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SOFRIMENTO DE REBECA

Como em Cara e Coragem: Depressão pós-parto pode afetar vínculo com bebê

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Mariana Santos com expressão triste em cena como Rebeca da novela Cara e Coragem

Rebeca (Mariana Santos) teve depressão pós-parto e não recebeu apoio na novela Cara e Coragem

DÉBORA LIMA

debora@noticiasdatv.com

Publicado em 14/7/2022 - 6h25

Rebeca (Mariana Santos) já deu indícios para Moa (Marcelo Serrado) de que sofreu com a depressão pós-parto em Cara e Coragem. Apesar de não citar o nome da doença diretamente, a mãe de Chiquinho (Guilherme Tavares) relatou sintomas como angústia e rejeição ao bebê na novela das sete da Globo. Essa condição pode afetar 10% a 20% das mulheres.

"A depressão pós-parto pode interferir na qualidade do vínculo e na capacidade de a mulher cuidar do recém-nascido. Ela pode, em consequência da doença, ser negligente às necessidades básicas do bebê e às suas próprias", explica a psicóloga Luciana Lima.

"O parto mobiliza muitos conteúdos internos na mulher e no homem também. Sim, os pais também podem sofrer de depressão logo após o nascimento dos filhos. É importante um acompanhamento de caso, para que o tratamento seja feito rapidamente e de forma adequada. Na depressão, a mulher tem dificuldade de se vincular com o bebê. A depressão da mãe pode impactar no desenvolvimento emocional e cognitivo da criança", alerta a profissional.

Na novela de Claudia Souto, Rebeca sofreu tanto com a situação que acabou abandonando o bebê. Arrependida, ela voltou após anos e tem tentado se reconectar com Chiquinho --mas as brigas com o ex-marido atrapalham a relação mãe e filho.

"Você não entendeu na época e continua sem entender o que aconteceu. Eu estava mal, e você querendo cobrar coisas que eu não estava sentindo. Eu senti um vazio enorme dentro de mim, uma angústia que me cortava. E você querendo de mim a mesma euforia que você estava sentindo de ser pai. Eu precisava de ajuda e você não me ouvia", já desabafou a loira em uma discussão com o dublê.

"Você é o único culpado de eu ter ido embora. Você só queria saber de você mesmo. Você tava preocupado em deixar o bebê comigo para trabalhar. Eu não conseguia nem ouvir o choro, sentir o cheiro", relembrou a mulher. "A gente já teve essa discussão. Eu entendo que você rejeitou o bebê por uma coisa hormonal. Agora eu consigo entender", rebateu Moa.

Sem a compreensão do marido, Rebeca encontrou amparo em Danilo (Ricardo Pereira). "Nessa situação, a rede de apoio é fundamental para assegurar que as necessidades do recém-nascido sejam atendidas e para dar apoio para que a mulher possa cuidar e tratar de sua saúde mental", ressalta Luciana.

Quais os sintomas da depressão pós-parto?

A psicóloga afirma que é fundamental uma intervenção rápida caso a mulher reconheça os sintomas da depressão após o parto e até mesmo durante a gestação. "Existe um limiar importante entre a tristeza comum sentida durante o processo de travessia entre deixar de ser apenas uma mulher e tornar-se mãe e a depressão que pode ser emocionalmente avassaladora, comprometer o vínculo com o bebê e repercutir no seu processo de amadurecimento", explica ela.

"Alterações emocionais são esperadas e fazem parte do processo de adaptação da nova vida. A mãe que sofre de depressão não é pior, é uma mãe que precisa de mais apoio, mais cuidado e mais ajuda", completa a profissional.

Confira os principais sintomas:

  • Humor deprimido ou mudanças de humor severa.
  • Choro excessivo.
  • Dificuldade de desenvolver uma ligação amorosa com o bebê.
  • Afastamento da família e dos amigos.
  • Alterações no apetite: falta de apetite ou comer muito mais do que o habitual.
  • Incapacidade de dormir (insônia) ou dormir demais (hipersonia).
  • Fadiga abrupta ou perda de energia.
  • Redução do interesse e prazer nas atividades que a mãe costuma realizar.
  • Intensa irritabilidade e raiva.
  • Medo frequente de a mulher não ser uma boa mãe.
  • Sentimentos de inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação.
  • Diminuição da capacidade de pensar com clareza, concentrar-se ou tomar decisões.
  • Ansiedade grave e ataques de pânico.
  • Pensamentos relacionados a prejudicar a si mesma ou ao bebê.
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

"Um diagnóstico não deve ser validado a partir de um único sintoma ou a partir de uma única predisposição. Os fatores citados devem servir como um termômetro de alerta, para perceber rapidamente se está passando pela doença ou se tem chances de vivê-la em seu puerpério", diz Luciana.

Tratamento da depressão pós-parto

A psicóloga aconselha que a mulher procure ajuda de um médico psiquiatra e um psicoterapeuta o mais rápido possível. "A psicoterapia é o tratamento mais adequado e pode ser necessário o controle de sintomas através do acompanhamento psiquiátrico dependendo da gravidade. Quanto antes a mulher procurar ajuda, melhor. As pessoas em torno da mulher devem ficar atentas aos sintomas e oferecer ajuda", arremata ela.


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