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MACHISMO

Jornalistas discutem ao vivo na GloboNews por lugar de fala: 'Você é mulher?'

REPRODUÇÃO/GLOBONEWS

Sandra Coutinho e Demétrio Magnoli em participações que fizeram no Em Pauta, na GloboNews, na sexta (1º)

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FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 2/11/2024 - 7h59

Os jornalistas e comentaristas políticos Sandra Coutinho e Demétrio Magnoli protagonizaram uma discussão ao vivo na edição de sexta (1º) do programa Em Pauta, da GloboNews. O assunto comentado era a eleição presidencial dos Estados Unidos. Sandra disse que, para mulheres, as conquistas profissionais são mais difíceis e que, como mulher, tem lugar de fala para abordar esta questão. Magnoli a interrompeu diversas vezes e afirmou também ter lugar de fala sobre isso. Sandra o ironizou: "Como mulher? Você é mulher?".

No programa da GloboNews, os jornalistas falavam sobre a dificuldade da candidata Kamala Harris de conseguir votos de homens negros. Sandra Coutinho apontou que muitos homens não votam em Kamala pelo fato de ela ser mulher. Demétrio, por outro lado, acredita que esta parcela do eleitorado tem preferido votar em Donald Trump por insatisfação com a situação econômica do país.

A correspondente da Globo em Nova York discordou e ressaltou a existência de machismo na sociedade norte-americana. "As pessoas têm vergonha de dizer que são misóginas. Eu acompanhei várias pessoas falando [nos estados] na Geórgia, na Carolina do Norte, que não querem uma mulher na Presidência. Desculpa, eu sei que pauta identitária ninguém mais tem paciência, mas quem tem lugar de fala sou eu. O caminho para as mulheres é mais difícil", declarou Sandra.

Neste ponto, Demétrio Magnoli se revoltou. Ele levantou os dois dedos indicadores e falou: "Não, não, eu também tenho lugar de fala. Não! Eu tenho lugar de fala também porque sou um analista político". Sandra, então, debochou: "Como mulher? Você é mulher?".

O jornalista insistiu em seu direito de opinar como especialista, e Sandra continuou defendendo seu ponto: "Eu sei, meu amor, acontece que a misoginia é uma coisa real".

Os dois passaram a falar ao mesmo tempo, e a correspondente acusou o colega de praticar mansplaining --quando um homem interrompe a fala de uma mulher para dizer algo que ela já sabe ou tentar provar que sabe mais do que ela sobre determinada questão. "Você está mansplaining para mim, né? Algo que estou tentando dizer como mulher. Curioso, né?", disse Sandra.

"Você está proibindo que eu exerça a minha profissão", se defenteu Magnoli. "Não, de jeito nenhum. O que eu estou querendo dizer é que a minha experiência de vida me mostra que é mais difícil a gente conseguir o que quer que seja pelo fato de ser mulher. Você está me interrompendo, está fazendo uma coisa feia chamada mansplaining. Deixa eu terminar de falar", explicou a jornalista.

Magnoli deu risada, e Sandra não gostou. "Eu acho, inclusive, que é feio você rir debochadamente. Eu não faço isso com você, Demétrio, tenho respeito pela sua opinião. Eu fiz uma brincadeira sobre o lugar de fala. Eu acho importante a gente entender que não se trata de mimimi. Muita gente fala que é questão econômica [a rejeição a Kamala Harris], mas também conta a questão de ela ser mulher", reiterou ela.

O comentarista político tentou falar novamente, mas o microfone dele estava mutado. O âncora Marcelo Cosme pediu que ele tivesse paciência para falar depois.

Sete minutos mais tarde, Magnoli emitiu sua opinião novamente: "Eu nunca disse que a questão feminina está resolvida, mas eu constataria que Hillary Clinton teve três milhões a mais de votos do que Donald Trump [na eleição de 2016]. (...) Quando homens brancos de classe média baixa dizem que votarão em Trump devido à economia, ninguém diz para eles 'vocês são machistas'. Mas estão dizendo isso para os homens negros, em vez de aceitar o que eles dizem nas pesquisas sobre a sua motivação de voto", falou.

A jornalista Eliane Cantanhêde, que também participou do Em Pauta, apoiou Sandra Coutinho. "Queria, como mulher, como jornalista, como analista política de muitos anos, concordar com a Sandra, porque a realidade é gritante, né, gente? Sim, nós, mulheres, temos muito mais dificuldade de afirmação. E, toda vez que querem atacar a gente, atacam na credibilidade. A gente sempre é loira burra, a que não sabe nada, que não tem capacidade de liderar o país. Por que o [Joe] Biden tem, o [Barack] Obama tem, o Trump teria –que eu acho que ele nem tem– e a Kamala, não?", questionou.

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