de Venâncio (Taumaturgo Ferreira) marcou impressionantes 65 pontos --mais do que o dobro da audiência desta vez.

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Obviamente, ninguém imaginava que o remake repetiria os índices obtidos em 14 de maio de 1993 --65 pontos é uma audiência impossível nos dias de hoje--, mas a expectativa era de que o folhetim pelo menos quebrasse o seu recorde.

A direção até mexeu na edição da trama para que a cena fosse exibida na segunda, dia em que tradicionalmente as novelas têm mais público --pelo planejamento original de Bruno Luperi, a morte deveria ocorrer nesta terça.

O drama de Renascer acendeu dois alertas nos corredores da Globo. O primeiro se refere à duração da novela --depois do sucesso do remake de Pantanal (2022), a emissora confiou no trabalho de adaptação de Luperi para as obras do avô e deu a ele 193 capítulos para desenvolver sua trama.

Ou seja: a história de José Inocêncio (Marcos Palmeira) e Mariana (Theresa Fonseca) ainda tem mais de 110 episódios pela frente. O público já mostrou que não comprou o casal principal e ainda reclama que a trama parece andar em círculos. Sem a forcinha do BBB, Renascer dificilmente melhorará seus índices --pelo contrário, desde o fim do reality, a tendência é de queda.

O segundo problema envolve o futuro da dramaturgia da Globo. O remake de Pantanal deu tão certo que a emissora passou a apostar mais na regravação de sucessos do passado. Mas o fracasso de Elas por Elas (2023) --que teve a pior média da história das novelas das seis-- e o desempenho pouco empolgante de Renascer força a direção a recalcular sua rota.

Com uma nova versão de Vale Tudo (1988) programada para o ano que vem, é necessário que os executivos de alto escalão da emissora reflitam se a novela clássica, considerada uma das melhores da história da TV brasileira, precisa mesmo ter a reputação defenestrada em busca de índices que podem nem vir.