Juliana Knust sofre de verdade em série sobre violência doméstica: 'Drama forte'

Depois de quase 30 anos de carreira, Juliana Knust aprendeu a não levar os dramas de suas personagens para casa. Mesmo assim, ela sofreu de verdade durante as gravações da série Estranho Amor, exibida pelo canal AXN. Na pele da delegada Vânia, que cuida de vários casos de violência doméstica, a atriz encarou situações intensas e muito difíceis --ela caía no choro assim que o diretor-geral Ajax Camacho encerrava cada cena.

"Se eu estou emocionada em uma cena, mexida com tudo aquilo, na hora do 'corta' eu choro mais ainda. Porque o nosso corpo e as nossas células não conseguem entender que aquilo não está acontecendo de verdade, que é só uma atuação. A partir do momento que você acessa um sentimento, seu corpo todo está naquilo, não sabe que não é real. O 'corta' é a hora de colocar tudo para fora", explica Juliana em entrevista exclusiva ao Notícias da TV.

Tanto tempo na profissão, porém, deu à atriz a maturidade para saber a melhor maneira de lidar com essa turbilhão de emoções. "Eu aprendi a sair do set e ir para a minha casa zerada. Antigamente, eu levava muita coisa para a minha vida, era confuso para mim", admite. "Mas você vai aprendendo técnicas para se distanciar, para não se ferir, não ficar doente... Porque tem coisas que você interpreta que realmente podem te deixar doente!"

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Ela entrega à reportagem alguns dos métodos que desenvolveu para se libertar da energia negativa quando deixa o estúdio. "Fico respirando, meditando, tomando um banho para lavar tudo aquilo. E às vezes vou para o bar com a galera tomar uma também (risos). Um chopinho, no calor do Rio de Janeiro? Nada melhor para dar aquela aliviada", conta.

Vânia, a personagem de Juliana Knust em Estranho Amor, é uma delegada que assume a Delegacia de Defesa da Mulher e se depara com policiais acomodados e pouco dispostos a resolver os casos de violência doméstica que surgem por lá. Mas a protagonista tem uma motivação pessoal: ela já viveu um relacionamento abusivo e agora quer ajudar outras vítimas.

O tema também é importante para a intérprete. "A gente precisa falar sobre violência doméstica, porque os casos têm aumentado muito desde a pandemia. Através da série, a gente faz um questionamento, um alerta de que a violência tem várias formas: pode ser física, psicológica, patrimonial... Acho que a gente dá voz a essas mulheres que são silenciadas também", aponta.

Imagine um casal que vive isso e assiste ao episódio junto? Vai trazer um desconforto mesmo, um pensamento... Porque o abuso começa pequeno, né? É um ciúme bobo, uma reclamação sobre aquela roupa mais justa, sobre aquela saída com amigas que ele não gosta, não acha legal... 

Para Juliana, Estranho Amor tem uma função social que é intrínseca à arte. "O nosso papel é levar informação e trazer questionamentos para as pessoas. Que elas vejam a série e possam conversar mais, porque às vezes a própria mulher não percebe o que está vivendo, a família não entende o que está acontecendo. Se alguém assistir e pensar 'opa, isso aqui eu já vivi', acho que nós estaremos cumprindo a nossa missão."

Os casos retratados na série são baseados em fatos, o que tornou tudo ainda mais intenso para a protagonista. "São chocantes, né? Tem uns casos inacreditáveis. Mas, para mim, o segundo episódio foi o mais difícil, porque tive cenas complicadas, no lugar de vítima, é barra-pesada. Viver na pele o que a personagem estava vivendo foi puxado para mim", confessa.

No capítulo em questão, Vânia é sequestrada pelo personagem interpretado por Emilio Orciollo Netto. "Ele me dá uma coisa para desmaiar, me prende, é extremamente violento. Foram cenas vem difíceis de vivenciar. Mas todos os casos têm um drama muito forte", ressalta Juliana. 

O segundo episódio de Estranho Amor vai ao ar nesta quinta (17), às 22h55, no canal AXN. Um novo capítulo é exibido toda semana, no mesmo horário. A série também entrará na programação da Record, mas ainda não há previsão de estreia na TV aberta.