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SAÚDE MENTAL

Ataques a Giulia Be: Psicóloga fala sobre as consequências do linchamento virtual

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Giulia Be com o microfone na mão

Giulia Be foi ao Encontro com Fátima Bernardes na quarta (23) e recebeu muitas críticas na web

ISABEL MELLO

isabel@noticiasdatv.com

Publicado em 26/6/2021 - 6h25

Na última quarta-feira (23), a cantora Giulia Be, de 21 anos, entrou para os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter. Enquanto ela se apresentava no Encontro com Fátima Bernardes, internautas julgaram a sua roupa e espalharam mensagens de ódio sobre sua voz. A jovem apareceu muito abalada nas redes sociais e pediu: "Me deixem em paz".

Segundo Giulianna Barros, psicóloga e especialista em saúde pela Universidade Federal de São Paulo, ataques em massa podem acabar com a carreira de quem depende da imagem para trabalhar. "A pessoa que recebe essa crítica começa a duvidar do próprio talento, o que, além de fortalecer a insegurança, faz com que ela tente evitar passar por situações semelhantes".

Naturalizar o erro

Pelo Instagram, a artista contou que já estava com muita ansiedade antes de entrar no programa. "Sou uma pessoa extremamente perfeccionista, gosto de ensaiar, de ter as coisas certas, mas eu sabia que as coisas não iam dar certo", relatou.

A psicóloga explica que indivíduos que dão muito valor à perfeição sofrem ainda mais quando são julgados na internet: "Eles já pensam que não podem errar, e o linchamento só reforça essa ideia". Além da opinião pública, o alto padrão estabelecido na busca de ser o melhor também causa essa ansiedade. "Só gera frustração", opina Giulianna.

A autocobrança ficou evidente quando Giulia Be tentou se explicar para os seguidores. Em meio a lágrimas, expôs que muitas vezes não acorda bem, mas tem de ir trabalhar como qualquer um. "Eu só queria pedir desculpas para os meus fãs e para as pessoas que me acompanham", completou.

Máquina de ofensas

Após a apresentação no programa da Globo, a cantora entrou para o time de celebridades que precisa lidar com ataques de ódio nas redes sociais. As críticas apontavam desde a dicção da artista até a roupa que ela escolheu para estar ao lado de Fátima Bernardes.

A especialista em saúde reforça a ideia de que a coragem de humilhar outras pessoas online vem justamente de não haver a mesma consequência de fazê-lo face a face:

Quando fazemos uma crítica a um amigo, por exemplo, temos uma abordagem mais educacional, a fim de evitar um desconforto. Mas na internet, não há esse medo, porque a consequência não existe, e a pessoa se esconde atrás de um perfil que muitas vezes é fake.

Mas essas ofensas dizem mais sobre o agredido ou o agressor? Segundo Giulianna, "pessoas que fazem isso precisam de ajuda". A psicóloga expõe que problemas de autoestima interferem tanto na maneira como o indivíduo se enxerga quanto no modo como ele vê o outro.

Como lidar

No dia seguinte à apresentação, Giulia Be voltou ao Instagram e afirmou ter procurado "ressignificar" toda a situação. No entanto, a psicóloga faz um alerta: "Muitas vezes essas pessoas começam a ter crises de ansiedade, ataques de pânico, dificuldade para dormir e relaxar".

A receita para lidar com esse ônus da fama é trabalhar o fortalecimento do amor próprio. "Dentro da autoestima existe um pilar que se chama autoconceito, que se refere ao que nós pensamos sobre nós mesmos. Quando a pessoa não sabe bem quem é, ela fica muito vulnerável à avaliação do outro", argumenta a especialista. "Não temos controle sobre o comportamento do outro, mas nos fortalecer sempre ajuda", conclui.


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