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DE REVIRAR OS OLHOS

Terra e Paixão estimula rivalidade feminina e golpe da barriga: 'Agarra seu homem'

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Agatha Moreira (de costas) conversa com Gloria Pires, que faz careta, em cena de Terra e Paixão

Graça (Agatha Moreira) e Irene (Gloria Pires) em cena de Terra e Paixão que chutou feminismo para longe

FERNANDA CASSIM

fer_trc_@hotmail.com

Publicado em 12/5/2023 - 11h29

Na quinta-feira (11), uma cena de Terra e Paixão revirou os olhos das feministas de plantão. No intuito de defender o patrimônio do marido e assegurar o casamento entre Daniel (Johnny Massaro) e Graça (Agatha Moreira), Irene (Gloria Pires) deu a entender que, para não perder o namorado, a moça deveria engravidar, já que o jovem havia demonstrado algum interesse por Aline (Barbara Reis).

A intenção do autor Walcyr Carrasco ao esboçar uma família tradicionalmente burguesa está indo de vento em popa. Irene é aquela personagem já conhecida no imaginário coletivo, da mulher que vive maquinando como manter a fortuna familiar custe o que custar.

Seu marido, o fazendeiro Antônio La Selva (Tony Ramos), se alterna entre discursos de "cidadão de bem" e ameaças aos filhos e a todos que contradigam seus interesses. Graça, nesse contexto, é a jovenzinha burguesa que namora o filho insosso do ricaço, extremamente insegura e desprovida de muita sagacidade --portanto, peça perfeita para as manobras dos La Selva.

O fato é que a figura de Aline, interpretada por Barbara Reis, entra na história como uma peça que desestrutura a narrativa pronta. Uma mulher empoderada é capaz de destruir todo um império?

Na briga pelo poder, a competição estimulada por Irene é uma velha conhecida do universo feminino. É colocando mulheres em disputa que o sistema patriarcal encontra liberdade para reproduzir a liderança dos homens. Trocando em miúdos: enquanto as mulheres brigam, eles continuam sustentando seus lugares de privilégio.

É claro que a sororidade tem encontrado seu lugar, e as novas gerações parecem já vir vacinadas contra isso. Até Valesca Popozuda trocou a letra do sucesso Beijinho no Ombro, selando a paz entre as mulheres, mas parece que a trama de Terra e Paixão insiste em escrachar velhos comportamentos. 

Fora isso, a história da gravidez "para segurar homem" faz confundir a novela das nove com o Vale a Pena Ver de Novo, já que ficou parecendo mesmo uma cena de folhetim antigo.

Inclusive, Walcyr Carrasco deu o mesmo destino para Tônia (Patrícia Elizardo) reconquistar o ex-marido Bruno (Caio Paduan) em O Outro Lado do Paraíso, lá em 2018. Repetindo receitas que não cabem mais, a Globo vai gerando um misto de angústia e desprezo na telespectadora mais antenada.

Quanto a Terra e Paixão, resta torcer para que Graça chacoalhe o papel de agro Barbie e represente minimamente a inteligência feminina, não se rendendo ao clichê direcionado a ela.


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