OPINIÃO
Reprodução/Instagram
Juliette Freire em foto promocional do single Sai da Frente; não é fácil ser mulher bem-sucedida
Empoderada, brava, sensual, madura e mulher. Foi assim que Juliette Freire se descreveu para Tati Bernardi no podcast Desculpa Alguma Coisa, do UOL, na última quarta-feira (24). Ao abrir o jogo sobre o estado de sua vida amorosa, a campeã do BBB 21 revelou que não encontra homens abertos e espontâneos como ela. "Os caras me respeitam muito. Odeio isso, não se comportem comigo!", reclamou.
O tema levantado pela artista reflete a angústia de muitas mulheres que vivenciam o empoderamento na modernidade. Em tempos de pílulas de machismo e retorno dos homens "alfa", a masculinidade encontra entraves severos quando o assunto é encarar uma mulher de peso como Juliette.
Na entrevista, ela comentou ainda que sempre deu mais em cima dos rapazes, que sempre foi mais atrevida, que gosta de ter a iniciativa e se sente poderosa assim. Ressaltou, porém, que isso de alguma forma afasta os homens.
Assim como Juliette e Tati comentaram no episódio, outras mulheres observam essa constante dificuldade de encontrar pares heterossexuais quando a posição de poder é ocupada pelo sexo feminino.
Nesse sentido, o sistema patriarcal mantém um cenário em que a virilidade dos homens está sempre atrelada a uma parceira passiva e dependente. Isso porque homens que carregam inseguranças narcísicas não estão dispostos a enfrentar uma mulher como Juliette e vão sempre buscar um lugar onde se sentem mais viris e menos ameaçados.
Quando o assunto é sexualidade, o problema fica ainda mais gritante. Quantas mulheres, assim como Juliette, acabam abrindo mão do prazer por estarem com parceiros que não admitem qualquer tipo de manifestação sexual por parte delas? Ou quantas mulheres solteiras, independentes e incrivelmente talentosas estão em busca de um parceiro que simplesmente não tenha medo da sua potência orgástica?
O episódio do podcast trouxe à tona uma discussão que, mais do que atual, se faz urgente e necessária. A liberdade sexual feminina não é a culpada pela repressão da sexualidade dos homens. Ao contrário: falta coragem para mudar padrões e estruturas de poder em nome de relações mais saudáveis e menos controladoras.
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