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Tragédia no São Francisco

Análise: Sem Domingos Montagner, Velho Chico perde a razão de existir

Divulgação/TV Globo

Domingos Montagner e Camila Pitanga em cena de Velho Chico com o São Francisco ao fundo - Divulgação/TV Globo

Domingos Montagner e Camila Pitanga em cena de Velho Chico com o São Francisco ao fundo

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 15/9/2016 - 20h50

A notícia da morte de Domingos Montagner, o protagonista de Velho Chico, pegou todos de surpresa. Em um de seus melhores trabalhos na televisão, o ator encerrou uma carreira curta, porém exitosa no veículo. 

Antes de fazer novelas, Montagner participou de séries como Força Tarefa (2010) e A Cura (2011), porém com personagens menores. Tão logo surgiu em seu primeiro papel de destaque, Capitão Herculano, de Cordel Encantado (2011), Montagner foi alçado ao posto de galã.

Preenchia com maestria uma lacuna no banco de elenco da emissora: a idade na faixa dos 40, 50 anos, o porte físico, a beleza e, sobretudo, o talento necessário para protagonizar novelas. Montagner trouxe do teatro e do circo o frescor que tanto falta à televisão. Era uma joia rara que o veículo demorou para encontrar, mas não perdeu tempo na hora de lapidar.

Logo ganhou uma nova chance no vídeo. Em 2012, protagonizou a minissérie O Brado Retumbante, na pele do deputado Paulo Ventura, que se via de repente presidente do Brasil. Montagner estava em mais uma atuação marcada pela limpeza interpretativa, sem exageros, precisa.

Tais características foram mantidas em seus trabalhos seguintes. Em Salve Jorge (2012), em um papel coadjuvante, fazia parte do núcleo turco da trama que sofreu rejeição e, por isso, Zyah não teve tanto destaque. Mas no ano seguinte voltou ao posto de protagonista em Joia Rara. Interpretou Raimundo, o galã maduro da história.

Em 2015, Montagner viveu um de seus principais papéis nas telenovelas. O protagonista Miguel era um homem introspectivo que troca o amor de Ligia (Debora Bloch) pela solidão dos mares. Era exatamente em torno dele que a história girava: doador de sêmen, Miguel era pai de seis filhos que se encontravam no decorrer do folhetim, um dos melhores dos últimos tempos. Mais uma vez, não decepcionou. Cativou o público e foi um dos pontos de destaque do sucesso de Sete Vidas.

Com a carreira consolidada, não demorou para que o assédio para o principal horário de novelas da Globo começasse a surgir. Inicialmente cotado para viver o vilão de A Lei do Amor, a próxima história da faixa, Montagner foi deslocado para Velho Chico quando a novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari foi adiada.

Imediatamente, Montagner foi escalado para o principal papel da história de Benedito Ruy Barbosa. Como Santo, vivia seu melhor momento na carreira: bem dirigida, sua interpretação estava irretocável. O nordestino era a alma da novela, que perde completamente o sentido com a morte do ator. Santo não era estereotipado, chato, absolutamente não tinha nenhuma característica negativa. Pelo contrário, o público torcia para que seu romance com Maria Tereza (Camila Pitanga) desse certo.

A estupidez da morte de Domingos Montagner abrevia uma carreira no auge e que tinha tudo para seguir em crescimento. As artes brasileiras perdem, sem dúvida alguma, um magnífico ator. Velho Chico, a razão de ser.


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