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Um ano após ser exposto por fetiche de cocô, ator prepara 'enterro' de Gustavo Scat

Divulgação/Rodolfo Marga

Fernando Mais posa de costas para um homem encapuzado com uma máscara de porco

Fernando Mais e Gustavo Scat; ator vai colocar seu "avatar" fetichista para descansar

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 14/10/2024 - 6h10

Em julho do ano passado, o ator Fernando Mais teve sua vida particular virada do avesso após ser revelado como o homem por trás do perfil fetichista Gustavo Scat, uma referência na escatologia no Brasil. Depois de sofrer muito hate virtual, mas também de se tornar uma espécie de ouvido amigo para pessoas com outros desejos inusitados, ele se prepara para "enterrar" o personagem e reassumir sua identidade. "Eu me perdi um pouco como Fernando no Gustavo", admite.

"Sinto muito orgulho de ter assumido o Gustavo Scat, mas agora acho que talvez eu tenha assumido um pouco demais. Quero deixar o Gustavo Scat descansar e voltar a ser o Fernando, entende?", justifica Mais, que vai relançar o seu livro, Quero Scat, e fazer duas palestras sobre o assunto antes de colocar o seu alter ego em segundo plano de maneira definitiva.

Em uma conversa exclusiva com o Notícias da TV, o ator fala sobre o turbilhão de emoções que viveu desde que teve seu grande segredo exposto para o mundo inteiro e o apoio que recebeu de pessoas que nem conhecia. Também revela que até celebridades o procuraram para expor fetiches pessoais.

"Teve vocalista de banda famosa, artistas com gosto parecido com o meu, um comediante que me contou que tem fetiche de achar que é extraterrestre e vai transar em outro planeta. O ser humano é curioso", aponta Mais.

Intérprete de Zecão no filme Turma da Mônica: Lições (2021), ele ainda conta que sua carreira virou do avesso ao ser desmascarado como Gustavo Scat. Além de não ter sido convidado para a peça Respeito, que trouxe Isabelle Drummond (Tina), Camila Brandão (Pipa) e Gustavo Merighi (Rolo) de volta aos personagens do longa, ele chegou a perder um comercial para o qual havia sido aprovado apenas 12 horas antes da gravação por causa do fetiche.

Confira a conversa completa com Fernando Mais, o Gustavo Scat:

NOTÍCIAS DA TV - Fernando, quando a gente se falou pela primeira vez, você estava num turbilhão. Era julho do ano passado, a exposição tinha acabado de acontecer. O que mudou na sua vida desde então? Tem alguma coisa do Fernando de antes que se mantém hoje ou você teve que virar do avesso?
FERNANDO MAIS - Faz um ano que eu sou o Willy Wonka brasileiro, né? (risos) Você sabe que eu me perdi um pouco no Fernando? Confesso. Eu voltei a fazer terapia. Naquela época que a gente conversou, julho de 2023, foi quando rolou meu exposed, quando tiraram a minha máscara e ligaram o Fernando Mais a Gustavo Scat. Fernando Mais era uma figura pública como ator, e eu não era muito conhecido, e o Gustavo Scat era mais conhecido do que o Fernando, na verdade, mas era um segredo, né? Eu era a Hannah Montana, digamos assim.

Porque o meu blog sobre o fetiche scat, que é o fetiche por cocô, tinha muitos acessos. Mas era um negócio que nem meus melhores amigos conheciam. E depois que rolou o exposed, nesse um ano, eu acho que eu vivi muito o lance do Gustavo Scat como um tiro no alto. Eu tentei viver essa vida porque me empurraram nela, não sei se foi a melhor escolha. Não sei, nunca vou saber se foi o certo ou errado, mas eu acho que foi um bom caminho.

Eu tinha praticamente dois caminhos, ou negar e sumir, rejeitar isso em que me jogaram, ou fazer piada com a situação e tentar seguir em frente. E eu tomei essa segunda decisão, só que não fiquei rico (risos). Então, meio que eu tenho um orgulho de ter assumido o Gustavo Scat, mas talvez eu assumi demais assim, o meu Instagram virou o assunto, né? E agora eu tô pensando em deixar o Gustavo Scat descansar um pouco e voltar a ser um pouco mais o Fernando, sabe?

Quando você fala em "deixar ele descansar", você vai acabar com o personagem? O Gustavo "morre" e o Fernando reassume? Porque como você falou, o seu Instagram virou do Gustavo Scat, na verdade. Você quer reassumir um pouco o Fernando Mais?
Eu acredito que o Gustavo Scat já "morreu". Eu converso com meu terapeuta, e ele me fala isso. Mas o que é que eu quero dizer com isso? Gustavo Scat e Fernando Mais são a mesma pessoa, poderia ser qualquer outro nome, não muda absolutamente nada, é só o nome que muda. Mas quando a gente fala em Gustavo Scat, a morte é do avatar. Porque antes eu me escondia atrás de um avatar, era um perfil no Twitter em que eu podia falar todas as minhas intimidades, ninguém sabia quem eu era.

E hoje, como esse avatar morreu já, me tiraram esse escudo, me tiraram do armário, digamos assim, tudo o que eu falo, as pessoas me veem como Fernando. Então, às vezes, na minha cabeça, eu ainda acho que eu tô com a máscara, mas na verdade, não. Se eu falo hoje alguma intimidade ou quando eu falo sobre o assunto, as pessoas veem o Fernando, veem a pessoa física, e não mais o avatar, entendeu?

Então, infelizmente ou felizmente, esse avatar já morreu. O que eu pretendo daqui para a frente é continuar a minha vida como era antes, sabe? O Gustavo Scat é só uma vírgula de quem eu sou, é só um gosto que pode chocar muitas pessoas, mas na verdade é muito banal. É um gosto diferente, mas ele é para a minha vida, e era para ser para as pessoas também, algo muito banal. Eu acho que todo mundo tem um gosto, esse é o meu, e tá tudo bem. Com bom senso, consenso e dentro da lei, eu estou tentando ser feliz do jeito que eu sou.

É isso que as pessoas não entendem, né? Você não está fazendo mal para ninguém. Quem faz essa prática com você está consentindo, são duas ou mais pessoas que gostam disso. Não é que você está amarrando uma pessoa e forçando algo...
Total, e você sabe que nesse um ano que passou, aconteceram muitas curiosidades. A primeira delas, que se liga com o que a gente estava falando, muita gente se assumiu para mim, muita gente tirou a máscara de Gustavo Scat comigo. Obviamente, em segredo, mas vocalista de banda famosa, artistas que tinham esse gosto parecido com o meu e eu não imaginava.

Teve um comediante que chegou para mim, eu pensei até que ele estava brincando, mas ele estava falando a verdade. Ele falou: "Cara, você virou o cara do fetiches, né? Eu sou casado e eu tenho fetiche de achar que eu sou um extraterrestre e vou transar em outro planeta. E eu nunca falei isso para minha esposa, eu tenho a maior vergonha disso. E quando você se assumiu, eu achei muito corajoso e venho pensando em falar isso para ela".

Então, é muito engraçado, né? Porque o ser humano é muito curioso. Chegou gente falando para mim que tem fetiche em espirro, em bexiga, em escova de dente, as pessoas têm gostos muito diferentes. Uma amiga minha que trabalha com isso, ela trabalha como dominadora, chegou para mim e falou: "Amigo, você não sabe, hoje um cara me pagou R$ 800 para eu pular em cima do carro novo dele". Esse era o fetiche, não tinha nada sexual, era pular em cima do carro novo dele.

Então, cada um tem as suas origens, cada um tem a sua história, cada um tem o seu gosto. E as pessoas não assumem. E por muito tempo eu achei, como eu sou bissexual, eu vivo muito o Grindr, que é a rede social gay, eu achei que os gays tinham mais fetiches, mas eu converso com algumas amigas e elas falam que não, que são os héteros, só que eles não contam. Muitos héteros traem as esposas para fazer inversão, por exemplo, para a mulher fazer o papel do ativo na relação na hora do sexo.

Esse mundo é um mundo muito curioso, mas as pessoas escondem isso. O meu psicólogo, e vale a pena a curiosidade, é o Marcos Lacerda, um psicólogo famoso. Ele topou ser meu psicólogo por uma condição muito legal: toda semana eu dou uma quentinha para um morador de rua como um valor pra nossa terapia, para eu poder ver o outro lado. E ele fala para mim: "Cara, se existisse uma pílula para as pessoas tomarem e falarem a verdade sobre a vida sexual, a gente mudaria o mundo, porque eu como o psicólogo escuto a verdade, mas as pessoas falam outra coisa".

Fora outras curiosidades, eu fui demitido de alguns lugares que eu trabalhava. Estava e ainda estou procurando emprego, mas isso vai se resolver com o tempo. Tem pessoas que me prometeram coisas e sumiram. Virei uma celebridade, digamos assim, da internet, porque eu vou no mercado e as pessoas me chamam de Gustavo. E isso era muito diferente no início, mas acabei me acostumando, né? E aí pedem para tirar foto por causa de fetiche.

Eu acredito que muita gente não tem o mesmo fetiche que eu, mas se vê ali, sabe? Também se acha diferente em algum aspecto e me vê como uma referência. Existem muitas curiosidades por aí.

Como está a sua carreira de ator, depois da exposição? Você conseguiu pelo menos algum teste? Porque as pessoas olham o seu nome, jogam no Google, já veem Gustavo Scat e pensam: "Pô, não quero me associar a esse cara". Você tinha feito filme, fazia muito comercial... Como você disse, você não era um ator conhecido, mas estava trabalhando sempre.
Para você ter uma ideia, eu fiz teatro pela primeira vez em 2004, então eu estou há 20 anos estudando isso. E eu já fiz mais de 40 comerciais de TV e internet. E quando aconteceu o exposed, minha agência me colocou na geladeira de propósito.

Oito meses depois, me chamaram para um teste. Isso já no pós-pandemia, então, eu fiz um teste presencial. E eu passei. Não vou falar a marca, mas era um comercial de venda de produtos na internet. O que aconteceu? Doze horas antes da gravação, eles me substituíram, o cachê era R$ 7 mil. Minha agência me ligou e falou: "Olha, eles não deram explicações, mas te substituíram". E eu perguntei o porquê. Aí falaram: "Provavelmente, porque procuraram o seu nome no Google e viram o seu caso".

Naquele dia eu bati o martelo: minha vida nunca mais vai ser a mesma, por mais que eu passe por cima do assunto, as pessoas não passam por cima dele. Porque meu nome está ali no Google, então eu vou ter que conviver com isso a vida toda, vou ter que aprender a lidar com isso, né? Vou ter que inovar vou ter que empreender. É difícil de entender que uma marca não se associa a mim por causa de um gosto sexual, chega até a ser bizarro pensar isso, né? Racionalmente falando, mas o mundo é muito hipócrita.

Então aconteceu de eu passar em um teste, e eles me substituírem. E aí não me chamaram mais. Tanto que recentemente a Turma da Mônica fez essa peça teatral, e eu não fui chamado. Todas essas coisas me deixam meio pensativo, me deixam meio mal, mas é aquela coisa de a gente se virar.

Você já pensou em um rebranding, em mudar seu nome artístico, não ser mais o Fernando Mais? Inventar um outro nome?
Totalmente, eu já pensei em mudar até a minha aparência, em mudar meu nome artístico, mas olha como as coisas são curiosas. Pela primeira vez, eu fui chamado, convidado para participar de um filme. Por ser o Gustavo Scat. O filme se chama Privadas de Suas Vidas, do Gustavo Vinagre. Vai ser um filme trash de terror é com privadas assassinas, e ele me chamou como uma homenagem para fazer uma participação especial. E foi a primeira vez que eu fui chamado, falei: "Olha só!".

E talvez venha aí um projeto que mude a minha vida em relação a uma produção audiovisual. Uma produtora entrou em contato comigo para falar sobre a minha história, então quem sabe não vem aí um filme, um documentário ou uma série? Sobre os bastidores, tudo que eu não falo na internet. Isso já é uma realidade, já estou conversando com eles, mas é algo que demora, ainda não posso dar mais informações.

Na primeira vez que a gente conversou, você falou muito sobre as pessoas que procuravam você porque se identificavam, mas também que sofreu muito hate, né? Você teve até aquele momento que você gravou o vídeo chorando, porque não aguentava mais. Com o X fora do ar nesse último mês, você teve um pouco mais de paz, os ataques pararam, ou encontraram outras maneiras de te incomodarem?
A palavra é "férias" (risos). Meu Deus do Céu, foram 40 dias de férias. É impressionante como aquela rede social que eu amo e odeio ao mesmo tempo tem um público muito específico, as pessoas podem ser o que elas quiserem, entre aspas, elas acham que elas podem ser o que elas quiserem.

Eu fiquei um ano fazendo piada sobre o assunto de Gustavo Scat, e isso me ajudou muito sobre os hates, porque lá no início as pessoas falavam 'Nossa, que porra é essa? Que é isso?'. E aí depois de virar o cara odiado e ser o cara engraçado, que foi uma estratégia que eu fiz ali de gestão de crise, as pessoas começaram a gostar de mim, a me defenderem mais. Então funcionou. Eu confesso que eu fiquei meio viciado em autoaceitação, me perdi no personagem, mas funcionou.

Recentemente, dois dias depois do último surto que eu tive, porque eu nunca tinha respondido os hates, aí eu respondi os hates e chorei numa crise de mania que eu tive. Dois dias depois, eu fiz um podcast com o Thiago Santinelli, que ele lançou recentemente. Cara, 98% dos comentários são positivos, e isso é assustador de um jeito bom, eu estou vivendo uma nova fase disso tudo. Uma nova fase sendo Fernando agora, e aí eu fui dar uma curiosidade naquele Bluesky para ver, porque ele era parecido com o Twitter, lá era 98% negativo.

Então, eu acho que é o espaço. Parece que o espaço permite que as pessoas me odeiem. Mas foram férias muito boas mesmo, poder ficar longe disso e ficar mais em contato com a realidade. No mundo real, nunca ninguém me deu hate, nunca ninguém chegou na rua e falou: "Ah, você é o cara que come merda". E eu nem como. Mas nunca ninguém fez isso. A realidade é muito diferente do Twitter, entendeu? Então foi ótimo ficar longe dele. Tomara que essas pausas aconteçam mais vezes, eu acho que ia fazer bem para nós.

Você lançou o livro, eu lembro que foi bem vendido. Agora você está lançando uma edição mais completa, com mais conteúdo, coisas exclusivas. O que você pode contar sobre esse lançamento?
Vou te contar curiosidade, eu li o livro da Bruna Surfistinha faz um mês. Na época, foi um livro muito polêmico, best-seller, que virou filme. E eu falei: "Cara, o meu livro é um absurdo perto do livro da Bruna Surfistinha" (risos).

Porque, contextualizando, o meu livro vem de textos que eu escrevia no meu blog, de 2017 a 2022, então comecei a escrever com 23 anos. E como existia o avatar Gustavo Scat, eu contava tudo e mais um pouco, detalhadamente, da minha vida íntima. Desde a origem dos meus fetiches, como eu me descobri gostando, como foi esse processo de me descobrir, até sobre bissexualidade, como eu me descobri bi, como os meus pais aceitaram isso ou não, eu conto as minhas experiências em formato de contos, e conto detalhes mesmo, porque eu me protegia com esse avatar.

Então eu fui escrevendo isso durante cinco anos, até o blog cair, e eu transformar em livro. Então, hoje, lendo isso aqui, eu fico muito feliz, porque agora ele está sendo relançado numa nova versão, eu vejo que é a história não só do Gustavo Scat, mas da minha vida mesmo, são sete anos, querendo ou não, de 2017 até agora. E eu tenho muito orgulho dele, porque é o único livro do mundo a falar sobre o assunto, e talvez por isso ele seja um dos livros mais polêmicos do mundo. Porque ele é muito íntimo.

E no que diz respeito a tabus, sexo e sexualidade, que isso deveria ser uma normalidade, isso deveria ser banal, as pessoas curiosas e as pessoas que nem têm esse fetiche, elas podem se espelhar em mim e pensar: "Caramba, entendi, ele é um livro sobre aceitação, então eu posso me aceitar também". Fora que é um tema muito curioso, né? Você não vai ver ninguém falando sobre o assunto abertamente. Eu falo porque me jogaram nessa posição.

O livro também tem uma passagem muito legal e muito interessante, eu tinha muito medo de falar pro meu psicólogo sobre os meus fetiches, eu tinha medo de ele falar: "É, você é doente", ou algo do tipo. Então, na época, eu contratei um sexólogo só para eu revelar para ele, e levei um celular gravando para uma consulta. E eu gravei o áudio inteiro. No livro tem isso transcrito, o nosso diálogo de A a Z. E ao contrário do que pensava, ele falou que isso é muito mais comum do que as pessoas imaginam. E ele dá exemplos muito legais, exemplos curiosos sobre Freud, coisas que podem parecer inteligentes, mas são muito curiosas.

Por exemplo, você sabia que a massinha de modelar é feita para substituir as fezes, assim como a chupeta é criada para substituir os seios? Porque as crianças não têm nojo de cocô. E aí, para substituir isso, eles criaram uma massinha de modelar. Tudo isso está no livro. Fora as minhas experiências sexuais, então a parte erótica está toda no livro, e essas curiosidades também.

Eu entrevistei atrizes do fetiche, elas me contam o quanto elas ganham, eu dou dicas para iniciantes. O livro é recheado de curiosidades. E agora, nessa nova versão, eu contratei um ilustrador para o livro, então tem ilustrações originais e coloridas. A gente recheou de easter eggs, de piadas, tanto dessas coisas que aconteceram nesse último ano, coisas que acontecem no próprio livro, tem fotos de uma atriz, Betty Parlour, a mais conhecida no mundo do scat, e ela me cedeu os direitos autorais das fotos e me cedeu uma entrevista.

Então, o livro é uma enciclopédia do cocô (risos), mas é uma enciclopédia muito interessante. É um livro muito polêmico, mas muito interessante. É um mundo muito curioso que existe, e existe muito mais do que as pessoas imaginam. Muita gente veio falar comigo para dizer que gostou muito da primeira edição, que eu salvei a vida delas, que eu ajudei elas a se aceitarem, que elas se viam como muito diferentes, e o livro ajudou. Então eu estou muito feliz de relançar ele agora.

Quer dizer, existem luzes no fim do túnel, apesar de todas as coisas negativas que você enfrentou, tem momentos positivos também. Saiu muita coisa boa dessa exposição que você nem queria, como você disse, te arrancaram do armário. Mas acabou tendo algo positivo no fim das contas.
Muito! Eu vou dar uma palestra em novembro, e eu nunca imaginei lançar um livro ou dar palestra, isso soa tão cult, e eu não sou cult, sou uma pessoa normal. Eu só estou falando de algo que é comum, porque sexo é um assunto comum para todos nós. E nessa palestra, eu vou aproveitar para falar coisas e responder perguntas das pessoas, porque as pessoas são muito curiosas sobre o assunto, e eu amo falar sobre ele, amo meu fetiche.

E eu vou aproveitar para falar coisas e dar nome aos bois, coisas que eu não faço na internet. Então vou aproveitar esse momento que não vai ser gravado e vou ter uma conversa completamente sincera e franca com o público que for. Para a gente talvez "fazer um enterro" do Gustavo Scat. Ou pelo menos deixar ele descansando. Mas vai ser uma festa de relançamento e uma conversa sincera com quem se permitir escutá-la e bater um papo comigo.

O meu fetiche é chocante, assim como se alguém chega e fala para mim: "Eu gosto de comer comida com perfume". Me choca. Quando eu falo do meu fetiche, eu sei que é nojento, eu sei que é diferente. Não é que para mim, eu fale: "Não, é uma coisa que as pessoas deveriam conhecer".

Assim como há pessoas que gostam de dor no prazer, porque existe muito isso, tem até música, Um Tapinha Não Dói, tem filmes como Cinquenta Tons de Cinza [2015]... Dor é algo mais popular na nossa cultura, quando a gente liga a dor ao prazer. Mas dor dói. Dor seria o oposto do prazer. E no meu caso você substitui a dor pelo nojo, que também seria um oposto. Mas é algo a se fazer num contexto sexual, isso é importante dizer, só com alguém que eu sinto atração naquele contexto sexual, naquele momento de intimidade apenas. E é isso, sabe?

Acredito que as pessoas, no fundo, elas sabem, elas só não querem pensar muito. Mas quando a gente olha as pessoas em volta, a gente sabe que nem todo mundo transa igual, as pessoas são diferentes, todas elas, todo mundo. Às vezes a gente para para pensar: "Do que será que o presidente do país gosta? Ou o seu melhor amigo? Ou o seu ídolo?". A gente nunca sabe.

Numa dessas conversas que eu tive, que o cara que falou para mim que tem fetiche em bexiga, eu achei muito curioso, fiquei pensando por quê? Assim como as pessoas devem se perguntar quando pensam no meu fetiche. E eu explico tudo no livro. Mas aí ele me explicou o dele. Sabe aquela sensação de quando você pega uma bexiga e vai estourar? Tem aquela adrenalina de "vai estourar"? Ele gosta dessa sensação. Aí eu falei: "Nossa, eu nunca imaginei um negócio desses, nunca parei para pensar nisso". Então essas explicações e essas origens são muito interessantes. Eu gosto muito do assunto, sabe? Eu acho interessante a gente se conhecer, acho importante a gente se conhecer.

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