RAIRA MACHADO
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
A atriz Raira Machado nos bastidores das gravações da série nacional Estranho Amor
A série nacional Estranho Amor coloca o dedo na ferida ao retratar, a cada episódio, histórias baseadas em casos reais de violência doméstica. Para a atriz Raira Machado, porém, a produção trouxe um outro nível de provocação: o mundo podre de alguns influenciadores digitais que influenciam seus seguidores mas, muitas vezes, não agregam nada positivo.
Raira interpreta Branca Lemos, uma influencer que tem um canal de notícias que fala justamente sobre a violência contra a mulher. Só que a personagem tem uma relação com o poder que desafia os limites da ética. "Ela é um sintoma do nosso tempo, se perde um pouco no contorno do que ela representa", define a atriz em conversa com o Notícias da TV.
"A gente fala um pouco sobre como a presença do influenciador pode transformar desde o macro, toda a sociedade, até o micro, na história da Vânia [a delegada da mulher vivida por Juliana Knust]. E eu acho que a Branca se perdeu um pouco, porque lida com essa pressão de ser estimulada a mostrar o tempo todo quem ela é, porque é assim que tem ser e pronto!", filosofa.
Estranho Amor aborda histórias muito difíceis, com cenas pesadas de violência. Raira não chegou a gravar sequências intensas --pois, segundo ela, Branca "é a única personagem que não tem a energia de vítima, só é vítima de si mesma, acaba se perdendo no próprio poder".
Ainda assim, a atriz sentiu a energia pesada durante as gravações. "Eu não acredito em levar a personagem para casa, mas é difícil não se deixar atravessar pelo tema que a série está tratando. A gente ficava o tempo inteiro vivendo e se questionando, porque é bizarro pensar que aquelas histórias são reais. Não tem como não questionar o comportamento do agressor", justifica.
Natural de Ilhéus (BA), Raira Machado se mudou aos 17 anos para o Rio de Janeiro com o intuito de investir na carreira artística --na época, seria muito difícil ter uma carreira fora do eixo Rio-São Paulo. Hoje, ela vê uma evolução no mercado, embora acredite que há um longo caminho pela frente.
"Está melhorando, existe um debate aberto, e hoje eu sinto que sou mais valorizada como uma artista nordestina do que quando cheguei no Rio. Na época, tive até que neutralizar meu sotaque, porque disseram que eu nunca ia conseguir trabalho, sugeriram até que eu evitasse falar que era nordestina, senão já caía numa caixinha. Tive que tratar isso na terapia depois (risos)", diz.
Além de atuar, Raira também é roteirista e escritora. Ela acredita que, para viver de arte no Brasil, é preciso atuar no máximo de posições possíveis. "Sou formada em Dramaturgia, sempre fui plural e tive interesse em experimentar e pesquisar o que não fosse tradicional. Como eu vim do teatro, tive que aprender a fazer de tudo, porque lá você escreve, dirige, levanta verba, produz, monta até cenário e posiciona a luz, se precisar (risos)."
O quinto --e último-- episódio de Estranho Amor vai ao ar nesta quinta (7), às 22h55, no canal AXN. A série também entrará na programação da Record, mas ainda não há previsão de estreia na TV aberta.
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